Aldair cinquentão: amor pelo futevôlei, nova profissão e reflexões sobre o Fla

Aos 50 anos, Aldair mantém a velha forma e agora dificulta a vida dos adversários nas quadras de futevôlei. O zagueiro clássico, campeão do mundo em 1994 como titular da Seleção, hoje desfila talento na areia. Com a velha e tradicional timidez, ri das brincadeiras de que teria esquecido de falar português durante a longa jornada no futebol europeu.

Campeão italiano pelo Roma, campeão brasileiro pelo Flamengo, campeão do mundo pela Seleção… não sobram conquistas no currículo do baiano de Ilhéus. Agora morando em Vitória (ES), dedica parte do seu tempo num mundo novo: virou sócio de uma empresa que agencia jogadores brasileiros.

Entre as muitas lembranças que não saem da cabeça quando jogava está o grande time do Flamengo que integrou em 1987. Até por isso, se sente à vontade para opinar sobre o momento atual do clube. O fato de revelar poucos jogadores incomoda. E o distanciamento para o título brasileiro do ano, segundo ele, foi motivado pelo retorno ao Maracanã, onde “é diferente jogar”. Esses e outros temas o grande ex-zagueiro abordou em entrevista ao GloboEsporte.com entre partidas de futevôlei em Goiânia de um torneio organizado pelo amigo Alex Dias. (Confira no vídeo abaixo o zagueiro do tetra marcando ponto com uma meia bicicleta)

Confira a entrevista:

Como você vê a campanha do Flamengo no Brasileiro?

O que atrapalhou (rumo ao título) o Flamengo foi voltar a jogar no Maracanã. Jogar no Maracanã é difícil, é diferente para todo mundo, e o time sentiu bastante. Flamengo é Flamengo em todo lugar, mas no Rio de Janeiro é diferente, e alguns jogadores não corresponderam. Uma coisa que poderia ser positiva para todos acabou não sendo. Mas ainda tem jogo pra jogar e vamos ver o que acontece.

O que acha da dupla de zaga atual do Flamengo – Réver e Vaz?

No início eu até achei que o Réver jogaria com o Juan. Tinha certeza que o Réver daria certo. Com o Vaz eles acertaram a casa ali, focaram bastante na parte defensiva.

Você surgiu no Flamengo. Por que acha que o clube não revela como antigamente?

De repente é uma política de cima. Mas talvez agora, com a chegada do Mozer, possa mudar alguma coisa. Os garotos têm que ter oportunidade. O Flamengo está tendo pouca paciência até porque está tendo poucos resultados em campo. A torcida quer resultado e a diretoria acaba contratando alguns jogadores que no final não dão muito certo. Então o segredo é paciência com a garotada.

Confira um golaço de Aldair em Fla 4 x 0 Flu em 1989

O que faz hoje?

Estamos agenciando jogadores com uma empresa em São Paulo. Experiência nova, mas tranquila. É bom que sobra tempo para jogar meu futevôlei.

Como é essa paixão pelo futevôlei?

Nesse esporte eu também já estou ficando bem veterano. Em Roma eu já brincava com amigos brasileiros. É uma grande paixão, jogo direto.

Você continua fininho. Que dica daria para o ex-companheiro Branco, que ficou cheinho?

Encontro pouco com o Branco, mas costumamos falar por telefone. Fica difícil dar dica. O Branco falava isso pra gente. ‘Pô, fiquei nessa vida regada para manter o peso e quando eu parei de jogar eu abandonei’. Muitos de nós temos problema no joelho que impede de fazer uma corrida. Mas principalmente na mesa temos que ter muito cuidado. Não só o Branco como todos nós.

Qual a lembrança mais forte da Copa de 1994?

Naquele mês aconteceram várias coisas. Mas sem dúvida a lembrança maior que fica é a da final. Um jogo com muito sofrimento. Com vitória nos pênaltis. Inesquecível. Ainda tenho contato com muitos jogadores e amigos como Cafu, o Márcio (Santos), Dunga, Romário, Bebeto, Viola, Ricardo Rocha, enfim, quase todos. Ficou uma amizade muito grande entre nós.

É verdadeira a história de que você tinha esquecido de falar português devido ao longo tempo na Itália?

Isso é só brincadeira dos amigos. É coisa do Ricardo Rocha. Ele brincava demais falando sobre isso. Mas era só a brincadeira que eu trocava as palavras. Dá para entender tudo.

Quais são os momentos mais marcantes da carreira?

O meu início no Flamengo foi muito bom, em 1986. Foi tudo muito importante para a minha carreira. Tive a sorte de jogar com grandes jogadores como Adílio, Andrade, Zico, Leandro, Mozer. Depois com certeza a experiência no Roma, que ganhava poucos campeonatos e fomos campeões lá. Mas acima de tudo a minha história na seleção. Nunca imaginaria disputar 85 jogos e ainda ser campeão mundial.

Quem foram os três atacantes mais complicados de marcar que enfrentou?

Ronaldo, Romário e Batistuta.

Você jogou com os dois. Quem foi melhor: Ronaldo ou Romário?

(risos e silêncio) É uma questão de gosto. Impossível escolher.

Quem são os melhores zagueiros do Brasil atualmente?

Eu gosto muito do Thiago Silva, acho um grande zagueiro. Mas os zagueiros titulares (Miranda e Marquinhos) atualmente estão muito bem. Mesmo o Marquinhos com um pouco menos experiência. Acredito que são esses zagueiros aí.

Quais foram grandes torcidas que viu?

Joguei em clubes de torcidas muito quentes. A torcida do Flamengo empurra bastante o time com aquela paixão rubro-negra. A do Benfica é uma grande torcida também. E o Roma, onde joguei muitos anos e é minha segunda casa. Mas acredito que a torcida do Flamengo é a mais apaixonada.

Fonte: http://globoesporte.globo.com/go/futebol/noticia/2016/11/aldair-cinquentao-amor-pelo-futevolei-nova-profissao-e-reflexoes-sobre-o-fla.html

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