Banco analisa finanças dos clubes; veja como está o Mengão!

Aumento nas receitas, queda nos custos, diminuição das dívidas e o estancamento da sangria. A sensação é de alívio, mas o sinal de alerta deve permanecer ligado. Essa é a conclusão do retrato dos principais clubes do Brasil em 2015, segundo estudo do Itaú BBA, o banco de investimentos do grupo Itaú, e ao qual o ESPN.com.br teve acesso.

Trata-se de um trabalho feito pelos profissionais da area de crédito do banco e que utiliza informações públicas dos clubes. Assim, ao longo de 217 páginas, é feito um comparativo entre as receitas, os gastos e os investimentos de 27 equipes do país, além de análises individuais de cada uma delas (veja detalhamente abaixo).

De forma geral, o estudo aponta que os clubes brasileiros tiveram um 2015 para celebrar sobretudo porque houve um crescimento de 15% das receitas totais (4% acima da inflação) em relação a 2014. A verba de direitos de TV cresceu 25%, as cifras com venda de direitos econômicos de jogadores subiu para 22%, a receita com estádio subiu para 18%, enquanto com bilheteria/sócio-torcedor subiu 7%. Tudo isso forma o cenário positivo geral.

Individualmente a história não é bem assim. Há clubes que navegam em águas mais calmas, enquanto outros têm desafios bastante complexos.

O clube apresentado com a melhor situação é o Flamengo.

A equipe rubro-negra é elogiada pela ‘política de austeridade’ implatanta desde o ano anterior, que fez reduzir os gastos e aumentar as receitas. Mas o estudo faz um alerta para o clube carioca não reviver “O dia da marmota” – alusão ao filme “Feitiço do Tempo”, em que a personagem de Bill Murray passa a acordar sempre no mesmo dia. É preciso dar resultados em campo, algo que a atual diretoria ainda não conseguiu.

Entre os clubes que apresentaram evolução, o destaque é o São Paulo. A equipe tricolor estava mergulhada em uma grande crise institucional desde 2014, algo que fez com Carlos Miguel Aidar renunciasse à presidência em outubro do ano passado.

Agora o São Paulo vive uma situação melhor. Se antes caminhava para um ano catastrófico, agora o estudo cita que a diretoria está “desativando a bomba” ao adotar melhorias de gestão, com adiantamento de recursos e empréstimos tomados, além da negociação de oito jogadores. Conclui que a equipe está “sobrevivendo”.

Já o Corinthians, atual campeão brasileiro, não navega em águas calmas. A avaliação do Itaú BBA é que, como o clube tem de quitar o empréstimo pela construção da Arena de Itaquera, está com menor poder financeiro, com riscos elevados de aumentar o endividamento, fazer adiantamentos de contratos e aumentar as despesas.

ESPN.COM.BR

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As receitas dos principais clubes do Brasil em 2014 e 2015

CONFIRA ABAIXO A AVALIAÇÃO DOS 20 CLUBES DA SÉRIE A

AMÉRICA-MG: “Encruzilhada”

Promovido da Série B para a Série A no ano passado, a gestão do América-MG de 2015 foi quase um reflexo do que ocorreu em 2014. Mas há um alerta: o clube verde-negro vem operando acima da capacidade financeira.

O retrato da equipe em 2015: 37% do aumento nas receitas, em parte impulsionado pela renovação nos direitos de TV e venda de jogadores. Mas custos e despesas também cresceram: 34%. A conclusão do estudo é:

O América apresentou desempenho econômico-financeiro em 2015 bastante parecido com o de 2014. Ou seja, manutenção da operação com déficit que vem sendo resolvido via aumento de Dívidas Tributárias e Bancárias.

O clube não tem conseguido ajustar suas contas, operando sempre acima da capacidade financeira.

O que tem feito de positivo é aumentar investimentos nas Categorias de Base, além de ter feito a venda de um terreno que deve gerar um bom caixa ao longo do tempo, estimado em cerca de R$ 18 milhões. Isto deve aliviar as contas em algum momento, mas é uma solução de médio prazo.

No curto prazo deixa de ter uma fonte ruim mas recorrente que é o atraso de Impostos. Ao aderir ao Profut terá que manter a casa em ordem. Desafio grande para quem retornou à Serie A em 2016, e para se manter terá que investir.

