Durante um Seleção SporTV desta semana, o ex-técnico e agora comentarista Muricy Ramalho foi claro ao comentar sobre eliminações precoces de times brasileiros em competições sul-americanas, muitas vezes por rivais de menor expressão. “Eu acho que os times brasileiros gastam mal. Gastam demais. Para dar um exemplo do Palmeiras: tinha elenco que todo mundo dizia que era o melhor do país, mas não tinha 11 melhores (jogadores) do que os outros times. Isso é gastar mal. Os nossos jogadores estão muito valorizados pelo que jogam. A verdade é essa, sinceramente.”
Sim, ele tem razão.Contratar sem critério e oferecer fortunas a nomes comuns é algo que precisa ser fortemente coibido, claro. É o primeiro passo para sentarmos em cima dos nossos defeitos e vermos que não somos imbatíveis. Mas há um outro fator a ser colocado neste cenário: a autossuficiência que muitos ditos protagonistas acham que possuem. E aí eu incluo não apenas os atletas.
O futebol brasileiro vive (infelizmente) muito das individualidades. Clubes, do alto de sua pompa, dão a profissionais um poder que é praticamente indescritível. Daí, por óbvio, esses acabam por dominar o cenário sem dar a cara para bater.Não se pode, por exemplo, ouvir de um Vanderlei Luxemburgo que não se tem nada a aprender com quem vem de fora. Não se pode dar, sem qualquer tipo de contestação, a chave de um vestiário para um treinador, seja ele qual for, fazer o que quiser. Se isso ocorre, naturalmente os dirigentes ficam subordinados às suas vontades e não têm o poder para questioná-los. E, se um resultado ruim dentro de campo acontece, a bronca naturalmente vai estourar no lado menos forte da corda, com as estrelas saindo praticamente inabaladas. Ou olhamos para o nosso umbigo e vemos que o futebol não se faz apenas com dinheiro e prestígio ou continuaremos a sentir o gosto amargo de vexames inesperados. Ah, e com toda a justiça.
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