CBF: rainha da politicagem e inimiga do espetáculo

No último domingo, 04/06, impressionou a todos, inclusive a audiência televisiva, não apenas o público irrisório para o Clássico entre Flamengo e Botafogo, mas, sobretudo, o estado deplorável do gramado do Estádio da Cidadania, em Volta Redonda, o qual mais parecia um pasto, cheio de buracos e com a grama altíssima, dificultando até a bola rolar com normalidade e provocando contusões.

Isto decorreu de, mesmo o Flamengo tendo enviado à CBF os laudos demonstrativos da liberação do recém-reformado Estádio da Ilha, a Entidade alegar que o Clube não respeitou a antecedência regulamentar, dando vazão a um formalismo excessivo e burro, não demonstrado outrora com outras agremiações.

Não é novidade que a controversa gestão da CBF, presidida pelo confesso palmeirense Marco Polo Del Nero, é por paulistas e para paulistas, chegando ao extremo de, na contramão da nacionalização do futebol em nosso País, propalado com a construção de gigantescos estádios, na época da Copa do Mundo de 2014, proibir jogos fora do estado de origem dos clubes mandantes.

Tal medida, além de curta para uma Confederação que deveria preservar o interesse e a efetiva integração de todas as federações estaduais, foi premeditada, atingindo em cheio o Clube de Regatas do Flamengo, única agremiação com torcida forte e expressiva em todo o País, cuja Diretoria ousou capitanear a criação de uma Liga Independente (Sul-Minas-Rio).

Qual o medo da CBF nesse sentido? É a de uma Liga bem sucedida demonstrar para os grandes clubes que, a exemplo da fantástica Copa União de 1987, a dissidência é altamente viável e que eles não precisam da Confederação para organizar um campeonato rentável e de alto nível técnico.

Ao invés de manter sua ascendência – a qual traz aos seus dirigentes tantos lucros (nada transparentes) – por meio de um Campeonato bem organizado, inclusivo e atrativo, a CBF prefere o caminho de tolher, segregar e prejudicar, sem pejo, os clubes que lutam por seus direitos, “dando” (“não existe almoço grátis”) escravizantes subsídios financeiros às federações de Estados com menor expressão futebolística.

Não é à toa que ocorreu o malfadado 7 a 1. Não é a toa que, apesar da tradição de nossos times e da paixão das torcidas, as médias recentes de público do Brasileirão são pífias em comparação a outros grandes campeonatos do Mundo. Não é a toa que nosso futebol passou a fabricar menos craques do que no passado.
Assim como o sistema político, o sistema federativo de futebol está sangrando no Brasil, contaminado por uma farra néscia e sem fiscalização, com os principais interessados tendo se tornado reféns de mandatários sem legitimidade moral.

O futebol brasileiro é um patrimônio da gigantesca Nação Rubro-Negra e também de todo o povo de nosso continental País. Ademais, continua sendo um excepcional produto, que gerido com profissionalismo e seriedade, pode trazer lucros muito superiores aos clubes, com potencial de internacionalização, proporcionando mais deleite e conforto aos torcedores, os quais voltarão, prazerosos, a lotar os estádios para ver bons jogos em bons gramados.

É indispensável que, zelando pelo Estatuto do Torcedor, o Ministério Público Federal abra a caixa-preta da CBF e que os Ministérios Públicos Estaduais abram as caixas-pretas das Federações, pelo bem do Mengão e pelo bem de todos que querem construir glórias longe das práticas e dos interesses escusos.

Precisamos de uma Lava-Jato em nosso futebol!

SRN, CLAUDIO SAMPAIO

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Fonte: http://colunadoflamengo.com/2017/06/cbf-rainha-da-politicagem-e-inimiga-do-espetaculo/

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