Crescimento de 37% nas Receitas Totais, impulsionado por Direitos de TV e Venda de Direitos Econômicos. Na contramão, houve queda de Receitas com Publicidade, mesmo num ano em que o clube conseguiu subir para a Série A, o que reflete o momento difícil nesse segmento.”

ATLÉTICO-MG: “Ser ou não ser”

O estudo aponta que o Atlético-MG teve um crescimento nas receitas: 37% em relação a 2014. Isso foi potencializado pela renovação do contrato de direitos de TV. O valor apresentado pelo Atlético (41% a mais em relação ao ano anterior), no entanto, não é claro o suficiente para entender se inclui o recebimento de luvas pela renovação contratual.

O clube perdeu 30% de receitas com publicidade – reflexo da economia nacional -, mas teve redução de custos e despesas (18%) e na folha de pagamento

A análise do Atlético MG é bastante complexa, pois envolve uma série de detalhes que contribuem mais para confundir que para elucidar.

Por um lado vemos crescimento de Receitas, mas parte amparada por Venda de Direitos Econômicos, e parte por um incremento da Receita com TV que é incomum e não conseguimos avaliar se será recorrente.

Na mesma rota vimos uma gestão que cortou Custos e Despesas e reduziu Investimentos, possibilitando aumento expressivo da Geração de Caixa.

Entretanto, por conta da frágil condição financeira, que apresenta uma estrutura descapitalizada e com elevado endividamento, as Despesas Financeiras do clube são elevadíssimas, consumindo parte relevante da “economia” obtida com as ações citadas acima.

Além disso, vimos no início de 2016 o clube fazendo uma série de aquisições de atletas que podem voltar a desequilibrar a geração de caixa.

Dessa forma, entendemos que o Atlético MG precisa deixar sinais mais claros sobre qual caminho pretende seguir: o da austeridade ou o do título a qualquer custo.”

ATLÉTICO-PR: “No fio da navalha”

As receitas de 2015 do Atlético-PR sofreram quase nenhuma alteração em relação ao ano anterior, mas o estudo do Itaú BBA destaca que o clube é dependente da venda de jogadores, sendo mais importante que a receita de TV (29% a 24%).

O desempenho de 2015 veio muito parecido com o de 2014 em termos de Receitas e Custos. Mas muito apoiado em Receitas de menor previsibilidade.

A situação parece sob controle, mas desconsiderar esta questão das Receitas com Venda de Direitos Econômicos é um risco. Na prática, o clube se movimenta no fio da navalha.

Além disso, seguiu com uma política de investimentos em estrutura que é positiva no longo prazo mas aperta o fluxo de caixa até chegar lá. E esse investimento, bem como a reforma e conclusão da Arena da Baixada, foram financiados em boa parte com Dívida Bancária.

Ou seja, o clube que mantém uma situação equilibrada hoje pode se apertar a qualquer momento, pois não trabalha com folga de caixa. Há que se atentar para isso e buscar esse conforto para evitar situações delicadas.

BOTAFOGO: “Como será o amanhã?”

Todas as receitas do Botafogo caíram no ano passado, com exceção dos direitos de TV. Isso se explica porque o clube estava na segunda divisão nacional. De positivo, uma queda também nos custos e despesas (15%). Mas a situação do clube faz o estudo questionar como será o futuro da equipe alvinegra.

Responda quem puder.

A situação geral do Botafogo é muito complicada. Se por um lado há o esforço em manter um equilíbrio entre Receitas e Custos, o que vem permitindo gerar um caixa operacional, por outro isso enfraquece o clube, uma vez que lhe sobra menos capacidade de investimento. Ao mesmo tempo as Dívidas são muito pesadas, incompatíveis com a capacidade de pagamento, mesmo após adesão ao Profut.

Ou seja, há um círculo vicioso em andamento, pelo qual o clube investe pouco, tem desempenho esportivo fraco, isso gera menos receitas e essas receitas precisam servir uma dívida monstruosa, o que faz com que sobre menos dinheiro para investimentos, e isso enfraquece o clube…

Isto significa jogar para cada vez menos torcida, de forma que o clube vai encolhendo a cada ano.

