A última oportunidade de Paolo Guerrero

Um dos vários jargões que o recente momento financeiro do Flamengo trouxe à tona é o de que “a fila anda” na Gávea. Mais do que nunca, temos fôlego para não precisar suportar certas carências, com poderio e respeitabilidade para trazer sempre novos jogadores. Se algo não anda bem, é certo que reporemos com a maior rapidez possível.

Trata-se de um processo analítico, portanto, que julga a adaptação, a eficiência, os números e vários outros fatores que fazem um jogador ser considerado importante para o elenco e para o clube. Listar todos aqui seria impossível, pois talvez nem a diretoria saiba criar tal lista, ainda mais com sua respectiva ordem de importância. Mas, para nós, torcedores passionais, é mais fácil: o critério é um só; convencer.

Paolo Guerrero já convenceu pelo Flamengo?

Essa é uma das perguntas que mais divide a torcida, apaziguada pelo debate chamado Márcio Araújo. Somos divididos em dois, os que criticam o custo-benefício do atacante e os que acreditam em seu potencial e técnica.

Considero-me como parte deste segundo grupo. Não consigo ver suas matadas de bola, seus passes geniais e seu excelente pivô e considerá-lo como dispensável. Particularmente, vejo em Guerrero qualidades que nunca havia visto em outros atacantes que jogaram em solo nacional (como o já mencionado pivô e sua facilidade em brigar pela bola aérea com zagueiros adversários), que me fazem ter a sensação de que faltam poucos ajustes para o peruano fazer história no Flamengo. Talvez seja um erro de posicionamento de seus companheiros de ataque, ou ainda um erro tático de Zé Ricardo… fato é que vejo muita capacidade pouco aproveitada.

Porém, não posso deixar de reconhecer que é cansativo somente esperar e ver pouco resultado no presente. Guerrero chega agora a sua segunda pré-temporada e recebe outra oportunidade de começar do zero, ainda contando com certa moral por parte da torcida. O “caô” foi deixado de lado, e é tarefa do próprio trazê-lo de volta.

Os números de sua carreira o caracterizam como um atacante de poucos gols, o que não é um absurdo para o futebol moderno. Mas aí encontro uma outra dificuldade peculiar ao Flamengo, que é a falta de reconhecimento de atacantes-cooperadores. Aqui, meu amigo, atacante tem que marcar gol. E, mesmo que não exijamos gols em todas as partidas, fica difícil defender um jogador com vencimentos tão altos que perde gols fáceis, como muito já vimos. Os 45 minutos jogados contra o CAP, na última rodada do Brasileirão, evidenciaram erros bobos e não condizentes com o status de Guerrero, que nos fazem lamentar – e muito.

Acredito, portanto, que a próxima Copa Libertadores representará a última chance de Guerrero arrebatar de vez a torcida rubro-negra. Um título ou uma atuação consistente durante a competição darão a ele nada mais do que se espera. Entretanto, caso sejamos eliminados com fracas participações do atacante, não haverá mais ambiente paciente para Paolo. Mesmo defendendo-o, tudo tem um limite, inversamente proporcional à folha salarial. É agora ou nunca, Guerrero.

Obs.: Para embasar o debate sobre Paolo, recomendo que assistam um dos últimos Resenhas sobre ele, com alguns feras aqui do site.

SRN!

Rodrigo Coli

[email protected]

Fonte: http://colunadoflamengo.com/2016/12/ultima-oportunidade-de-paolo-guerrero/

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