O Flamengo multicampeão em 2019 que se reforçou em 2020 para enfileirar conquistas não consegue manter as esperanças de sua torcida pelo único título que ainda disputa. No momento em que o Brasileiro mais se oferece, novamente decepciona.

A derrota para o Athletico-PR na Arena da Baixada, por 2 a 1, a sete partidas do fim, obriga o clube carioca a depender de outros resultados para ser octacampeão. E não apenas vencer o Inter, que lidera sete pontos na frente, e é adversário na penúltima rodada. Ou o Grêmio, em jogo atrasado que acontece na quinta-feira. Tropeços como os de São Paulo e Atlético-MG precisam se repetir.

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A equipe sob o comando de Rogério Ceni jamais demonstrou que subiria de produção o suficiente para chegar ao topo da tabela. A oscilação técnica, tática e até física é notável. Depois de vencer Goiás e Palmeiras, o Flamengo entrou em campo em marcha lenta, com ritmo menos intenso.

A ausência de Bruno Henrique, suspenso, explica um pouco a perda de vigor. Para tentar contornar o desfalque, Ceni optou por Vitinho, só que ficou preso ao seu esquema sob o pretexto de não sofrer defensivamente. Mesmo com um setor de criação com Gerson, Diego, Éverton Ribeiro e Arrascaeta, o Flamengo finalizou pouco. Já Hugo Neneca trabalhou bastante.

A primeira bola do Flamengo no gol foi aos 33 minutos, quando Gustavo Henrique empatava a partida aproveitando cruzamento. Antes disso, a defesa, sobretudo as laterais, sofriam com os espaços mal cobertos. Foram mal Isla e Filipe Luis, mas também Éverton Ribeiro e Vitinho. Assim saiu o gol de Abner, livre.

A deficiência defensiva deixou o Flamengo vulnerável e com medo de se expor. Ao optar por manter Diego no meio e Arão improvisado na zaga, Ceni deixou o Flamengo menos combativo. Arrascaeta atuou por dentro, ao lado de Gabigol, mas ambos não se acharam. Os demais meias também não conseguiam aproximar para tabelas . E os laterais apoiaram mal.

A solução foi a bola parada. Mas Ceni, para tentar não perder, preferiu não arriscar nas substituições. Ao notar um time sem o poder necessário para impor seu jogo, o técnico quis se resguardar para não levar os contra-ataques. Não adiantou. Na metade final do segundo tempo, precisou lançar Pedro no lugar de Gabigol, que foi pouco acionado e ficou isolado.

Sem seu parceiro ideal, Bruno Henrique, o camisa nove jogou mais preso na área, brigando por passes forçados. A juventude de Rodrigo Muniz e Pepê, nas vagas de Arrascaeta e Ribeiro, foram a tentativa de Ceni de dar vigor ao ataque sem entregar o jogo. Vitinho, que ainda recompunha, mas nada produzia na frente, foi o último a sair, para a entrada de Michael.

As mexidas de Paulo Autuori surtiram mais efeito, e Renato Kaiser virou após jogada pelo lado esquerdo da defesa rubro-negra, justamente o que Ceni tanto tentou corrigir e não conseguiu.