Mas, voltando a pergunta: o destino será como Deus quiser.

CHAPECOENSE: “Exemplo para os pares”

O clube catarinense teve um crescimento de 34% das receitas em 2015, impulsionado pelo contrato de direitos de TV. Contrariando muitos clubes, a Chapecoense ainda teve crescimento nas receitas com publicidade. Por isso manteve a boa avaliação.

A Chapecoense é daqueles clubes que sabe das suas limitações em termos de alcance de torcida e Receitas. E faz um trabalho excepcional, considerando essas limitações.

Equilibrado, gastando apenas o que arrecada, consegue mobilizar a cidade e fazer boa Receita com Bilheteria. Montando equipes competitivas, se mantém na Série A e obtém Receitas mais consistentes da TV.

Gestão consciente e cujo resultado se vê nos balanços e em campo.”

CORINTHIANS: “A conta do estádio chegou”

Nem mesmo o título do último Brasileiro ajudou as finanças do clube. O estudo aponta que o clube precisou vender seus principais jogadores no início de 2016 para ajustar as finanças. E, mesmo com crescimento das receitas em 2015 (16% em relação a 2014), a situação corintiana ainda requer atenção. Isso porque o clube arca com o custo do novo estádio, o que está consumindo a maior parte dos recursos.

Para se ter ideia, a receita com TV representa 41% do total obtido pelo clube em 2015 – houve um crescimento de 12%. A venda de jogadores representa (26%) e a arrecadação no estádio e com sócio-torcedor, 9,7%.

Em algum momento a conta do estádio chegaria. E de fato, ela já se apresentou. E será mais dura a cada ano.

O clube está abrindo mão de cerca de R$ 90 milhões* anuais em receitas de Bilheteria e propriedades do estádio que estão sendo direcionadas para o pagamento das dívidas de construção do estádio. Isto faz muita falta. Toda a folga operacional que o clube mostrou em 2012 e 2013 foi perdida e a geração de caixa caiu a níveis incompatíveis com o porte do clube. Para piorar a situação, a partir de 2016 ocorrerão pagamentos mais significativos de principal e juros dos financiamentos, que somam cerca de R$ 120 milhões anuais, conforme divulgado pela imprensa. Ou seja, há um déficit potencial de cerca de R$ 30 milhões que precisam ser pagos pelo Clube.

O fato é que com menor poder financeiro, há restrições de investimentos. Com a necessidade de aumentar o endividamento e receber adiantamentos de TV para fechar as contas, as Despesas Financeiras cresceram absurdamente e isso também colabora para deteriorar ainda mais a situação.

Resultado: o clube foi Campeão Brasileiro, a despeito disso. Mas teve que abrir mão de grande parte do elenco no início de 2016 para restringir a saída de caixa, pois nesse ano as contas do estádio causarão novos danos ao caixa do clube.

Mas veja que os Investimentos em 2015 já foram bastante modestos e devem repetir a dose em 2016 e enquanto durar o estoque de dívida do estádio.

A situação não é nada confortável, e o clube precisa manter os pés no chão, controlar ainda mais os gastos e contar com o incremento de Receitas da TV, que terá crescimento em 2016, para fechar essa conta.

E ainda terá que se manter disputando os campeonatos com chance de conquistas para que sobre receita para pagar o Estádio. A vida não está fácil pelos lados da Zona Leste de São Paulo.”

CORITIBA: “Chegando ao limite”

O Coritiba parece ter encontrado seu limite em termos de crescimento. Se avaliarmos apenas as Receitas Recorrentes o clube praticamente repete seu desempenhos nos últimos 4 anos, mostrando que há pouco a fazer para sair desse patamar.

O desafio é conseguir manter os Custos e Despesas comportados, dentro da capacidade do clube, e investir nas Categorias de Base para formar elenco dentro de suas

possibilidades e eventualmente vender Direitos de Atletas para reforçar o caixa e a equipe.
Se entender que esta é a realidade, pode ter vida longa na Série A
.”

