A torcida rubro-negra chegou a explodir em comemoração antes mesmo do início do jogo contra o Cuiabá. É que eles acompanharam a derrota do Atlético-MG para o Atlético-GO, encerrada alguns minutos antes do duelo no Maracanã. Mas a celebração ficou por isso mesmo. Em campo, o Flamengo não ofereceu a catarse que eles tanto queriam. E o 0 a 0 transformou em frustração o que era para ser uma noite de festa.

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O Flamengo não desperdiçou só uma vitória, mas também a oportunidade de voltar a depender só de si na briga pelo título brasileiro. A taça segue mais próxima dos mineiros, que têm dez pontos de vantagem sobre os rubro-negros, que têm dois jogos a menos.

— Era um jogo que a gente sabia que ia ser assim. Eles se fecharam todos, os atacantes estavam dentro da área deles. Tínhamos que caprichar na frente, mas infelizmente não conseguimos desarmar a marcação deles — lamentou Everton Ribeiro, de volta do período a serviço da seleção brasileira, assim como Gabigol.

Na próxima rodada, o time terá um Fla-Flu pela frente. Antes, contudo, fará o primeiro jogo da semifinal da Copa do Brasil contra o Athletico. O duelo será quarta-feira, na Arena da Baixada, em Curitiba.

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O 0 a 0 no placar na descida para o intervalo não condisse com o que foram os primeiros 45 minutos. O Flamengo dominou o jogo não só em volume (foram impressionantes 73% de posse, segundo o site Sofascore) como em pressão na área do Cuiabá.

Com a volta de Gabigol e de Everton Ribeiro, o time ganhou em qualidade no setor ofensivo. Na maioria das vezes, encurralou o Cuiabá com cinco ou até seis homens no terço final do campo: além dos dois selecionáveis, Matheuzinho, Andreas Pereira, Micahel e, em alguns momentos Filipe Luís.

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O problema é que este rolo compressor não se converteu em tantas finalizações. Foram cinco no primeiro tempo, sendo só duas na direção do gol.

O melhor momento do Flamengo foi o gol de Michael, aos oito. Mas a arbitra viu impedimento de Matheuzinho no lance e anulou a jogada.

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Além do Cuiabá ter protegido bem sua área — na verdade, foi a única proposta do time ao longo dos 90 minutos —, os rubro-negros pecaram muito nas escolhas. Talvez o lance que resuma bem isto seja o chute de Michael, aos 46, que não foi na direção do gol e nem um cruzamento. A melhor opção seria acionar Gabriel, de frente para o gol. Mas ele quis, sem sucesso, concluir.

Algumas questões táticas também ajudam a entender esta dificuldade em abrir o placar. A começar por Gabigol, que constantemente jogou muito afastado da área, deixando o ataque sem uma referência na frente. Além disso, Andreas Pereira e Everton Ribeiro começaram ocupando a mesma faixa do campo, com Thiago Maia e Willian Arão por trás. Num jogo que se resumia a ataque contra defesa, o belga poderia ser o segundo homem do meio.

Nervosismo no fim

Renato Gaúcho percebeu isso e mudou na etapa final. Sacou Maia, que não fez boa partida, e recuou Andreas para a entrada de mais um atacante (Kenedy). Mas o segundo tempo passou a contar com o fator nervosismo. A torcida, ansiosa desde antes do apito inicial por causa do tropeço do Atlético-MG, colaborou para deixar o clima mais tenso no Maracanã.

De olho na semifinal da Copa do Brasil, o técnico não manteve Gabigol e Ribeiro até o fim e os sacou aos 28 minutos. Nem por isso o Flamengo deixou de se manter no ataque. Mas foi muito mais na base da pressão do que da técnica — e da falta de interesse do adversário em ter a bola.

Os rubro-negros atacaram com seis homens dentro da área. Renato chegou a substituir Michael por Gustavo Henrique nos minutos finais apenas para que o zagueiro subisse e tentasse uma cabeçada salvadora. Mas não era noite de bola na rede no Maracanã.