Em janeiro do ano passado, o Arsenal levou Pablo Marí e deixou o Flamengo com um buraco. Entre todas as posições do supertime rubro-negro, várias delas com mais de um jogador à disposição, uma seguia capenga: a de companheiro do frequentemente lesionado Rodrigo Caio na zaga. Gustavo Henrique começou cometendo falhas, Léo Pereira teve ainda problemas extracampo, e Bruno Viana deu sinais de ser o mais fraco deles. Mesmo com a evolução dos dois primeiros, a insegurança persistia — até o último sábado, quando o anúncio da contratação de David Luiz pareceu, ao menos na teoria, eliminar as dúvidas no setor.

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Credenciado por mais de uma década na Europa, período durante o qual conquistou vários títulos continentais e nacionais, o agora camisa 23 rubro-negro terá encaixe imediato e conveniente no time de Renato Gaúcho — e não apenas pela diferença técnica que possui em relação aos concorrentes internos ou pelo currículo turbinado pela passagem pela seleção brasileira.

David Luiz, 34 anos, se dará melhor quanto menos espaço do campo precisar cobrir. E o Flamengo já tem feito movimentos nesse sentido em suas partidas, marcando com um bloco mais baixo, ou seja, perto da sua área, em vez de optar pela pressão no campo adversário que exercia com Jorge Jesus e mesmo após a saída do treinador português. Atuar dessa forma se torna ainda mais conveniente para o rubro-negro depois que o time abre o placar, o que força o adversário a se expor mais. Foi assim nas goleadas recentes sobre o Grêmio, na Copa do Brasil, e o Santos, no Brasileirão. E deverá o ser em outros compromissos duros que o fim de temporada com três títulos em aberto reserva.

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O novo reforço também representará um upgrade em pontos sensíveis para o time de Renato Gaúcho. As principais virtudes de David Luiz são o posicionamento, o tempo de bola e a proteção da própria área. Nem sempre o trio que hoje se reveza no miolo de zaga se mostra confiável nesses aspectos.

Versátil, o camisa 23 também pode ser bem aproveitado como primeiro volante — já foi usado inúmeras vezes nesta posição na Europa. Mas, no Flamengo, este não deve ser um expediente regular. Primeiro porque David Luiz terá uma lacuna a preencher na zaga. Mas também porque o meio-campo hoje tem opções em fartura: de volta ao setor, Willian Arão vive ótimo momento; Thiago Maia, costumeiramente um segundo homem, está em ascensão; e até João Gomes e Diego podem atuar por ali.

Por outro lado, se o novo reforço puder contribuir com gols de falta, outra de suas habilidades, eles estão em falta e serão bem-vindos.