CRUZEIRO: “Alerta na Toca”

O time celestes apresentou um crescimento de 30% das receitas em relação à temporada 2014. Mas, a exemplo do Atlético-MG, isso foi impulsionado pelo aumento nas cifras obtidas com o novo contrato de direitos de TV (101%) – embora o clube não esclareça se parte do acréscimo se deve ou não ao pagamento de luvas.

A venda de atletas também impulsionou as receitas cruzeirenses. Aumentou de 179% em relação ao ano anterior.

O Cruzeiro apresentou dados econômico-financeiros bastante conflitantes. No lado das Receitas viu crescimentos que tendem a não se repetir, como Venda de Direitos e o valor adicional da TV, ao mesmo tempo que perdeu muita Receita com Bilheteria, que vinha sendo um destaque nos anos anteriores.

Por conta das sobras investiu muito, supostamente atrasou Impostos e viu sua Dívida Tributária, alongada no âmbito do Profut, crescer e esta passará a exigir mais do clube.

Além disso, as dívidas pesam nas Despesas Financeiras, que consomem montante relevante de caixa do clube.

Ou seja, não há clareza na longevidade das receitas e nem qual é a política de investimentos do clube. As fontes externas de financiamento secaram, e então o clube deveria colocar os pés no chão e se adequar a uma realidade de Receitas que deve ser diferente da apresentada em 2015.

O clube precisa mudar sua postura e fugir da zona de risco em que se coloca há algum tempo.”

FIGUEIRENSE: “Nadando contra a maré”

Vimos em 2015 um Figueirense um pouco diferente dos anos anteriores. Mais contido na gestão de Custos e Despesas, investiu mais para ter um elenco reforçado e que permitisse se manter na Série A.

O desempenho em 2015 foi no limite, mas o objetivo foi alcançado.

O clube não só precisa manter a boa postura de austeridade, mas reforça-la, reduzindo investimentos, ajustando fluxo de caixa para evitar ter que recorrer a fontes externas para recompor o caixa, como Adiantamentos e novos atrasos, o que não será permitia no âmbito do Profut.

A conferir.”


FLAMENGO: “Espelho, espelho meu”

Segundo o estudo, o maior mérito do Flamengo é o equilíbrio entre receitas e despesas. Também há equilíbrio entre as fontes geradoras de dinheiro para o clube.

Dos A equipe faturou no último ano R$ 338,5 milhões, sendo que as fatias estão bem dividadas entre TV (38% do total), Publicidade (25%) e Bilheteria (22%).

O clube ainda faz as despesas caírem, sendo que a folha de pagamentos apresentou-se com níveis baixos pelo segundo ano consecutivo.

A avaliação do Flamengo foi a melhor entre os 27 clubes analisados. Veja:

Existe alguém melhor gerido do que eu?

Financeiramente a resposta é não. O clube mantém uma política de austeridade, gastando pouco com Folha de Pagamento, maximizando as Receitas, pagando suas dívidas e investindo sem onerar em demasia o clube. A cartilha está sendo seguida à risca e com muita competência, e o trabalho mais significativo agora é pensar na redução paulatina das Dívidas Bancárias, ainda elevadas.

Entretanto, o desempenho esportivo está longe da unanimidade. Pelo menos para o Flamenguista.

Um fato importante é que o clube não deixou de investir. Em nossos cálculos foram R$ 60 milhões entre 2014 e 2015. O que está faltando é montar um plano estratégico, ter os profissionais certos e melhorar o desempenho coletivo. Porque gestão profissional não se resume ao financeiro, e necessariamente inclui o esportivo. Ambos andam lado-a-lado.

Já falamos isso no ano passado, e estamos repetindo agora. O clube precisa ter atenção para que a cada publicação de balanços não deixe a sensação de estarmos vivendo o “Dia da Marmota”.”


FLUMINENSE: “Mudança de hábito”

Assim como Flamengo, o Fluminense tem equilíbrio entre as fontes de receita e conseguiu no último ano um crescimento de 45% de receitas em relação a 2014.

A situação, no entanto, não é tão positiva porque juntamente com o aumento das receitas aumentaram também os custos e as despesas (50% de aumento).

