Céu ou Inferno? Uma avaliação incompleta de 2016

Avaliar o ano de 2016 antes de seu final é meio prepotente, eu sei. No entanto, a vida não é fácil e precisamos considerar o que temos hoje, além do que já vimos ao longo desse ano. Não temos o ano fechado, mas é possível projetar cenários e isso não muda muita coisa. O que foi ruim, foi ruim, o que foi bom pode ser espetacular ou razoável.

É impossível, na minha humilde opinião, avaliar nosso ano de 2016 sem que a gente se recorte esse período. Primeiro e segundo semestres ou antes e depois de Muricy ou ZR, são o mínimo dentro dessa separação.

Pelo menos pra mim, o ano começa mal. A escolha de Muricy não indica um péssimo início de um triênio que seri “do futebol”, como prometeu EBM nas eleiçoes. Particularmente, Muricy não me agradou, mas me dava a impressão de que a velha raposa transformaria um elenco ainda carente de algumas contratações em um time competitivo.

O problema é que Muricy chegou contrariando a própria essência. A convicção que ele sempre teve em suas equipes mostravam times densos, mas de futebol pobre e excessivamente pragmático. Mesmo assim, sempre teve sucesso e competitividade em seus ensaios. A ideia parecia boa, já que precisamos de títulos. O problema é que Muricy se traiu após um breve estágio no Barcelona. Nada é pior a um treinador do que uma adaptação diferente de seu DNA.

O Flamengo de Muricy ganhou alguns reforços, penou com novos erros de planejamento e parecia SEMPRE um bando. Um 4-3-3 descompactado, sem bolas paradas bem treinadas e baixíssima coletividade. E foi assim que vimos um primeiro turno estranho, com um carioca vexatório e jogado por obrigação, uma primeira liga irregular e frustrante. Um início estranho de campeonato brasileiro nos deu a impressão de mais um ano de meio de tabela.

Muricy adoeceu, Zé Ricardo Assumiu e o Flamengo, pela primeira vez no ano, passou a parecer um time. A diretoria agiu e reforçou carências. Mas o time já parecia andar. Zé Ricardo deu, mais do que padrão, convicção, auto estima, brio a um time que era nervoso, apagado, mais ou menos e até mesmo sem sangue. Os laterais, ainda com Rodinei na direita, começaram a dar volume ao time.

Seguimos evoluindo com dinâmica, equilíbrio defensivo e um pouco de estrela também. Antes da chegada de Diego, o Flamengo já era um time arrumado e dinâmico. E mesmo com uma transição complicada e com uma Copa do Brasil desperdiçada, fizemos essa transição com muito mais qualidade e jogo coletivo.

O gosto amargo da eliminação da Sulamericana ligou o sinal amarelo e coincidiu com um momento físico complicado, pra dizer o mínimo, nossa vida de mascate começou a cobrar seu preço. Perdemos futebol e um pouco do caráter frio e vencedor que construímos. A Libertadores já é realidade. Com ou sem G4, mas a obrigação é G3. Mais do que isso, o cheirinho mexeu com a gente.

Entre um péssimo primeiro semestre e um segundo semestre muito bom, consideradas as barreiras, fico satisfeito com um ano de G3, mas quero mais, sempre mais. E se não quisesse, eu não seria Flamengo. O trabalho da diretoria é bom, mas poderia e deveria ser bem melhor.

Elenco se monta no primeiro semestre e se ajusta no segundo, não o contrário. Zé merece um ano INTEIRO e de verdade à frente do time, mas precisa de blindagem e confiança. Como já disse aqui, esse ano seria um aquecimento para um biênio que pode ser histórico e vencedor. Que isso aconteça.

Pagar dívidas e aumentar capacidade é lindo e correto, resgatar nosso orgulho e nosso respeito é fundamental, mas eles precisam e merecem títulos para coroar o trabalho. Nossa história é escrita por nossas Glórias e a justa coroação de um trabalho sério precisa acontecer pra que não pensemos em andar pra trás em troca das faixas que nos acostumamos a colocar no peito.

SRN

Thigu Soares
Twitter: @thigusores

Fonte: http://colunadoflamengo.com/2016/10/ceu-ou-inferno-uma-avaliacao-incompleta-de-2016/

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