Cruzeiro derrota o Flamengo nos pênaltis e conquista o penta

Grandes clubes, com grande capacidade de investimento, precisam estar nas grandes decisões, disputar títulos. O Flamengo saneou suas finanças, melhorou seu elenco, trouxe jogadores de peso, frequentou o alto da tabela do último Brasileiro e ontem jogou a final da Copa do Brasil. Mas não basta. Há um compromisso que o Flamengo ainda não consegue cumprir, um passo adiante que o clube não consegue dar. E que também é papel dos grandes clubes: agigantar-se nas grandes ocasiões, conseguir se impor nos grandes jogos. Ontem, voltou a entregar menos do que se podia esperar numa final. E perdeu outro jogo crucial: 0 a 0 no tempo normal, 5 a 3 nos pênaltis para o Cruzeiro.

Houve equilíbrio em boa parte do tempo, mas sempre uma sensação de um pouco mais de ambição do outro lado, não do Flamengo. E, por mais cruel que pareça, Diego, um dos símbolos deste clube mais capaz de investir e brigar por grandes nomes, foi o rubro-negro a desperdiçar sua cobrança após um jogo em que fora pouco influente. Chegou-se a apostar, talvez num toque místico, que Muralha pudesse viver sua redenção numa disputa por pênaltis. Mas o nome decisivo foi Fábio, 36 anos, ídolo do clube mineiro. Se decisões testam a personalidade, a experiência, a vivência, não é de estranhar que outro jogador de idade avançada tenha se destacado. Se o Flamengo não venceu, não foi por causa de Juan, 38 anos. Um dos melhores do time no Mineirão.

Finais assim, em que não há vantagem para qualquer dos lados, costumam ser um exercício de moderação de riscos. Cada passe é medido, cada pequena ousadia é ponderada. Foi o ponto que uniu Flamengo e Cruzeiro no primeiro tempo do Mineirão. No mais, quanto às estratégias, havia duas formas diferentes de tentar chegar ao gol. Ainda que ninguém estivesse disposto a se expor muito.

O Flamengo buscava um jogo mais elaborado, cadenciado, tentando abrir espaços movendo a bola, que passava longo tempo nos pés dos defensores até a tentativa de um passe vertical, na direção do ataque. O Cruzeiro apostava num jogo mais direto, em buscar mais rapidamente os atacantes, buscando punir erros de saída de bola rubro-negras. Colocando na balança as chances criadas e perdidas, a proposta cruzeirense andou mais perto de mexer no placar.

O Flamengo jamais chegou à área rival em condição de finalizar, voltava a ser o time com aparente controle da partida mas sem contundência, sem presença perto do gol. Ainda que Guerrero exibisse a personalidade necessária nos grandes jogos, saísse da área para ser opção de passes e esperar que o time se aproximasse para fazer o Flamengo jogar mais perto da área. Cobrou uma falta no travessão, buscou algumas tabelas. Na melhor trama do Flamengo através de passes, Arão achou espaço entre volantes e zagueiros do Cruzeiro e chutou para Fábio pegar. Mas faltava mais presença dos pontas perto do gol e apoio dos laterais. Em especial Trauco, opção de Reinaldo Rueda ontem, que tem como ponto forte mais a construção de jogadas do que o combate.

No mais, o jogo imaginado por Mano Menezes ocorreu mais claramente, ainda que por vias tortas. Tanto se fala que finais se decidem em detalhes e um drama pessoal quase cumpriu a regra. O jovem Raniel saiu machucado e aos prantos aos três minutos. E a entrada de De Arrascaeta desequilibrou a marcação rubro-negra. O uruguaio saía do centro do ataque para os lados, em especial o esquerdo, onde junto com Alisson batia a marcação de Pará. E foi em recuperações de bola com o Flamengo saindo para o jogo que Arrascaeta e Thiago Neves perderam boas oportunidades. A de Thiago, a melhor do jogo.

O segundo tempo trouxe, como única alteração do panorama, um Cruzeiro que explorava mais os lados do campo. Em grande parte, por perder Robinho no intervalo e voltar com Rafinha. Foram dez minutos de muitos problemas para o Flamengo, pressionado em seu campo embora sem conceder tantas oportunidades claras ao adversário.

Aos poucos, o jogo voltou ao seu roteiro de poucos riscos, embora o Flamengo trouxesse um Diego mais perto da área cruzeirense, tentando ser o homem do passe final. Conseguiu pouca coisa, foi muito marcado e não viveu sua melhor noite. Num chute de curva, exigiu defesa razoavelmente fácil de Fábio. Novamente, a maior sensação de gol seria provocada pelo Cruzeiro, em falha de Muralha que Arrascaeta cabeceou fora.

Rueda tentou lançar Paquetá na vaga de Éverton e, depois, Rodinei no lugar de Berrío. Mas o Flamengo viveu da luta solitária de Guerrero, que ganhou de dois adversários antes de acertar o ângulo de Fábio, que voou para decretar a cobrança de pênaltis como desfecho de uma final que testava os nervos.

Fonte: https://oglobo.globo.com/esportes/cruzeiro-derrota-flamengo-nos-penaltis-conquista-penta-21880899

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