Desde a saída do sponsor que mantinha boa parte do elenco, o Fluminense teve que se ajustar à nova realidade. Até 2014 o trabalho vinha apresentando consistência, com equilíbrio operacional e investimentos dentro das possibilidades. Porém, em 2015 o clube abriu a carteira e investiu pesado em elenco profissional. O resultado foi aumento de Dívidas, necessidade de Adiantamentos e financiamento de parte do investimento.

Considerando uma visão estratégica de longo prazo esta não é a melhor forma de gerir um clube. Coloca em risco receitas futuras, trabalha com Custos acima da capacidade de geração de Receitas.

O clube precisa voltar ao bom hábito da gestão austera, gastando o possível e investindo ainda mais na Base. É preciso pensar no longo prazo.”

GRÊMIO: “Complicou, tchê!”

O time tricolor é um dos que não navega em águas calmas. A única receita que não caiu foi a relacionada aos direitos de TV. Ao menos as despesas continuaram iguais.

O Grêmio apresentou desempenho econômico-financeiro bastante ruim em 2015.

Receitas em queda, custos estáveis, investimentos, efeitos de dívidas operacionais que precisaram ser ajustadas, aumento das dívidas bancárias. Ainda tem a questão da Arena a ser solucionada, e passará a ter a pressão de pagamento das dívidas do Profut.

Ou seja, o que vimos em 2015 pode ser potencializado para os próximos anos, porque as receitas não devem subir, exceto se o clube continuar a vender Direitos de Atletas, enfraquecendo o elenco.

É preciso equalizar a situação, reduzindo investimentos e custos, para que no longo prazo o clube se mantenha forte, relevante, e não mero coadjuvante.”

INTERNACIONAL: “Colocando a casa em ordem”

Com desequilibrio entre as fontes de receita, o clube colorado teve um crescimento de receitas tímido em 2015: apenas 9%. Os direitos de TV representam a maior fonte dos ganhos do time. Dos R$ 224 milhões faturados, 29% foram da TV.

O Internacional sempre foi um modelo de gestão, que pensava no longo prazo, com bons números e desempenho equilibrado. Em 2014 o clube perdeu a mão, pensando apenas em conquistas esportivas, sem olhar para a saúde financeira. Passada a tempestade, o clube voltou aos trilhos em 2015, com alguma dor.

O clube fez o dever de casa, conseguindo aumentar as receitas, reduzir custo e investimentos, equacionar as dívidas tributárias. Ainda assim, boa parte dos esforços serviu apenas para ajudar na correção da rota. Ainda falta ganhar tração. Isto significa dizer que o clube precisa manter a postura austera para poder voltar a ter força financeira e manter o time disputando títulos.”

PALMEIRAS: “Passado. Presente! Futuro?”

O estudo elogia a gestão do Palmeiras, mas com cautela. Afirma que o clube encontrou durante a gestão Paulo Nobre uma gestão sólida, mas cita que ela se deve a um patrocinador que paga um valor bastante acima do mercado (no caso a Crefisa).

Por isso faz um alerta para o futuro: a manutenção do cenário atual não é certa e depende sobretudo do sucesso em campo. Além disso, a gestão Paulo Nobre termina no final deste ano e há o risco de o próximo presidente não contar com os mesmos parceiros.

A gestão de Presidente Paulo Nobre colocou ordem na casa em termos financeiros. As dívidas estão equacionadas, a condição equilibrada trouxe investidores publicitários e o novo estádio, em conjunto com um time reforçado, trouxe mais Receitas.

Mas nem tudo é tão simples.

Se a Dívida Bancária está equacionada é porque o Presidente encontrou um modelo seguro para o clube repagá-lo. Mas o crescimento das Receitas Publicitárias está concentrado num único sponsor, Isto coloca em risco as Receitas caso haja uma ruptura. No momento não parece uma realidade, mas ela sempre pode chegar. E nesse caso o risco é maior, porque o valor pago está bastante acima da média de mercado, conforme vimos no tópico sobre Receitas com Publicidade.

O crescimento das Receitas com Bilheteria e Sócio Torcedor se deu em função do novo estádio e de um time competitivo, montado a partir do crescimento de Receitas e da condição financeira equilibrada deixada pelo Presidente. Mas esse sucesso dependerá necessariamente de um bom desempenho esportivo da equipe, porque torcedor mantém a chama acesa quando há resultado em campo.

