“Flamengo ao sol e a sombra”

Acima do futebol está a lenda. Uma estranha magia se impõe ao esporte. Galeano fala do futebol. Eu falo do Flamengo. Acima dele está a lenda, o mito, o sobrenatural. O jogo acabou no Alto da Glória, em Curitiba, e eu estava me sentindo em casa. O Campeonato Brasileiro transformado em saga pelas nossas viagens, despertando paixões aos milhões, mitos, herois, glórias e CHEIRO. De hepta, claro. O Flamengo exala AMOR. Ao final do jogo a temperatura havia caído, mas meu corpo continuava quente. Um efeito-tesão do Flamengo. Pelo Flamengo. Com o Flamengo. Ele faz viver. Renascer. Reviver. É assim comigo. Foi assim com eles. Homens que caminhavam ao meu lado, me contavam suas histórias de superação, bem ali, saindo do estádio. Eles se envolveram com o álcool e as drogas. E estavam ali recuperados pela vida, pelo Flamengo. Tenho vontade de abraçar. Mas, apenas pergunto: E o Flamengo com isso? Ainda estávamos na saída do Couto Pereira. E o mais jovem me conta, “Eu não estaria aqui, feliz e recuperado, sem o Flamengo”. Com ele um pai que também renasceu. E celebra isso ao lado do filho, que orgulhoso caminha ao seu lado e do Mais Querido. Não é só futebol, não é só Flamengo. É vida. A nossa. A sua. A Deles.

Quando estou gritando por Cirino, Márcio Araújo, Fernandinho, Chiquinho, Gabriel, é um vento do Galeano que assovia em mim. Estou despida. Diz ele, dona de nada, dona de ninguém, nem mesmo dona de minhas certezas. Sou minha cara contra o vento, o contravento. Sou o vento que bate em minha cara. Sou Galeano. Sou eu. Sou Flamengo. Somos. E sendo não aceitaremos o erro estúpido do juiz. Não aceitaremos a retranca. O empate com gosto de derrota. Nem o medo. Nem a covardia. Nem o 4-3-3. Nos exaltaremos. Sim, nós da torcida multidão. O Flamengo que quer ser campeão. E quando isso acontece, ninguém segura o Flamengo. Nem o Zé. Nem a retranca. Nem o medo de ir pra cima. Escala bem, substitui mal. Substitui bem, escala mal. Desejo e sina. Pura rotina, JAZZ.

Esperando o táxi que nos levaria de volta para o hotel, aqueles homens gigantes me contavam um pouco mais das suas vidas. Da superação deles. E penso nas vezes que também pelas dores, pelos amores, eu também já fui salva pelo Flamengo. Não adianta explicar. Tem que olhar nos olhos, tocar o coração, gritar gol junto, voltar do estádio abraçado, segurar a mão, para entender que o Flamengo opera milagres em nossas vidas, em nossas histórias. O cheiro de hepta não é uma fantasia. É real. Enquanto escrevo, sinto o aroma. E um gostinho bom de chocolate com licor. E torço para que meus 11 leitores também sintam. E queiram. Como eu quero. Mas vai ter que ser assim, devagarinho, como naquela poesia linda do Quintana, com versos de desejo. E se me quer, enfim, tem de ser bem devagarinho, amado, que a vida é breve, e o amor (e o HEPTA) mais breve ainda. Curitiba, 31 de Julho de 2016.

Pra vocês,
Paz, Amor e Um Cheirinho.

Vivi Mariano

Fonte: República Paz & Amor

Fonte: http://colunadoflamengo.com/2016/08/flamengo-ao-sol-e-sombra/

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