Com o pequeno ato de tirar das redes sociais o símbolo “de casa”, associado a uma nota ofical em que atletas, comissão técnica e dirigentes reiteram que acreditam na capacidade do clube em promover segurança de saúde, o Flamengo praticamente confirmou oficialmente a volta aos treinamentos. A autorização da prefeitura do Rio, que ainda relutava ao não recomendar o retorno às atividades, é esperada para a próxima segunda-feira, dia 25.

A ida do prefeito Marcelo Crivella a Brasília nesta quinta, para encontro com o presidente Jair Bolsonaro, dois dias depois do presidente do Flamengo almoçar no Planalto, sinalizou a reabertura gradual das atividades no Rio. E o clube trabalha nos bastidores para que o futebol seja uma delas. Desta forma, enviou relatório ao comitê científico que se reuniu com o departamento médico rubro-negro na véspera, e ouviu sobre todos os cuidados tomados. A liberação só não aconteceu, na visão do Flamengo, para que não se estimulasse a iniciativa antes da hora.

Ainda nesta quinta, o governador do estado, Wilson Witzel, se disse favorável aos treinos. Barreira que já não existia na boa relação do político com a diretoria rubro-negra.

“Eu não sou contra os treinos acontecerem; o que eu disse que eu sou contra é esses treinos acontecerem sem que haja uma preocupação dos dirigentes em proteger o atleta. O atleta fica muito exposto, vulnerável”,disse Witzel, à CNN Brasil.

Internamente, o Flamengo entende ter segurança jurídica para realizar as atividades de condicionamento físico dos atletas no Ninho do Urubu. A visão do clube em relação ao decreto da Prefeitura do Rio que regula funcionamento dos estabelecimentos é que o centro de treinamento não precisa estar fechado, desde que os frequentadores cumpram protocolos de higiene.

O GLOBO apurou que o clube buscou pareceres jurídicos para darem sustentação a essa interpretação. Quando entra em contato com o clube, a Prefeitura vai no sentido de reforçar a recomendação em nome do exemplo e não usa argumentos com base na legislação vigente.

Mesmo com a presença dos atletas, as atividades estão reduzidas no Ninho na comparação com o período pré-pandemia. Não há refeições sendo feitas no local. Os jogadores chegam nos próprios carros, são submetidos à higienização e ficam divididos em grupos.

O Flamengo, na verdade, tem a visão de que não voltou aos treinos ainda. já que as atividades se limitam mais ao trabalho físico do que tático. Não há coletivos, por exemplo, ou atividades 11 contra 11. Até por isso inseriu na nota oficial publicada no site um trecho no qual os integrantes de departamento de futebol se dizem “dispostos a colaborar com ações que favoreçam o combate ao novo coronavírus e o retorno aos treinamentos”.

Em nota, a Prefeitura disse ter solicitado ao Fla “que informe quais são as atividades que foram retomadas pelo clube, a fim de verificar se elas contrariam as restrições de isolamento social determinadas em decreto municipal”. No momento contrariam, mas tudo indica que é questão de tempo.