Análise: fora de um a cada três jogos, Guerrero não tem dublê no Flamengo

A expectativa durou até a véspera do Fla-Flu que definirá um dos semifinalistas da Copa Sul-Americana. Mas a torcida não teve a resposta que desejava, e Paolo Guerrero será desfalque no clássico mais uma vez. Com isso, o Flamengo precisará lidar com um problema recorrente. E sofrerá os impactos de encarar um novo compromisso decisivo sem o jogador de mais difícil substituição no atual plantel.

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O peruano, por suas características e qualidade técnica, não tem um dublê que chegue perto de oferecer o que ele entrega à equipe. Há alternativas no rubro-negro para todos os setores: dois laterais de qualidade semelhante em ambos os lados; pelo menos três zagueiros confiáveis (Juan, Rhodolfo e Réver — este, machucado); e o meio-campo, embora apresente queda de rendimento sem os titulares, consegue sobreviver com pequenas alterações. O mesmo não se aplica ao comando de ataque.

São verdadeiras as críticas às limitações do peruano como finalizador. Mas é fato também que o camisa 9 vive, em 2017, a melhor temporada de sua carreira, com 20 gols feitos, uma média de quase um a cada dois jogos. Menos íntimos ainda são os seus substitutos na função. Felipe Vizeu, que naturalmente assumiria o posto de centro-avante, perdeu espaço de forma espantosa. Diante do Vasco, no último fim de semana, não advogou em causa própria ao perder boa chance de gol nos minutos derradeiros.

Vizeu foi sufocado por Paquetá, outro que falhou na hora da conclusão diante do rival de São Januário e já acumula mais de um mês sem marcar. O que explica a predileção de Reinaldo Rueda pelo meiocampista transformado em centro-avante é a sua entrega — uma corrida desenfreada na derrota por 2 a 0 para o São Paulo, seguida pela bronca nos companheiros que não demonstravam a mesma voluntariedade, comoveu rubro-negros ao ponto de o camisa 39 ser o mais aplaudido no Fla-Flu de ida, há uma semana. Apesar de todo o suor que deixa em campo, Paquetá não poderia ser Guerrero. E não é.

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Em meio a questionamentos sobre a renovação de seu gordo contrato, o peruano está perto de deixar o Flamengo nas mãos mais uma vez. A cada três vezes em que o time da Gávea entra em campo, em uma delas não tem o camisa 9. Das 71 partidas oficiais disputadas pelo rubro-negro este ano, Guerrero atuou em apenas 44 — ou 62% delas.

As razões para os desfalques são as mais variadas. Recorrente recebedor de cartões amarelos, ele esteve suspenso em jogos-chave da temporada, como na primeira partida da final da Copa do Brasil, um 1 a 1 com o Cruzeiro no Maracanã. As lesões, que o tiraram do Fla-Flu na ida, do clássico do fim de semana e ameaçam sua participação nesta quarta-feira, também prejudicam. A isso, somam-se as convocações para a seleção, ampliadas com a necessidade de o Peru disputar a repescagem contra a Nova Zelândia, nos dias 11 e 15 de novembro. É certo que o camisa 9 não vestirá rubro-negro contra Cruzeiro, Palmeiras e Coritiba pelo Brasileiro. E o Mengão tem uma vaga na Libertadores para garantir caso não queira fechar o ano com mais um vexame.

Encarar compromissos tão importantes sem Guerrero se mostrará desvantajoso, e os números ajudam a explicar por quê. Com o peruano, o Flamengo acumula 68% de aproveitamento na temporada, com apenas seis derrotas em 44 partidas. Em sua ausência, esse índice cai para 46%; são as mesmas seis derrotas numa amostra de 27 duelos. Pelos números que envolvem o seu nome, Guerrero não pode faltar tantas aulas. Mas passar de ano sem ele é bem mais complicado.

Fonte: https://oglobo.globo.com/esportes/analise-fora-de-um-cada-tres-jogos-guerrero-nao-tem-duble-no-flamengo-22013636

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