Fla no coração e apoio a Donatti: César Martins vira a página na Europa

A falha de Donatti na derrota por 4 a 2 para o Figueirense, pela Copa do Brasil, deve demorar a sair da memória do torcedor do Flamengo. Após entregar o terceiro gol a Rafael Moura, o argentino foi alvo de críticas, mas recebeu apoio dos companheiros. Quem também fez questão de sair em defesa do zagueiro foi César Martins, que deixou a equipe em junho, após fim do contrato de empréstimo com o Benfica.

Alvo constante do torcedor rubro-negro, o jogador, atualmente no Nacional, de Portugal, ainda não esqueceu a equipe, que, segundo o mesmo, ganhou lugar no coração. Em entrevista por telefone ao GloboEsporte.com, fez um pedido e uma previsão à torcida do Flamengo.

– Primeira
coisa que falaria ao torcedor é que eles têm que apoiar o Donatti pela falha
que teve. Eu tive muitas falhas no Flamengo, sei como é. É como o (Rafael) Vaz
falou, isso não vai voltar a acontecer, porque ele é um grande zagueiro. Que
esse ano possam apoiar todo o time, porque com certeza algum caneco vai ser
nosso.

“Chiquinho, Willian Arão, Léo Duarte, Alex Muralha, Éverton”… Ao se lembrar do tempo que passou com a camisa do clube do Rio de Janeiro, César Martins enumera os amigos que vai levar para a vida. Não deixa praticamente ninguém fora da lista. E foi por eles que aceitou passar por uma situação delicada quando ainda no Flamengo. Afastado pela diretoria no dia 24 de maio, após derrota por 2 a 0 contra o Vasco, e já de férias antecipadas, foi chamado às pressas um mês depois para reforçar a defesa que sofria com lesão de Juan e apenas dois garotos à disposição.

– Eu fiquei
muito tranquilo, já estava ciente que ia acontecer isso. O Benfica não queria
renegociar a minha permanência no Flamengo, já tinham me falado que iria ficar
de férias para tentar ver algum clube. Foi um pouco desconfortável pelo jeito
que me chamaram. Eu estava no meu condomínio vendo o jogo do Flamengo. Quando
acabou o jogo eles me ligaram, era 00h, mas não pensei duas vezes para voltar.
Nem foi por mim, mas pelos jogadores, porque fiz muitas amizades lá, grandes
irmãos. Fiz mesmo por eles. Eu ia viajar no dia seguinte, mas não consegui
comprar passagem. Isso é tudo que Deus tinha para a gente. Fui, tentei fazer o
meu melhor e acho que saí visto com bons olhos pelo torcedor.

Mesmo com o Flamengo ainda muito fresco na cabeça e gravado para toda a vida, o momento é de mudar o foco e se dedicar ao Nacional, da Ilha da Madeira. Os aprendizados com Muricy Ramalho e até mesmo as decepções com a camisa do rubro-negro foram na bagagem do zagueiro para Portugal, onde tenta um recomeço.

– Foi muito bom
o que aprendi com o Muricy (Ramalho). Sempre tive o sonho de trabalhar com ele,
realizei e aproveitei muito. Aprendi também a ser mais sério, dedicado no treino.
Isso que trago para cá. Aqui também são muitos profissionais bons. É aprimorar as coisas que não sou tão bom e dar continuidade naquilo que faço bem. Ter
tranquilidade para trabalhar o mais forte possível para começar a ganhar logo. A gente tem que agora mudar um
pouco a página. No Brasil foi legal, Flamengo é time grande, mas não
pude fazer o que queria, uma passagem para ficar marcado. Mas foi bom, espero
um dia voltar. Estou hoje feliz, com a minha cabeça totalmente no Nacional.
Tenho certeza que será uma boa temporada para a gente. É trabalhar, manter o
foco e adaptar o mais rápido possível.

Confira outros trechos da entrevista do zagueiro:

GloboEsporte.com: Você tem 23 anos, vai para mais uma passagem na Europa. Chega com qual perspectiva no Nacional?

César Martins: É bom rodar um pouco. Comecei um pouco
mais velho, com 18 anos. É o meu quinto time, ainda sou muito novo, tenho muita
coisa para aprimorar, aprender, errar. Espero que aqui eu possa errar menos do
que errei no Flamengo. O time é sempre de brigar por uma vaga na Liga Europa,
esse ano não vai ser diferente. Um time médio, mas com boa expressão no
mercado, sempre vendendo jogadores. Vai ser igual, podemos chegar na Liga
Europa e tentar fazer história no clube.

Qual avaliação pessoal sobre o período com a camisa do Flamengo?

Para mim
aconteceram muitas coisas no Flamengo, principalmente no primeiro ano, quando
cheguei. Falta de ritmo, falta de treinos. Isso não justifica dentro de campo,
mas nunca deixei de correr, brigar. Nesse ano teve a especulação da minha
saída. Particularmente não queria sair, mas não teve negociação entre o
Flamengo e o Benfica. Gostaria muito de continuar no Brasil para estar perto da
minha família, mas não foi possível. É tirar as coisas boas, amigos,
experiências com os jogadores mais velhos, como Juan, o Réver, que peguei um
pouco, o Sheik, Guerrero, e trazer para cá para fazer uma grande temporada.

Sente falta da pressão da torcida do Flamengo ou é mais fácil sem tanta cobrança?

– Tem hora que me sinto mais
tranquilo estando aqui, acho até um pouco melhor, mas sempre é bom ter alguém
te pressionando, ainda mais a torcida que o Flamengo tem. Não é nem pressionando,
mas te empurrando para dar o melhor. Nem sempre sai como a gente quer nem como
os torcedores querem, mas tentamos fazer o melhor. Aqui não são muitos
torcedores, mas os que vão só pensam em apoiar. Os jogos têm menos torcedores,
só contra os grandes clubes vão mais gente.

Fonte: http://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/futebol-portugues/noticia/2016/08/fla-no-coracao-e-apoio-donatti-cesar-martins-vira-pagina-na-europa.html

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