Fla desentorta lado, muda time e gol sai com velha dupla Sheik-Guerrero

Foram apenas dois treinos e nova arrumação tática numa
equipe que se acostumou a jogar de maneira quase mecânica. Dois volantes, dois
pontas abertos para fazer um vai e vem constante, outro centralizado e um
atacante de área. Mas Zé Ricardo optou por losango no meio de campo para
enfrentar o Palestino. O problema é que, fora Márcio Araújo, que atua centralizado
logo à frente dos zagueiros, Mancuello e Alan Patrick caíam para a esquerda,
onde já estava Fernandinho e Jorge, também em constantes subidas ao ataque. A
vitória por 1 a 0 – gol de Emerson Sheik – serviu também para o treinador observar
variações de jogo.

Fernandinho mostrou mais uma vez que briga pela posição de
titular com Everton. Incisivo, foi para dentro de Sierralta e ganhou todas. Deu
corte seco no lateral e chutou rente ao gol de Melo. Depois, tabelou com Jorge
e fez outra grande jogada e mostrou que o mapa da mina era aquele setor. Mas
faltou, além de precisão, alguma companhia na área para Guerrero. Mancuello
partia de trás com a bola pela esquerda e esbarrava em Alan Patrick, que
costuma entrar por aquele lado no time de Zé Ricardo.

Na ala direita, estavam isolados Rodinei e Cuéllar. Houve
tentativas, mas eles eram desarmados até com facilidade pelos palestinos, que
dobravam a marcação e fechavam os espaços. No segundo tempo, a inteligência de
Alan Patrick compensou a partida ruim do meia rubro-negro. Ele chamou Zé
Ricardo e pediu que o time voltasse ao 4-2-3-1. O treinador concordou com a
mudança: Cuéllar recuou para jogar do lado de Márcio Araújo tal qual William
Arão. Alan Patrick abriu na esquerda, Fernandinho na direta e Mancuello ficou
centralizado atrás de Guerrero.

– Alan falou comigo. Não há problema algum. No
Brasileiro, estamos jogando no 4-2-3-1. Jogamos com Arão e Márcio e com o Diego
adiantado. Entendíamos que naquele momento, com as trocas de ontem (no treino),
iríamos mudar essa plataforma. O jogador está dentro de campo, tem
sensibilidade maior que a gente, não problema algum de falar comigo – disse Zé,
que reconheceu desentrosamento na troca de sistema de jogo com poucos dias de
treinamento.

Até aquele momento o Palestino mandava no jogo no segundo tempo.
Finalizou seis vezes contra nenhuma do Flamengo. Zé foi obrigado a tirar
Fernandinho e colocou sangue novo. Fora lances de escanteio cortados pela zaga
chilena, Marcelo Cirino foi o primeiro rubro-negro a tentar o gol. Em
cruzamento de Mancuello, ele cabeceou tirando do goleiro, mas Luna salvou. Em
seguida, Guerrero quase marcou. Sheik entrou para ocupar a posição de
Mancuello, mas, com cacoete de centroavante, se posicionou mais perto da área.
Numa escapada de Cirino, o peruano estava bem marcado, mas a bola sobrou limpa
para Sheik escolher o canto.

Zé justificou o esquema inicial com a preocupação nos
avanços de Cereceda, lateral-esquerdo do Palestino. Preocupou-se em colocar
Cuéllar por aquele setor, num losango de um tradicional, mas desequilibrado
4-4-2. Havia, porém, espaço até nos necessários avanços do colombiano para
auxiliar Rodinei. Carvájal, Mazurek, Valencia e Benegas entravam com mais
espaço naquele setor – dois abertos e um deles entre a linha de marcação de Cuéllar
e Mancuello e Márcio Araújo. Apesar do desafogo pela esquerda, houve
dificuldades para o Flamengo em boa parte do jogo.

É difícil imaginar que Zé Ricardo vá manter o esquema com
losango no meio de campo e dois atacantes na frente. Talvez se Emerson Sheik
estivesse na ponta dos cascos, pela característica que mistura jogador de lado
dos campos, com toque de bola, aproximação na área e finalização, seria a
alternativa ideal para o treinador. Mas é nítido que o técnico sente mais
equilíbrio na equipe com dois volantes, dois pontas incansáveis abertos e um
meia e atacante. Esse sistema exige aproximação dos setores e pode até isolar demais
Diego, como já aconteceu em algumas partidas, mas tem mérito de ser melhor
distribuído em campo.

Fonte: http://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/2016/09/fla-desentorta-lado-muda-time-e-gol-sai-com-velha-dupla-sheik-guerrero.html

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