O Flamengo vira a chave para a fase eliminatória da Copa do Brasil, a partir de amanhã, contra o Athletico-PR, que o eliminou nas mesmas oitavas de final da competição no ano passado. Se quiser ter um desempenho melhor do que em 2019 em termos de títulos, o torneio passa a ser uma obrigação a mais, e será o terceiro jogado ao mesmo tempo pelo time rubro-negro, além do Brasileiro e da Libertadores.

Se com duas frentes já vem sendo difícil administrar o calendário e o elenco, que tem sofrido com desfalques em função de lesões, suspensões, convocações, e até por um surto de Covid-19, o planejamento do técnico Domènec Torrent ganha um desafio extra.

— Agora só estou deixando os que estão prontos para jogar, que estão fazendo um esforço grande para ajudar — avisou Dome, que vem de uma cultura que valoriza mais os torneios nacionais do que as copas.

Apesar de novo duelo pela liderança do Brasileiro, contra o São Paulo, domingo, o técnico deve dar mais peso aos jogos que valem mais. Não houve debate sobre poupar jogadores. No mata-mata, joga quem está melhor. No vestiário após o jogo com o Inter, o técnico indicou que neste tipo de competição não há espaço para erros.

Se o português Jorge Jesus não teve tempo de colocar isso em prática, pois acabou eliminado em seu primeiro duelo da Copa do Brasil, após um mês de trabalho, o espanhol chega ao torneio com mais bagagem de Flamengo, e colhe os frutos de um processo de adaptação do elenco às suas ideias, que já dura três meses.

Mas os obstáculos são semelhantes. Se em 2019 o time jogou 74 partidas, em 2020 pode chegar a 79. Até agora são 44, entre Recopa Sul-Americana, Supercopa do Brasil, Estadual, Brasileiro e Libertadores. Restam 20 rodadas dos pontos corridos pela frente, sete jogos do torneio sul-americano e oito da Copa do Brasil, caso o time vá às finais.

Fora a maratona de partidas do calendário espremido, que tem levado a realização de um rodízio de atletas nos jogos, o Flamengo ainda sofre com a convocação das seleções para as Eliminatórias. O chamado pode gerar desfalques de jogadores como Éverton Ribeiro, Rodrigo Caio, Bruno Henrique, Pedro, Isla, Arrascaeta, além de jovens da base para as seleções sub-20 e sub-17.

Para o jogo com o Athletico-PR, Arrascaeta, Diego Ribas e Rodrigo Caio ainda são baixas por questões médicas, assim como Gabigol. A boa notícia é que Diego Alves foi integrado ao grupo que treina em Porto Alegre e segue para Curitiba para o jogo de ida da Copa do Brasil. Ainda assim, o jovem Hugo Souza, o Neneca, tem chances de ser mantido como titular.

O entra e sai no time, porém, promete se intensificar. Suspensos no domingo, contra o São Paulo, Arão e Thiago Maia estão à disposição para a Copa do Brasil. Assim como Pedro Rocha, que voltou a ser relacionado contra o Inter. Se o Flamengo tem mais motivos para perder jogadores do que no ano passado, também tem um elenco com mais opções, e faz dos jovens da base uma alternativa. Tanto que mandou o volante Daniel Cabral para reforçar o elenco na partida pelo Brasileirão. Com a manutenção do padrão de jogo com o time que for, o Flamengo quer ganhar tudo.

Mudanças no CEP

Mas há uma preocupação no clube. Logo às vésperas da chegada de uma nova competição, a diretoria deu início a reformulação no setor que cuida do desempenho físico do futebol. O Centro de Excelência em Performance passa por mudanças, com a saída de uma série de profissionais desde a última semana. O que fatalmente vai gerar um novo processo de transição, com a chegada de novos funcionários.

Estão de saída os fisioterapeutas Fabiano Bastos, Eduardo Calçada e José Batista (da base), os médicos Gustavo Caldeira e João Marcelo, o nutricionista Douglas Oliveira, o fisiologista Lucas Albuquerque, o roupeiro Moisés Santos e um profissional que dá respaldo na academia. O preparador de goleiros Wagner Miranda também corre riscos, por não ter a predileção do goleiro Diego Alves.

Permaneceriam no CEP o fisioterapeuta Mário Peixoto e o preparador físico Roberto Oliveira. O Flamengo deve contratar o preparador físico Rafael Winick, que é personal trainer particular de alguns dos atletas do clube, como Diego Ribas. E mais um fisioterapeuta – Marcio Puglia, ex-Vasco.

Ainda haveria a reintegração do preparador físico Alexandre Sanz, afastado da função ano passado, mas que seguiu no clube por ser membro da Cipa (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes). O profissional, inclusive, participou da campanha de Marcos Braz à presidência em 2018, antes do dirigente apoiar Rodolfo Landim.