Ex-árbitro critica conduta de assistente no clássico Fla-Flu: “Falta de postura”

A polêmica do clássico Fla-Flu desta última quinta-feira
provavelmente nunca terá fim, mas há análises a serem feitas sobre a decisão da
arbitragem que gerou uma grande confusão no fim do jogo vencido por 2 a 1 pelo
Rubro-negro, pela 30ª rodada do Campeonato Brasileiro. No Seleção SporTV, o
ex-árbitro e hoje comentarista Paulo Cesar de Oliveira apontou que o problema
se originou na falta de personalidade do auxiliar Emerson Augusto de Carvalho
(assista ao vídeo).

– Primeiro ponto: é um lance de interpretação fácil. A
jogada era uma falta, bola parada, os jogadores do Fluminense Cícero, Henrique
e Gum estavam em posição de impedimento e o Henrique acabou fazendo o gol, que
foi imediatamente anulado pelo assistente da Fifa, um dos mais experientes do
Brasil, Emerson Augusto de Carvalho. Na sequência tem toda a pressão e
reclamação e, com todo respeito que tenho ao Emerson, por ser um assistente “mundialista”,
por ter marcado corretamente o impedimento, ele tinha que ter mantido a sua
postura e não ter deixado se levar pela reclamação dos jogadores do Fluminense.
Ontem li muita crítica ao Sandro Ricci, que o Emerson anulou corretamente e o
Sandro resolveu dar o gol, mas a gente tem uma imagem muito clara que quando o
Emerson marca o impedimento o Sandro apita, levanta os braços fazendo o gesto
de que o gol estava anulado. Era só dar sequência ao jogo. O Flamengo bateria o
tiro livre indireto, recomeçaria o jogo e ponto final. A gente hoje não estaria
aqui discutindo. O que levou a toda confusão foi a falta de personalidade do
assistente, o Emerson, que deveria ter mantido a sua posição, mas infelizmente
se deixou levar pela reclamação dos jogadores do Fluminense. (…) O problema
é, na minha visão, todo ele causado pelo assistente, pela falta de postura e
personalidade de manter sua primeira decisão, que era a posição correta.

Aos 39 minutos do segundo tempo, quando o Flamengo já vencia
por 2 a 1 no Raulino de Oliveira, em Volta Redonda, Gustavo Scarpa cobrou falta
pela esquerda do ataque e Henrique cabeceou para empatar a partida. O auxiliar
Emerson Augusto de Carvalho levantou a bandeira e anulou o lance dando
impedimento do zagueiro. Só que, após pressão do jogador e uma conversa rápida
com o árbitro Sandro Meira Ricci, o gol acabou validado. Mas apenas por alguns
minutos. Logo depois, ele voltou atrás e anulou mais uma vez.

Questionado pelo apresentador do Seleção SporTV, Marcelo
Barreto, se era comum que os personagens do jogo como jogadores e técnicos
alegassem terem tido informações vindas da TV, Paulo Cesar de Oliveira apontou
naturalidade no fato.

– Isso é muito comum. Hoje a informação chega
instantaneamente para a comissão técnica, para os jogadores do banco, às vezes para
os jogadores que estão ali atrás do gol aquecendo. É muito natural jogador ou
treinador dizer: “Paulo, a televisão mostrou que estava impedido”. Ou:
“Paulo, a televisão mostrou que não foi gol”. Isso é muito normal,
muito natural quando parte de jogadores, torcedores, até gandulas, isso é um
fato corriqueiro. O que não pode é o assistente se deixar levar por esse tipo
de pressão, que é normal num jogo quente, num lance decisivo aos 40 minutos de
jogo. Essa contestação do Henrique no calor do jogo é normal, e a contestação
por parte das equipes, comissão técnica, jogadores, também é muito normal. O
que não pode é a arbitragem se deixar levar por essa pressão ou o quarto árbitro
receber informação de alguém da imprensa ou algum agente externo e passar a informação
para a arbitragem. Isso é proibido pela regra.

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Apesar de apontar o início da confusão na postura do
auxiliar, o ex-árbitro também criticou a forma como o árbitro Sandro Meira
Ricci conduziu o problema e deixou criar uma grande confusão à beira do
gramado.

– (…) O que a gente tem que discutir é o procedimento
adotado pelo Sandro Ricci e pelo Emerson Carvalho e toda a equipe de arbitragem,
uma equipe experiente. Ele não poderia em momento algum ter mantido esse diálogo
durante 12 minutos, que é um tempo exagerado, ali na lateral do campo com a interferência
dos jogadores das duas equipes, do policiamento, do delegado do jogo, do inspetor
do jogo, que se aproximou, que é o Sergio de Oliveira Santos. Ele tinha que ter
ido para o centro do campo, chamado o Emerson Carvalho, e longe de pressão e tumulto
tomar a decisão (…). Demora 12 minutos para tomar uma decisão. Como é um
tempo muito longo, acaba levantando suspeitas e todos os indícios de uma interferência
externa – concluiu o comentarista.

Fonte: http://sportv.globo.com/site/programas/selecao-sportv/noticia/2016/10/ex-arbitro-critica-conduta-de-assistente-no-classico-fla-flu-falta-de-postura.html

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