Felipe tenta fechar feridas da saída do Fla: “Vou fazer lembrarem de mim”

Um goleiro de muitas defesas. E também de ataques.

– Acho que o Vasco tá jogando o Campeonato Paulista. Não pode um time carioca ficar 10 anos sem conquistar um título (estadual) – disse, afiado, pouco depois da conquista do título estadual com o Flamengo sobre o rival, em 2014.

Felipe tem o corpo marcado por tatuagens e uma carreira cercada por polêmicas.

– Acho que hoje eu até pago por isso, por ser às vezes autêntico demais. Às vezes, você tem que falar aquela língua da boleirada mesmo, que quer ganhar os três pontos, se Deus quiser vai fazer um bom jogo, para que não tenha problemas, né?

Problemáticas foram as saídas de Vitória, Corinthians e Flamengo. No Rubro-Negro, foi demitido depois de ter sido afastado por seis meses.

– Eu esperava um pouquinho…não digo de respeito, mas que me explicassem realmente. Pô, a gente não quer mais, fulano de tal não quer você, não sei o quê. Valeu pelo seu tempo de serviço aqui, sua vida segue, mas infelizmente não foi assim.

Felipe era titular absoluto desde o início de 2011. Mas tudo mudou para ele em julho de 2014. Apesar de na época ter contrato até o fim de 2015, foi escanteado pelo técnico Vanderlei Luxemburgo. De uma hora para a outra, a primeira opção virou figura nula. E ele diz que até hoje não ouviu uma justificativa, apesar de ter reencontrado o técnico há pouco tempo.

– Eu participava da rotina com o grupo, teve um dia que não deixaram eu entrar para uma reunião (com os jogadores). Então, foi uma coisa que foi feita que machucou bastante, mas que passou. E não me interessa mais saber porque aconteceu isso. Encontrei o professor quando ele tava com o clube chinês em pré-temporada no Brasil. Brincou comigo, falamos sobre futebol, mas não tocamos no assunto.

Relaxamento, bebida e excesso de peso

Enquanto ficou encostado, Felipe deixou de ter uma vida de atleta.

– Na pausa para a Copa do Mundo de 2014, fiz uma viagem para os Estados Unidos e comprei umas roupas para o aniversário da minha filha, né? Eu estava afastado, estava largado, né? Comendo, bebendo, sem treinar, sem nada. E na semana do aniversário eu fui experimentar a roupa e a roupa não entrou, pô. Foi um dos estalos que eu tive, né? De falar: cara, se não dá certo aqui, vai ter que dar em outro lugar.

Tentou primeiro no Figueirense, mas não conseguiu virar titular e não teve o contrato renovado. Voltou a jogar mesmo no Bragantino, no início de 2016, só que saiu antes de o contrato acabar por atritos com o treinador. Aos 32 anos, foi convidado por Joel Santana para recomeçar no Boavista, justamente o adversário do Flamengo neste sábado, às 19h30m, em Natal, pela primeira rodada do Carioca.

– Meu pensamento é de como fosse meu primeiro clube. Eu sei onde posso chegar. Eu sei o nível em que eu estou. E sei que esse Campeonato Carioca vai ser muito bom pra mim. Eu vou…não calar, mas vou poder fazer as pessoas lembrarem de mim, do que sou capaz.

Ponto de partida…contra o Flamengo

Em outubro de 2015, Flamengo e Felipe chegaram a um acordo sobre a Ação Trabalhista que o jogador movia contra o clube na Justiça. Ele recebeu R$ 3,6 milhões do Rubro-Negro à vista. Nas boas lembranças, três títulos pelo clube em quatro anos: dois Cariocas (2011 e 2014) e uma Copa do Brasil (2013). Felipe é o goleiro com a maior invencibilidade na história do clube. Ficou 25 jogos sem perder em 2011. Foi o último a usar a camisa 1 rubro-negra. Depois da saída dele, Paulo Victor, que agora foi jogar na Turquia, e Alex Muralha, contratado no ano passado, preferiram não usar o número.

– Eu vivi praticamente oito anos seguidos no céu, que foram quatro de Corinthians e quatro de Flamengo. E hoje estou há dois anos meio que batendo cabeça, mas isso não vai me abalar. Eu acho que sou jovem para goleiro ainda, vários atletas, goleiros das equipes grandes, ou têm a minha idade ou são mais velhos do que eu. Então, sei que ainda posso render muito, mas isso só vai poder acontecer se eu fizer um bom campeonato carioca para que em maio, quando acabar meu contrato com o Boavista, quem sabe eu possa estar numa equipe de ponta, mostrando que eu sou um vencedor como eu sempre fui.

Felipe disputou 188 jogos pelo Flamengo. Sofreu 200 gols e defendeu 11 pênaltis. No reencontro com o ex-clube, nenhum sentimento especial.

– Tenho carinho pelo clube, foram quatro anos, quase 200 jogos, mas passou. Agora, só penso no Boavista. Quero que o clube possa ser aquela surpresa que sempre aparece no campeonato. Temos atletas que conquistaram títulos importante, por clubes importantes, e promessas também. O Joel está animado, ele não está no clube por estar. E a gente fica feliz por isso e sabe que com ele a gente pode, sim, chegar longe.

Fonte: http://globoesporte.globo.com/rj/serra-lagos-norte/futebol/campeonato-carioca/noticia/2017/01/felipe-tenta-fechar-feridas-da-saida-do-fla-vou-fazer-lembrarem-de-mim.html

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