Além disso, a folga financeira obtida em 2015 tende a ser menor em 2016 por conta dos salários e manutenção de um elenco tão grande.

Enfim, o cenário hoje é positivo, mas sucesso passado não garante sucesso futuro. O clube precisará se manter organizado, precisará encontrar o equilíbrio quando o Presidente Paulo Nobre deixar o comando, para que este bom momento se mantenha no longo prazo.”

PONTE PRETA: “Um ano de cada vez”

A Ponte Preta mantém o perfil de clube de alcance regional, que trabalha um ano de cada vez. Como não tem contrato de longo prazo com a TV e as demais Receitas não são relevantes, dependendo muito da Venda de Direitos Econômicos para aumentar o poderia financeiro, então o clube calibra seus gastos de acordo com o momento.

Mas deveria olhar mais para a Base, investindo mais na formação de atletas, que tem custo mais compatível com sua condição financeira.

Difícil a vida de um clube cuja luta é para permanecer na Série A.”

SANTA CRUZ: “Procurando se encontrar”

O Santa Cruz em 2015 deve ser analisado sob duas óticas: i) esportivamente foi muito bem, especialmente considerando sua capacidade de investimento, pois dos clubes analisados é um dos menores orçamentos; ii) financeiramente foi bastante complexo, pois a geração de caixa foi negativa, teve pressão de giro relevante, muitas saídas de caixa e ainda teve que se apoiar em bancos para fechar suas contas.

Vai contar com o crescimento das Receitas de quem chega à Série A para organizar a casa. Ou não, caso utilize o dinheiro apenas para reforçar elenco e tentar permanecer na divisão de elite, o que não é recomendado se pensarmos em estratégias de longo prazo.

Mais um clube que tem a vida difícil de quem tem poder financeiro limitado.”

SANTOS: “Espiral negativa”

Entre os grandes, o Santos é muito talvez o que teve o diagnóstico mais preocupante. O clube arrecadou menos em 2015 (R$ 168 milhões) em relação a 2014 (R$ 170 milhões).

O valor do último ano ainda deve-se as receitas com TV. Houve um aumento de 40%, mas o estudo afirma que um possível motivo tenha sido o recebimento de luvas.

O lado preocupante está relacionado a queda de receitas: 24% menos de publicidade e 76% menos em venda de direitos de atletas em relação a 2014.

O Santos precisa ligar o sinal de alerta urgentemente. São 4 anos seguidos de queda nas Receitas e aumento de Custos e Despesas. Em 2015 o desempenho econômico-financeiro só não foi pior porque houve um crescimento inesperado – pelo menos sob o ponto de vista lógico – das Receitas com TV.

Apesar disso ainda teve que lançar mão de atrasos de Impostos, possivelmente encargos, e pagou valores elevados de Despesas Financeiras. Um clube nessa condição é inviável no longo prazo, considerando que as Receitas que mantém o clube relevante, como Publicidade e Bilheteria/Sócio Torcedor não apresentam volumes significativos para servirem de base para uma guinada.

A verdade é que o clube não soube viver sem Neymar, e todas as alternativas até agora não surtiram efeito financeiro, a despeito de algum sucesso esportivo, como a sequência de conquistas regionais, o vice-campeoanto da Copa do Brasil e o bom desempenho no Brasileiro de 2015.

O clube precisa usar ainda mais atletas da Base, precisa equacionar a relação Receitas/Custos e precisa buscar novas estratégias para obter mais Receitas sustentáveis.

O Santos precisa urgentemente rever seus conceitos.”

SÃO PAULO: “Cortaram o fio certo”

O grande ponto da análise do São Paulo é que o clube conseguiu “desarmar a bomba” ao modificar a gestão interna. Assim, amenizou os problemas detectados pelo Itaú BBA no estudo anterior, no qual apontava uma possível catástrofe.

Quem gosta de filmes e séries de ação já se deparou com a cena onde uma bomba está prestes a explodir e o herói permanece claudicante em frente a dois fios, decidindo qual deles cortar. Um deles desarma a bomba, mas o outro acelera a explosão.

