Enfrentar o campeão da Copa Sul-Americana na altitude, depois de três partidas seguidas pelo Estadual e uma pela Supercopa do Brasil, sobretudo sem pré-temporada, foi o teste mais exigente do começo de ano do time principal do Flamengo. Conquistar o título da Recopa no Maracanã depois do empate em 2 a 2 com o Independiente Del Valle, no Equador, é perfeitamente possível, mas as perdas de Bruno Henrique e Rodrigo Caio, lesionados, obrigarão o técnico Jorge Jesus a recorrer a soluções. E a lançar mão dos reforços quer queira, quer não. Vale lembrar do compromisso do fim de semana na final da Taça Guanabara, sábado, diante do Boavista, antes da volta da decisão internacional na quarta-feira, no Maracanã, quando uma vitória simples dá o título ao Flamengo.

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A opção de Diego na vaga de Gabigol ao invés de Pedro não surpreendeu quem lembrou da mensagem do português. Quem chegou agora ainda está atrás dos atletas do elenco que trabalharam com o treinador desde o ano passado, e têm melhor entendimento de suas ideias. Na prática, o camisa 10 ocupou a posição dianteira do ataque ao lado de Bruno Henrique, mas quando o Flamengo não tinha a bola. Diego ajudou na pressão sobre a linha de defesa adversária, e teve fôlego para também recompor o meio-campo. Isso foi importante para conter o ímpeto inicial do Del Valle de construir seu jogo a partir da saída de bola. Mesmo assim, os equatorianos conseguiram progredir na troca de passes e controlar o início da partida, dando ao Flamengo um gosto do que ele próprio impõe aos seus adversários.

Com a bola, o Flamengo demorou a encaixar seu jogo e a levar perigo. O próprio Diego foi responsável por um arremate à distância, e só. No mais, Bruno Henrique ficou isolado nas ações ofensivas, já que Gerson, Arrascaeta e Éverton Ribeiro também não criavam e aparentavam estar fisicamente abaixo do ideal. Depois de algumas bolas enfiadas nas costas da defesa rubro-negra, o Del Valle abriu o placar em cobrança de falta de Murillo, que bateu no canto de Diego Alves aos 19 minutos.

O Flamengo conseguiu encaixar um contra-ataque em que Bruno Henrique saiu livre, driblou o goleiro e fez o gol. Mas o empate foi anulado pelo árbitro de vídeo, que acusou impedimento já assinalado pelo auxiliar. Na imagem, o atacante pareceu sair do campo de defesa, mas estaria com o tronco à frente. Mais centralizado, Bruno Henrique foi quem teve outras duas chances na etapa inicial, em bolas cruzadas.

Mesmo que fosse à frente com seus atacantes habilidosos, o Flamengo adotou postura tática menos equilibrada, dando espaço no meio-campo depois do combate inicial. Assim, o Del Valle fazia a transição e atacava tanto pelos lados quanto por dentro, priorizando o setor esquerdo da defesa rubro-negra, em que Filipe Luis e Gustavo Henrique tinham mais dificuldades. O Flamengo, então, acabava optando por sair quase sempre pela direita, mas Rafinha ficou sobrecarregado e teve pouca ajuda dos volantes. O que obrigou Diego Alves às bolas longas.

Na etapa final, Jesus trocou Diego por Vitinho, atacante mais agudo. E corrigiu o “erro” cometido no início. Assim, deu vida ao lado esquerdo, apagado no início em função da posição de Bruno Henrique. O atacante voltou às origens e acabou sendo decisivo antes de sair com um trauma no tornozelo. Pedro entrou e virou o jogo, mas o Del Valle marcou de pênalti, com Pellerano. No lance, Rafinha tirou o corpo, mas o árbitro enxergou toque e sequer consultou o VAR.

Depóis disso, o time ficou também sem Rodrigo Caio. O zagueiro sentiu dores no músculo adutor da coxa esquerda. A ideia de Jorge Jesus de manter sua base titular nas decisões de começo de ano cai por terra. Além da dupla lesionada, Léo Pereira já era baixa, também com um problema muscular. O elenco tem Gustavo Henrique e os jovens Thuler e Dantas como opções para os próximos jogos. No ataque, Pedro Rocha e Michael e o próprio Vitinho são alternativas á Bruno Henrique. Rodar o elenco agora é uma questão de necessidade.