Análise: Trauco empolga, Romulo vai bem, e Fla inicia 2017 com cheiro novo

Reforços que cheguem, joguem e mudem o nível de um time. É o que se espera de toda contratação em grande clube. Foi apenas o primeiro jogo oficial de Trauco e Romulo – na vitória por 4 a 1 sobre o Boavista em Natal, nesse sábado, mas a dupla mostrou bom futebol e, mais que isso, potencial para crescer e tornar o Flamengo bem mais forte. O peruano mostrou desenvoltura até certo ponto surpreendente e, sem exagero, desequilibrou a partida, com cruzamento perfeito para um gol, passe para outro e um toque de categoria para marcar.

Romulo cumpriu bem sua função. Desarmou, interceptou passes, recuperou bolas depois de ser driblado e errou pouco – também arriscou tabela, um chute colocado e subiu para tentar cabeçadas na área. O volante titular do Flamengo não se caracteriza por jogo vistoso e o torcedor não deve esperar enfiadas de bola e ampla visão de jogo como, por exemplo, tem William Arão, mas tem no seu jogo simples e eficiente a principal virtude.

Bola aérea preocupa
Mas é preciso falar antes de um ponto que Zé vai ter que ajustar. Trauco tem nove centímetros (1,74m do peruano x 1,84 m do brasileiro) a menos que Jorge, o agora ex-lateral do Flamengo, que, justiça seja feita, cresceu muito na marcação em 2016. O peruano sofreu com bolas aéreas contra o Boavista – e também por baixo, pois o time de Saquarema atacava mais pelo seu lado.

Neste ponto, faltou também contribuição mais efetiva de Adryan na marcação. Mas além do gol de empate de Mosquito, o peruano foi superado em bola aérea quando Muralha fez grande defesa no segundo tempo. Zé Ricardo admitiu a preocupação. Veja alguns lances de Trauco mais acima.

– Sem dúvida pode nos criar algum problema (bola aérea). Mas ele tem virtudes que a gente já conhecia desde que começamos a avaliá-lo. Tivemos várias informações dos nossos setores de inteligência de mercado e análise de desempenho e também do técnico da seleção peruana. Tínhamos certeza que estávamos trazendo um atleta de bom nível que poderia nos ajudar na temporada. Às vezes o problema na bola aérea não é a marcação da jogada aérea, é o cruzamento na origem da jogada. São ajustes que durante a temporada podem ser feitos – disse o treinador do Flamengo.

Com a bola no pé, Trauco fez grande partida. E atua diferente de Jorge – que entrava menos na área que o peruano e apostava mais em enfiadas de bola do que nos cruzamentos. Quando botava a bola na área, geralmente o novo jogador do Monaco ia até a linha de fundo.

Trauco, da intermediária, cruzou logo de cara na
medida para Mancuello, que não alcançou. Em seguida, da mesma posição, botou na cabeça de Guerrero. Os peruanos repetiram dobradinha, que se não era exatamente comum de acontecer, já ensaiada na seleção peruana. Levantamento do Futdados do
GloboEsporte.com mostra que em cinco partidas pelo Peru, Trauco conseguiu dar assistência para gol em lance similar – cruzamento de longe. Foi justamente contra a Argentina.
Veja o gol abaixo.

O desempenho de Trauco foi ainda mais surpreendente ao se analisar os jogos dele pela seleção peruana. Ele virou titular na campanha das eliminatórias – jogou da 7ª à 11ª rodada -, deu seis assistências para finalizações – numa delas, Guerrero marcou -, finalizou duas vezes e não havia marcado gol. Na primeira aparição com a camisa do Flamengo já fez tudo de uma vez.

Trabalho sujo com limpeza

Zé Ricardo pediu para Romulo ajudar mais o meio de campo com passes em profundidade. Queria com isso melhorar e acelerar a saída de bola. O técnico vê mais qualidades no novo contratado neste quesito do que Márcio Araújo, que leva vantagem pela rapidez na marcação e cobertura de laterais. O camisa 27 foi titular no primeiro compromisso oficial da temporada e foi substituído no meio do segundo tempo, como já era previsto. Veja mais abaixo lances de Romulo na sua estreia em jogos oficiais pelo Flamengo.

A dinâmica de jogo de Romulo ajudou a equipe. Com boa estatura, passadas largas e boa impulsão, ele virou opção perigosa de bola aérea –
Mancuello o procurou em faltas próximas da área – além de aparecer mais para apoiar Diego e os laterais na hora do aperto. O toque mais
rápido na saída de bola também ajudou o time a progredir em campo.
Romulo recebia a bola de costas, girava rápido e alternava os lados para
apoiar e tocar a bola.

Jogando lado a lado de William Arão, o novo volante do Flamengo alternava as subidas ao ataque com o companheiro. Claro que Arão tem mais liberdade, mas Romulo mostrou que, com confiança e entrosamento, vai ajudar no início das jogadas.

É preciso atenção nas saídas de bola e nas disputas de meio de campo – o primeiro tempo mostrou que os contra-ataques podem ser perigosos, principalmente se levar em conta que Trauco sobe muito e vai ter liberdade com tamanha desenvoltura para avançar e entrar na área. Este trabalho “sujo” será de Romulo. Falar em trabalho sujo para Romulo, porém, soa injusto. O volante não é de cometer faltas ou levar cartões – saiu de campo sem uma infração sequer. No cômputo geral, acertou 38 passes, errou três. Desarmou o time do Boavista em três oportunidades – um índice menor que a média de cinco por partida de Márcio Araújo no ano passado. Romulo tem margem para evoluir e seguir crescendo com o time do Flamengo.

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Fonte: http://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/2017/01/analise-trauco-empolga-romulo-vai-bem-e-fla-inicia-2017-com-cheiro-novo.html

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