Com aval de Crivella, novo estádio do Flamengo na Gávea gera barulho com moradores

O estádio do Flamengo na Gávea será acústico, mas o debate sobre a sua construção fará barulho até que saia do papel. Nesta sexta-feira, foi assinado o protocolo de intenção entre clube e prefeitura. Imediatamente, a Associação de Moradores e Amigos do Leblon (AmaLeblon) manteve posição contrária e prometeu ir à Justiça. Desta vez, no entanto, o rubro-negro conta com um aliado político.

Até as assinaturas do presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, e a do prefeito Marcelo Crivella estarem lado a lado no protocolo de intenção, muita negociação foi feita nos bastidores. Durante a campanha, em 2016, Crivella, assim como o seu rival na corrida eleitoral, Marcelo Freixo (PSOL), visitou Bandeira. O assunto foi tratado, e houve sinalização positiva, concretizada nesta sexta.

O protocolo é um sinal verde da prefeitura ao desenvolvimento do projeto de estádio para 25 mil pessoas, que terá que ser aprovado e ainda está em desenvolvimento. O documento teria o poder de acelerar a concessão das licenças, entre elas, as de meio ambiente, trânsito, e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Enquanto isso, Crivella experimenta a popularidade junto aos torcedores do Flamengo, e entende a movimentação como parte do jogo.

— Qualquer político deveria fazer isso (se aproximar do clube). Afinal, o Flamengo tem mais de 50% dos torcedores do Rio — disse Bandeira, que mantém a vontade de administrar o Maracanã e usá-lo em jogos para público maior. — O mais importante é a intenção política do prefeito, que assumiu o compromisso.

CONTRAPARTIDA RUBRO-NEGRA

Se na sexta-feira eles estavam sentados lado a lado no auditório da prefeitura, Crivella e Bandeira podem estar juntos no Maracanã neste sábado. A estreia no Brasileiro, contra o Atlético-MG, foi planejada para ser um megaevento, com ingressos populares e renda destinada à compra de 350 toneladas de alimentos, que irão compor mais de 200 mil refeições, distribuídas na reabertura dos restaurantes populares da prefeitura. O clube, que estará hoje isento da taxa de 5% da Federação e de pagar o aluguel à Maracanã S.A, bancará os alimentos, mesmo que a renda não seja suficiente.

A subsecretária municipal de Esportes, Patrícia Amorim, ex-presidente do Flamengo, foi diplomática ao frear ideias dos demais secretários e colaboradores de Crivella para o jogo. Entre as sugestões estavam a entrada em campo de centenas de crianças, entrega de parte dos alimentos dentro do Maracanã e a assinatura do protocolo de intenção antes do jogo.

— Foi bem complicado. A Clarissa (Garotinho, secretária de Desenvolvimento, Emprego e Inovação) tinha um entendimento; o Índio (da Costa, secretário de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação) tinha outro… — contou Patrícia.

DISCUSSÃO SOBRE IMPACTO

Sobre o estádio, ainda não há previsão de custo nem prazo para o início das obras. O certo é que será para até 25 mil pessoas e, quando for aprovado o projeto, ficará pronto em três anos a partir do começo da construção. Mas é um “chute”, como admitiu Bandeira. Não haverá estacionamento, mas há a opção do metrô. A Arena da Baixada, em Curitiba, é o modelo.

— Antes não existia a tecnologia para a acústica, para evitar barulho. Não havia o metrô. O trânsito sempre foi obstáculo. É possível ter estádio sem incomodar — acredita Crivella.

Presidente da AmaLeblon, Evelyn Rosenzweig diz que já contratou advogado e garante que irá à Justiça para evitar o impacto do projeto na região.

— Vamos lutar muito contra isso. Temos esse direito para vigiar a qualidade de vida da nossa vizinhança, que sequer foi consultada. Há a questão urbanística, o adensamento, a Lagoa, o barulho… Um estádio demanda infraestrutura, logística, segurança pública, o que não é simples em um bairro sobrecarregado que estão querendo degradar. Não precisamos disso. O movimento é contrário. Queremos resgatar a qualidade de vida — afirmou Rosenzweig.

Fonte: https://oglobo.globo.com/esportes/com-aval-de-crivella-novo-estadio-do-flamengo-na-gavea-gera-barulho-com-moradores-21334184

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