Coluna do Torcedor: “Falhou a comunicação dos russos.”

Quantas partidas de futebol podem existir dentro de noventa minutos de um jogo? Qualquer rubro-negro que se lembre da partida de 2009 contra o Goiás no maracanã ou o jogo contra o Corinthians em 2016 no mesmo, sutilmente tremeu durante o primeiro tempo da partida desta noite de quarta-feira.

Um primeiro tempo onde, quem possui essas memórias com passadas festas e mosaicos, quem viveu a festa de papai Joel e a ressaca de Cabañas, não afirmaria que foi incomum o primeiro tempo de ontem, a festa maravilhosa na arquibancada misturada com a apresentação do time até aquele momento, eram ingredientes perfeitos para que voltasse à tona o verbo “flamengar”.

O intervalo do jogo não durou as mesmas 48 horas por minuto que antecederam as vésperas da partida; passou em um piscar de olhos, só não foi tão rápido quanto à velocidade em que o jogo se tornou uma partida completamente diferente.

Zé Ricardo nesses 14 segundos de intervalo entre os tempos, fez oito substituições no time sem gastar nenhuma das duas alterações que ainda poderia fazer, tirou Diego, que não havia entrado em campo, e colocou o Zic… Diego; dentro outras mudanças tirando um jogador e colocando o mesmo. Muitos dizem que camisa não ganha jogo, mas camisa faz gol, e Diego se deixou levar pelo número 10 que carregava em suas costas como uma tatuagem impregnada, homogênea à sua pele e transformou aquele time que vestia vermelho e preto no Clube de Regatas do Flamengo.

Não demorou muito para uma terceira partida se fazer presente naquele Maracanã lotado, terceira partida que sem dúvida fez os torcedores rivais roerem as unhas, seja na Argentina ou no Vaticano; Trauco, bem longe de seu lado esquerdo, praticamente como um jogador de meio-campo, acertou um canudo do meio da rua, com um nojo digno de Deco em suas melhores épocas pelo Barcelona.

Diego ainda buscando carimbar seu crachá de dono do espetáculo, cruzou uma bola um tanto despretensiosa num escanteio, bola essa que se tornou perigosa após a ajeitada crucial de Berrío, e letal após a cabeçada do, até então, criticado Rômulo, que pouco tempo depois sairia para a entrada do ainda mais rejeitado Marcio Araújo; mas engana-se quem pensa que essa foi a principal substituição feita pelo time no jogo, foi outra alteração que transformou tudo na quarta e última partida de futebol que aconteceu alí.

Gabriel… Nome de anjo, bíblico, nome também que define a reta final daqueles 90 minutos; como não associar o seu golaço com uma obra retirada dos mais sagrados versículos, pintura essa que passou a régua e deu números finais ao jogo. Se existem palavras que definem tamanho espetáculo em forma de gol, eu desconheço, foi humildemente monumental, foi bíblico; seguindo a mesma vertente, pouco me importa que Guerrero, atacante que eu pedi a Deus, perdeu o pênalti, apenas o lance que ocasionou o mesmo já pagaria o ingresso dos quase 70 mil presentes, sem dúvida que a renda da partida paga o tratamento de artrose que Gabriel fez o zagueiro argentino adquirir, nunca vi tão entortado!

No primeiro cenário que a partida se propôs, tinha tudo pra a festa se tornar ressaca, mas falharam na hora de avisar os “russos” (argentinos), e o “flamengar” errou de data e local naquela rodada, passou longe e foi parar na noite anterior em Curitiba, para atazanar o outro rubro-negro brasileiro do grupo 4 da libertadores; no fim de tudo, as várias partidas que aconteceram no Maracanã terminaram com um resultado, quatro a zero, fora o baile, pra empolgar qualquer torcedor nessa libertadores, mas não irei perguntar “se alguém sabe o preço das passagens para o Emirados Árabes em dezembro”, até porque ainda faltam mais 13 jogos para atingirmos o topo da América, mas cá entre nós, o Urubu já sobrevoa aterrorizante os pesadelos de cada jogador e torcedor do Bayern de Munique!

Nick Marques


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Fonte: http://colunadoflamengo.com/2017/03/coluna-torcedor-falhou-comunicacao-dos-russos/

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