O São Paulo esteve nessa situação em 2015. Alertamos que o clube estava prestes a explodir. Felizmente as gestões entenderam isso e aplicaram, ainda que de forma atabalhoada, soluções que permitiram cortar o fio correto.

Foram vendidos 8 atletas que trouxeram um volume expressivo de receitas. O clube lançou mão de alternativas heterodoxas, como atrasos de salários e encargos, adiantou recursos de patrocinadores e investiu com dinheiro emprestado. Além disso, apresentou programas de melhorias de gestão, contando com apoio de torcedores ilustres.

Fato é que sem esses movimentos o clube teria tido um ano ainda mais catastrófico. O resultado foi ruim, com déficit, dívidas elevadas, pagamentos de mais de R$ 40 milhões em Despesas Financeiras, atrasos – situações incomuns na história do clube – mas no episódio final, sobreviveu.

Entretanto, ainda há muito a fazer. Algumas Receitas estão aquém da possibilidade do clube, como a de Publicidade, assim como o Estádio já não gera tanto como no passado.

Em 2015 a Venda do Direito de Atletas salvou o clube, mas essa é uma receita incerta. Há dívidas elevadas e caras.

O clube começa 2016 ao menos respirando mais aliviado. Precisa agora implementar medidas austeras para que transforme o filme de horror que foi 2015 numa ação cujo final venha com títulos.”

SPORT: “Olhando para o futuro”

O Sport apresenta uma gestão organizada, controlada, que mantém as finanças equilibradas.

2015 foi um bom ano nesse sentido, onde vimos a equipe reestruturar suas dívidas tributárias, ao mesmo tempo que se utilizou de adiantamentos para reforçar seu caixa e entrar em 2016 pronto para manter uma equipe competitiva mas dentro de suas possibilidades.

É importante que o clube mantenha os pés no chão e suba de patamar de forma consistente.”

VITÓRIA: “Vitória de todos os santos”

Impressionante a postura correta adotada pela gestão do Vitória em 2015. Ao cair para a Série B e observar redução potencial de Receitas o clube agiu e reduziu mais que proporcionalmente seus Custos e Despesas, adequando-os à realidade do ano.

Resultado foi um desempenho econômico-financeiro equilibrado, com excepcional geração de caixa, contas aparentemente em dia, e dinheiro em caixa para iniciar 2016 na Série A com mais fôlego para buscar sustentabilidade de longo prazo na principal divisão do País.

Comportamento exemplar, incluindo a manutenção de investimentos em Base, que geram resultados de longo prazo. Claramente um clube pensando no futuro.”

NA SÉRIE B

BAHIA: “Colocando a casa em ordem”

O Bahia apresentou um comportamento bastante bom em 2015.

Operacionalmente conseguiu aumentar suas Receitas, reduziu Custos e Despesas e assim gerou mais caixa e de forma consistente. Fez investimentos corretos, liquidou dívidas, aderiu ao Profut.

O desafio agora é manter esta política de austeridade sem ter sucesso esportivo, uma vez que segue no 2º ano jogando a Série B. Mas persistência e paciência andam junto com processos de ajuste, pois o resultado aparece apenas no longo prazo. Um clube saudável, equilibrado, tem mais chances de permanecer por mais tempo disputando a Série A.”

VASCO: “Fogo na Colina”

O que esperar do Vasco da Gama?

O clube retornou à Série A em 2015, apresentou aumento de Receitas, aumentou gastos para montar um time supostamente compatível com a competição. Mas teve que pagar contas do passado, investiu além das possibilidades e isto o levou atrasar Impostos.

Encerrado o ano o clube não conseguiu reduzir dívidas – ainda que tenha renegociado as Fiscais via Profut – não reservou caixa, e acabou na Série B novamente. Para piorar, parte das receitas de 2015 não deverão se repetir nos próximos anos, seja porque a TV continha parte não recorrente, seja porque a Publicidade reduz de valor ao jogar a Série B.

Desta forma, fica cada vez mais distante de uma organização que permita ao clube voltar a ser a potência esportiva de um passado cada vez mais distante. É preciso por os pés no chão, reorganizar Custos e Despesas e aceitar a realidade de que os voos serão mais baixos, porém mais seguros.”

Fonte: ESPN

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