Fla esbarra em limitações e mostra dependência de Diego no clássico

Pará acerta um lançamento, de primeira, que atravessa o campo e
deixa Marcelo Cirino em condições de finalizar. Era uma das poucas chances de pegar a defesa do Botafogo desatenta. O atacante, que não entrava no
time desde o Fla-Flu (última vitória rubro-negra há quase um mês), chuta
fraquinho. Em seguida, outra rara bobeada do adversário. O zagueiro Emerson erra a saída de bola. Sheik
domina na frente da área e chuta para fora. Os dois lances são na parte final do jogo e mostram um pouco
das limitações do Flamengo em momento chave do
Campeonato Brasileiro. O time rubro-negro criou pouco e dependeu muito dos
lances de Diego.

No empate contra o Botafogo, se o
time de Zé Ricardo teve mais a bola no primeiro tempo, foram poucas as chances
de gol. Sidão só fez duas defesas em toda a partida – uma delas no chute fraco de Cirino. No primeiro tempo, com Diego muito ativo na partida, o Fla foi melhor. Logo no início, Gabriel escapou pela direita, cruzou e Diego girou para chutar por cima. O camisa 35 recebeu de Gabriel no lado esquerdo do campo, fintou para o meio e levantou para Guerrero finalizar para fora. A última
jogada do Flamengo no primeiro tempo saiu em contra-ataque, após Rafael Vaz
roubar a bola e arrancar até o campo de ataque. Diego, de novo ele, chutou para
defesa de Sidão, a única defesa difícil do goleiro do Botafogo em todo jogo.

DIEGO CONTRA O BOTAFOGO

Zé Ricardo disse na véspera da
partida que treinou variações para escapar da marcação botafoguense. Os
cuidados defensivos pareciam prender mais do que o costume William Arão (veja onde o volante tocou na bola contra o Botafogo e contra o Corinthians mais abaixo). Pará e
Jorge tentavam subir, mas eram bem vigiados pelos alvinegros. Diego municiava os jogadores de lado de
campo, mas a defesa alvinegra ganhava na maior parte das jogadas. O treinador
discorda que o camisa 35 tenha ficado isolado na criação. Mas aquele time que rodeava
a área com seis, sete e até oito jogadores e variava jogadas pelas laterais apareceu timidamente no Maracanã.

Foram 15 finalizações ao todo – sete
delas de dentro da área, sendo três dessas (duas de Cirino e uma na sobra de
escanteio com Rafael Vaz) nos minutos finais do segundo tempo. Em outra
avaliação antes do duelo com o Alvinegro, Zé Ricardo dizia que as substituições
dos jogadores de lado de campo, que resultaram em gol em série de partidas, não
funcionaram nos últimos dois jogos. O jogo contra Botafogo foi o terceiro.

ARÃO CONTRA O BOTAFOGO

É verdade que o treinador não tinha
Mancuello, lesionado, que tem outra forma de jogar, com mais finalizações e
toque de bola. No banco, a alternativa era Alan Patrick ou o garoto Lucas Paquetá.
Zé preferiu a experiência de Sheik e voltou a apostar em Marcelo Cirino e Leandro Damião, que finalizou uma vez, mas foi bloqueado na entrada da área. De fato, houve alguma pressão no fim do jogo,
mas sem jogadas criadas. Quem ficou mais perto de fazer o gol foi o Botafogo,
numa roubada de bola que terminou em Pimpão chutando para fora, sozinho.


Os jogadores e o treinador mantiveram
as esperanças após a partida. Lembravam que a boa campanha não poderia ficar
por água abaixo com sequência de quatro partidas sem vitória. O título pode
ficar mais distante se o Palmeiras vencer nesta tarde, mas o Zé estudioso e
detalhista do dia a dia tem a missão – mais do que de levantar o astral da
equipe – de procurar novas soluções para o Flamengo.

Oito dias de treino até próximo jogo
O
técnico do Flamengo costuma dizer
que é necessário tempo para modificar maneiras de jogar. O time volta a
treinar na terça-feira. Neste tempo, o técnico e sua comissão técnica
vão analisar o próximo adversário e as partidas disputadas pelo
Flamengo. Serão oito dias de treino até encarar o América-MG no
Independência. Contra o Corinthians, Zé tentou mudar, com Mancuello no
meio de campo, ao lado de Diego, e Emerson Sheik no ataque. Um início
arrasador dos paulistas desarticulou a marcação rubro-negra e ditou o
ritmo daquela partida.

O desafio é conciliar a força de marcação que o treinador não abre mão, com os jogadores de lado de campo, e o “diálogo” no setor ofensivo. Guerrero é um jogador que gosta de sair da área. É nítido que o entendimento entre ele e Diego cresce. Com características de infiltração, Jorge tem suprido a falta de meias com boas saídas por dentro. Rafael Vaz também articulou um pouco o time na parte final do jogo (Veja nas duas fotos).

A provável volta de Everton – coincidência ou não, desde que
ele saiu lesionado contra o Inter o time não venceu mais – é uma
alternativa para esse equilíbrio entre velocidade e técnica no setor
ofensivo. Contra adversários
mais fortes, há um quê de previsibilidade no jogo do Flamengo. A força
ofensiva não é mais a mesma. O empate por 0 a 0 contra o Alvinegro foi o
primeiro sem gol marcado pelo Rubro-Negro como mandante em todo
Campeonato
Brasileiro. São dias de reflexão para a equipe rubro-negra. E de muito
trabalho.

Fonte: http://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/2016/11/fla-esbarra-em-limitacoes-e-mostra-dependencia-de-diego-no-classico.html

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