– TORÇA, TORÇA, TORÇA

Uma das primeiras imagens que me lembro em um campo de futebol, era uma bandinha tocando ininterruptamente durante nossas partidas no Maracanã, com uma faixa presa na grade à frente dizendo: “COM O FLAMENGO NAS VITÓRIAS E NAS DERROTAS”. Pronto!

Não foi necessário que meu pai explicasse àquele seu futuro fiel parceiro de arquibancadas, com menos da metade de sua altura, seu verdadeiro papel. Estava escrito ali, ele já sabia ler e entendeu o recado. Independentemente do resultado, sua função era torcer. E é assim até hoje.

Gostar ou não de um treinador, de um jogador, de uma forma do time jogar, é absolutamente normal e faz parte do nosso repertório. Cada um de nós pensa de uma forma e temos obrigação de respeitar visões diferentes.
Tenho a minha e acredito que o mau momento do Flamengo esteja MUITO MAIS relacionado a frequentes falhas individuais do que ao sistema de jogo ou escalação utilizados. São falhas que acontecem em todos os nossos setores e até com participação de jogadores fundamentais. Algo que a simples substituição de treinador não vai resolver.

Entendo perfeitamente o descontentamento de muitos com nosso mau momento, mas discordo frontalmente da divisão de responsabilidades que vem sendo feita por muita gente. A responsabilidade, no meu entender, está MUITO distante de ser apenas do ex-treinador, ou de algum jogador em especial. Ela é de TODOS os setores do clube.

Temos um elenco com apenas 5 zagueiros. Um irresponsável, um inexperiente, um superestimado, um dodói recorrente e um senhor de idade. No gol, até semana passada (e para o restante da Copa do Brasil), novamente, as opções são um superestimado e um inexperiente.

E isso não é culpa do treinador e nem dos próprios jogadores em questão. Se fazem parte do elenco, na falta de opções, serão ELES que precisarão entrar. Os responsáveis pela montagem do elenco, com todos os méritos que possuem na chegada de reforços de peso, falharam FEIO na divisão de prioridades.
A solução seria o nosso milionário, super qualificado, selecionável e invejável, setor de ataque, compensar essa deficiência defensiva. Só que, apesar das INÚMERAS chances que costumam aparecer, não é o que tem acontecido.

LONGE de mim querer responsabilizar nosso principal jogador, pelos maus resultados e posição na tabela. Diego é meu ídolo, pela sua postura, comprometimento, dedicação, profissionalismo e liderança. Há MUITOS anos não temos um jogador que seja um exemplo, em TODOS os sentidos, como ele é. Mas nem TODA essa admiração me impede de colocar em sua conta quatro pontos a menos na tabela, pelos erros contra Palmeiras e Curintia.

E aí, cabe perguntar: Se tivéssemos vencido essas duas partidas, apenas essas, haveria toda essa pressão pela troca de treinador, até o jogo fatídico contra o Vitória???
Se tivéssemos tirado a invencibilidade do líder (na casa deles) e derrotado nosso adversário mais qualificado, haveria a mesma insatisfação com o Zé Ricardo??? Confesso que tenho SÉRIAS dúvidas.

Zé Ricardo é sério, digno, competente, estudioso e com uma enorme personalidade. Nunca o vi reclamar das seguidas viagens, arbitragens, jogador, campo, falta de tempo para treinar etc. Seu trabalho (especialmente no ano passado) foi muito além das expectativas e ele vai merecer sempre minha admiração e respeito, além da torcida pelo sucesso em sua carreira.

Importante frisar, que toda essa admiração por ele não impedirá que eu dedique o MESMO apoio irrestrito e confiança a quem vai substituí-lo. Se agora é o Rueda, é nele em quem vou passar a apostar, apesar das dificuldades que tenho consciência que vai enfrentar.

O fato de ser estrangeiro não é o maior problema. O grande problema vai ser convencer a ala mais imediatista da nossa torcida, a voltar a exercer a paciência. Porque vamos, novamente, precisar de MUITA paciência a partir de agora. Mesmo com a sabida capacidade do novo treinador, somada a qualidade do nosso elenco, não espero por resultados imediatos.

Em 94, por exemplo, o MAIOR piloto da história da Fórmula 1 foi para a equipe que tinha o MELHOR carro, quebrou na primeira corrida, rodou sozinho na segunda e deu uma porrada fatal na terceira. Adaptação ao Novo é complicada, leva um tempo, requer adaptação, continuidade.

Meu receio é, caso não conseguirmos vaga na Libertadores do ano que vem (possibilidade real a ser considerada neste momento), para nossos torcedores mais exaltadinhos, o Rueda de agora se transformar no “Ruela” do final do ano, a pressão retornar com força total e acabarmos sendo obrigados a trocar de treinador e começar do Zero novamente.

Evidentemente que torcerei FERVOROSAMENTE pelo sucesso do nosso novo treinador, como sempre fiz e considero ser o papel de qualquer torcedor. Mas espero, sinceramente, que todo esse contingente de torcedores que ansiava pela demissão do anterior, e teve participação decisiva na escolha do nome do seu substituto, esteja feliz por ter sido atendido e preparado para o período de transição que virá.

Por TODA a insegurança, tensão, abatimento, falta de tesão, de capacidade de reação, que o nosso grupo vem demonstrando, o apoio irrestrito de TODA a nossa torcida é FUNDAMENTAL na reconstrução de um caminho vitorioso.
Para tanto, vou terminar repetindo as palavras do Guerrero, para aquele torcedor descontrolado que o ofendeu no aeroporto:
– TORÇA, TORÇA, TORÇA! Apenas TORÇA.
Se o objetivo é exercer pressão, que seja apenas sobre nossos adversários, como na época da Bandinha do início do texto.

PRA CIMA DELES, MENGÃO !!!

Fonte: null

Share this content: