Espanholização no modelo de contratação?

Muito se fala por aí sobre as cotas de TV que há uma espanholização do futebol brasileiro. Alguns colegas aqui já versaram sobre este tema que sempre fica aguardando uma oportunidade por parte da mídia e de outros clubes oportunistas. O Flamengo vai mal, o assunto desaparece. O Flamengo vai bem e o assunto volta.

Gostaria hoje de observar noutra direção. Se existe a discussão sobre espanholização das cotas, qual o modelo de gestão de clube/contratação o Flamengo mais se aproxima no projeto espanhol de futebol?

O modelo de contratação do Barcelona é ideal para os românticos e saudosistas, como eu, que gostariam de ver o Flamengo contratar cirurgicamente jogadores que decidam, enxertados de grandes pratas da casa.

Nos últimos três anos, o clube catalão fez 15 contratações, 11 vendas obtendo um prejuízo de 186,57M e manteve um número de 28,6 atletas no elenco, dos quais a média de 12 pratas da casa, 7 titulares. Minha conclusão é que, guardadas as devidas proporções, o clube brasileiro que mais se aproxima desse modelo seja o Santos ou internacional. Há muito debate sobre o assunto e já escrevi sobre em outro momento. Portanto vou evitá-lo neste texto.

Uma coisa muito importante de se dizer é que, para efeito de análise, utilizamos apenas contratações que exigiram compra de direitos econômicos de jogador. Portanto, empréstimos e “oportunidades” de mercado estão descartados tanto para a venda quanto para compra. Outra coisa é que os jogadores são substituídos e emprestados durante a temporada, então para efeito de análise, estar no elenco daquele ano é ter jogado pelo clube oficialmente e/ou ter ficado a disposição durante a temporada no banco.

Como todos já devem estar carecas de saber, o Real Madri tem um modelo bastante agressivo de mercado. Nos últimos três anos fez 11 contratações, 10 vendas obtendo um prejuízo de 80,65M e manteve um número de 30,6 atletas no elenco dos quais a média de 6 pratas da casa, 3 titulares (acreditem! Carvajal, Fernandez e Vasquez fizeram dois terços ou mais das partidas do clube no ano).

A maioria não vai curtir, mas a impressão que dá é que o Flamengo caminha cada vez mais nesta direção. Ao longo da gestão bandeira foram contratados um número de 20 jogadores, 5 foram vendidos, enquanto um número absurdo de pratas da casa jamais tiveram espaço. Para se ter uma ideia, na média dos cinco anos apenas cinco por ano tiveram oportunidade. Luiz Antônio, Paulo Victor, Rafinha, Nixon, Samir e Jorge foram os únicos a obter oportunidades mais claras e com frequência. Uns foram vendidos, outros emprestados, dispensados, caíram no esquecimento. Mas o aproveitamento da base não é o tema central desta coluna.

Dos onze titulares atualmente, apenas dois são oriundos da base. Um nem é uma unanimidade, tendo herdado a vaga devido à má fase de Muralha. “Mas você voltou a falar da base, Anderson”! Apenas para constatar que o Flamengo tem montado seu time fundamentalmente com contratados. Nem é para criticar. Esta coluna antes é um ensaio para que todos formemos opinião a respeito, do que uma cornetagem.

Uma coisa digna de nota no caso destes clubes, é a quantidade de jogadores comprados que não são aproveitados e acabam emprestados em clubes secundários da Europa. Muitas vezes vão para o time B e até C, caso de Real Madri, que possui time B até para o juvenil. Vale uma tentativa, por exemplo para fazer apostas em jogadores pelo Brasil e América do Sul e na base.

Para não ser leviano, é interessante falar de um clube que, ainda que a passos lentos, começa a se infiltrar na dicotomia espanhola e conquistar seu espaço. O Atlético de Madrid, mesmo com orçamento inferior, tem aparecido no cenário local e Mundial com determinada frequência. É muito claro que alguns fatores convergiram para isto e que será difícil de manter a longo prazo, mas é um fenômeno que deve ser colocado sob uma lente microscópica para maiores averiguações.

Seria necessário uma coluna só para este fenômeno para entender o que, de fato, se passa pelos lados Castelhanos. O clube de Simeone contrata mais, vende menos e tem maior prejuízo no quesito contratações. Inclusive tem menos pratas da casa em seu time. Noutro momento faremos esta análise, visto que o que nos importa aqui é Flamengo.

O modelo carece de estudo, mas seria interessante apreender o que funciona melhor nos três casos sempre visando o que desejamos para o futuro, que é estar no topo.

O que você acha dos modelos? O Flamengo está pendendo mais para qual lado? É lógico que não são os únicos modelos da face da terra, mas aproveitando o ensejo da espanholização. Chega mais. Bora prosear!

Anderson Alves, O otimista.
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Fonte: http://colunadoflamengo.com/2017/06/espanholizacao-no-modelo-de-contratacao/

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