No dia da apresentação de Leandro Damião, o acerto do Flamengo. A efetivação de Zé Ricardo.

No dia da apresentação de Leandro Damião, o acerto do Flamengo. A efetivação de Zé Ricardo. É o sopro de modernidade que a Gávea precisava. Com toda cumplicidade dos jogadores…

A mais justa notícia na Gávea. Enquanto o Flamengo confirmava a contratação de Leandro Damião, a justiça era feita. A efetivação de Zé Ricardo como treinador do clube. Acabou a histeria de alguns conselheiros importantes que sonhavam com a vinda de um treinador 'experiente', 'vivido' para substituir Muricy Ramalho. Por meses, eles acalentaram o desejo que fosse Abel Braga. Fizeram campanha, mas o bom senso imperou.

Os jogadores já queriam essa efetivação há muito tempo. Só que a diretoria se mantinha receosa. Tinha dúvidas se, aos 44 anos, teria como comandar o time de maior torcida no país. Lidar com a cobrança de classificação para a Libertadores, sonhar com a conquista do Brasileiro. Comandar jogadores problemáticos como Guerrero, Sheik.

Mas seus 18 anos de Gávea ajudaram. Zé Ricardo mostrou firmeza, justiça e um trabalho moderno. Foi muito além do que Muricy. Os jogadores foram seus maiores defensores. Nas 11 partidas que comandou o clube, o Flamengo melhorou muito. Mostrou intensidade, determinação, racionalidade. Firmeza no esquema tático. Elevou a cobrança física da equipe. O time carioca passou a marcar forte a saída de bola adversária. Mostrar velocidade, fôlego, pegada.

Zé Ricardo obteve a transição do que fazia nas categorias de base no profissional. O que está longe de ser fácil. Muito pelo contrário. Se não houver cooperação geral dos atletas, não há como atingir alto rendimento. Foi o que conseguiu com um trabalho exaustivo.

Humilde, mas muito firme, o técnico ousou. Fez com que os jogadores entendessem a importância de ter duas, três funções diferentes em uma mesma partida. Como atuava com os garotos sub-20. Ao vencer a Taça São Paulo em janeiro, Zé Ricardo não sonharia que, seis meses depois, seria efetivado como o treinador dos profissionais.

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A chegada do ex-jogador Mozer como gerente de futebol acabou por precipitar a efetivação. Como elo entre a diretoria e o time, ele percebeu o respeito que, apesar de jovem, Zé Ricardo desperta nos atletas. Com explicações e cobranças, consegue tirar o máximo de atletas como Pará, Rever, Márcio Araújo, Willian Aarão, Fernandinho. Antes desacreditados.

Tem conversa aberta e franca tanto com Guerrero quanto Vizeu. Esta honestidade tem feito muito bem à equipe. Costurou com firmeza o que Muricy já havia perdido, o grupo. A união do Flamengo é um traço importantíssimo, fora o rendimento do time.

O que foi muito destacado por Mozer.

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Havia um grande pé atrás em relação a outro treinador saído da base. Os dirigentes sentiram que Jayme, por exemplo, perdeu o fôlego e o controle do time muito cedo. As histórias envolvendo Andrade ainda são repetidas na Gávea.

Mas Zé Ricardo tem outro perfil. Não é 'boleiro'. Usa muito o Centro de Análise e Desempenho que do Flamengo. Suas reflexões sobre o time estão baseadas nas comprovações. Não são empíricas. Ele dá muita atenção às estatísticas sem perder a humanidade da preparação.

E também traz um velho 'vício' dos tempos em que treinava futebol de salão. Jogadas ensaiadas à exaustão nas bolas paradas. Faltas laterais, escanteios e até cobranças de laterais se tornaram problemáticos para os adversários. A movimentação, a dinâmica também são cobrados. Ele se assume como perfeccionista.

Usa a psicologia. Principalmente no problema que estava claro ao assumir o time. A necessidade do resgate da confiança dos jogadores. Eles estavam sucumbindo à pressão. A falta de resposta nas mãos de Muricy Ramalho era algo muito preocupante aos dirigentes.

Mas logo foi detectado uma barreira que atrapalhava demais a interação do grupo. A hierarquia. Muricy se mantinha distante dos atletas. Por onde passou sempre gostou de separar as coisas. O slogan 'aqui é trabalho, meu filho', funcionava até certo ponto. No Flamengo costuma dar certo treinadores que têm profunda cumplicidade com os atletas. Mano Menezes fracassou também por não entender essa relação.

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Zé Ricardo percebeu que o comprometimento na Gávea nasce na cumplicidade. Sua personalidade também ajuda. Pelo menos, por enquanto, é uma pessoa amiga dos atletas. Se interessa sobre os problemas dos jogadores fora de campo. Sabe quando precisa incentivá-los, cobrá-los. Explicando a situação de cada um.

No futebol, o dinheiro é algo que sempre serve de parâmetro para medir a competência de cada profissional. Zé Ricardo ganhava muito pouco para ser treinador do Flamengo: R$ 10 mil. Ele escolheu o melhor caminho. Não cobrou, pressionou, pediu aumento, nada. Apostou no seu trabalho. Tinha a certeza que o reconhecimento viria.

Primeiro, os dirigentes que queriam Abel Braga cansaram de esperá-lo. Apesar de demitido em dezembro de 2015, depois da goleada para o Al Fujairah por 4 a 0, o treinador segue recebendo até este mês seu salário do Al-Jazeera. E avisou que gostaria de começar a trabalhar no início da temporada, não no meio.

A diretoria avaliou o mercado. Quem estava disponível. Vanderlei Luxemburgo, Abel Braga, Ney Franco, Mano Menezes, Dunga… E resolveu fazer o que a lógica indicava.

Zé Ricardo finalmente foi efetivado.

Seu novo salário, acertado.

Os valores são mantidos em segredo.

Mas devem ficar muito longe dos R$ 500 mil pagos a Muricy.

Ou dos R$ 400 mil que estavam separados para Abel Braga.

Ou dos R$ 350 mil que Leandro Damião receberá.

Zé Ricardo merece crédito.

Com a cumplicidade dos jogadores.

Garotos, ídolos, vividos.

Sua efetivação é ótima não só para a Gávea.

Traz ânimo ao futebol brasileiro, carente de inovação.

Viciado com os velhos e ultrapassados 'técnicos medalhões'.

No dia da apresentação de Leandro Damião,foi o acerto do Flamengo…

Fonte: http://esportes.r7.com/blogs/cosme-rimoli/no-dia-da-apresentacao-de-leandro-damiao-o-acerto-do-flamengo-a-efetivacao-de-ze-ricardo-e-o-sopro-de-modernidade-que-a-gavea-precisava-com-toda-cumplicidade-dos-jogadores-14072016/

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