Apenas o que importa

Venho aqui hoje falar apenas o que importa. Melhor dizendo, falarei apenas do que importa. Naturalmente, como alguns bem sabem, não me importo com o campeonato carioca. A importância dele, pelo menos pra mim, está nos testes, na identificação de deficiências e na constante evolução física e tática do time.

Sendo assim, mesmo com a tentação promovida por cada goleada, é chegada a hora de termos calma e senso crítico. Desde o começo, é preciso que entendamos que criticidade e corneta são coisas bem distintas, além disso, não devem se confundir com preferencias pessoais ou meras afinidades.

Acho que podemos concordar, quase que plenamente, que temos um elenco qualificado. Ao que parece, a composição da lateral esquerda deve ser sanada nos próximos dias. Ainda que muitos peçam um goleiro, acho que podemos aguardar e observar os estaduais. Particularmente, eu só queria um zagueiro ágil e confiável para o lugar do Vaz.

Também é fundamental que não compreendam essa falta de confiança com críticas. Vaz, que veio pra ser opção, tomou a posição, a defesa encaixou e o resto é história. Minha falta de confiança não é crítica, mas preventiva. E também não sei se Donatti, mais do que ser qualificado, teria a agilidade que eu penso ser a ideal pra composição da dupla.

Entendo o pedido de alguns por mais um ponta, que considero desnecessário, ainda mais agora que já me parece que até um cego pode ver que não jogamos mais em um 4-3-3. Antes de me debruçar um pouco mais sobre o que tenho percebido taticamente, gostaria de atentar para o modo como esse grupo parece fechado, unido, coeso e consciente. Isso me faz acreditar que tudo pode ser ainda mais fácil.

Taticamente, consigo notar um padrão imposto por Zé Ricardo, além de variações interessantes que vêm sendo testadas. Zé foi justa e duramente criticado no ano passado por poucas chances a alguns jogadores ou por pouca variação de esquema. Acho que isso era natural sob três aspectos: falta de tempo para treinar, encaixe e certa insegurança.

Considero absolutamente natural que um técnico jovem, recém alçado ao profissional, sem tempo pra treinar e sem pré-temporada, apresente resistência ou dificuldades em rodar grupo ou esquema tendo encontrado um encaixe.

Quero que fique bem claro que não sou defensor ferrenho da variação tática, mas admiro e acho importante num futebol nivelado como o nosso. Grandes times e treinadores marcaram seus nomes sem variação tática. Funcionando pura e simplesmente com aquilo que também considero incrível no futebol, a imposição tática.

Dentro desse espectro, vejo Zé preparando o time pra jogar de uma maneira, mas avaliando cenários. Os ajustes que deveriam ser feitos começam a se mostrar.

A composição na meia direita vem melhorando sem que a agressividade seja comprometida. Zé e Mancuello, que agora se solta atuando mais por dentro, como deveria, estão de parabéns. Mancu vem muito bem e melhorando, se ganhar intensidade e volume durante todo o jogo, será espetacular.

A parte esquerda da linha defensiva ainda me preocupam, e aí entra minha dúvida. Berrío tomará a vaga de Everton pelo lado esquerdo? Caso seja essa a ideia de ZR, precisaremos ver se ele conseguirá auxiliar Trauco na marcação. O camisa 13 parece disposto a evoluir defensivamente, mas além do encaixe na linha de cima, sou inseguro com o zagueiro que cai ao seu lado.

Rômulo, que deveria centralizar, pode acabar se desdobrando, mas acho que precisaremos de mais tempo e adversários mais agressivos por aquele lado. Dentro de um time que demonstra encaixe, a rotação não alterou o passeio no calor de Bangu.

Mesmo sendo MUITO cedo, o ano, o grupo, o esquema, Zé e o Flamengo, deixam um cheiro promissor no ar.

Thigu Soares
Twitter: @thigusoares

Fonte: http://colunadoflamengo.com/2017/02/apenas-o-que-importa/

Share this content: