Flamengo enfrenta o campeão Corinthians na Ilha do Urubu

O clássico das multidões entre Flamengo e Corinthians sempre foi analisado com base no tamanho das torcidas, das receitas e na representatividade dos títulos e ídolos dos clubes. O de hoje, às 17h, na Ilha do Urubu, pela antepenúltima rodada do Brasileiro, exige um foco restrito no trabalho de gestão do futebol.

Campeão antecipado, o clube paulista adotou um padrão de trabalho unificado há alguns anos, e conquistou três Brasileiros em uma década, chegando ao heptacampeonato tão desejado pelo Flamengo. Já o rubro-negro tem dificuldade para implementar uma filosofia de trabalho e alcançar títulos importantes em sequência.

Como quem rola é a bola e não as cifras, o resultado no Flamengo é frustrante mesmo com elenco mais badalado. Prova de que não basta contratar, é preciso definir um perfil de atletas baseado nos objetivos do clube. E foi isso que o Corinthians fez gastando pouco e segurando jogadores de destaque no mercado. O modelo começou com Mano Menezes, passou por Tite e chegou no novato Fabio Carille, teve percalços, enxugamentos de folha salarial, dívidas acumuladas, mas se manteve fiel à ideia dentro das quatro linhas.

No Flamengo, a ascensão financeira levou a investimentos de oportunidade, em jogadores inflacionados como Berrío, que custou R$ 11 milhões, ou projetos de recuperação frustrados, como o de Conca. Guerrero e Diego não exibiram o nível esperado, e Everton Ribeiro, que veio por R$ 22 milhões, chegou há pouco tempo e ainda não deu retorno. Tudo funcionou de forma ocasional, sem evolução constante, baseado no enriquecimento do clube. O que dava a impressão de que, em campo, bastava juntar as peças caras e sair para cima. Não deu certo.

— O sentimento é de indignação e frustração ao mesmo tempo — reconheceu o diretor de futebol, Rodrigo Caetano.

Expectativa elevada

A política atrapalha, mas também pode ajudar. Desde que Andres Sanches deixou o Corinthians como presidente para tentar voltar ano que vem, o mesmo grupo comanda o futebol. Na sequência, vieram Mario Gobbi e agora Roberto de Andrade. Os erros na governança, que geraram rombos como o do estádio em Itaquera, foram compensados minimamente com uma gestão de futebol única e definida. A bola entrou, é verdade, o que explica e muda muitas avaliações.

Isso não aconteceu no Flamengo e, com expectativa elevada, as cobranças se avolumaram. Restam três jogos do Brasileiro e as semifinais da Sul-Americana para atenuar a atual crise, com a vaga na Libertadores, ou aprofundá-la. No caso do cenário pior, pode haver uma nova terra arrasada, com troca de profissionais e jogadores, o eterno retorno na busca por uma identidade rubro-negra aliada ao profissionalismo, algo que o Corinthians já conquistou e, por isso, foi campeão.

FLAMENGO X CORINTHIANS

Flamengo: Diego Alves, Pará, Rhodolfo, Juan e Renê; Márcio Araújo, Cuéllar e Diego; Everton, Éverton Ribeiro e Felipe Vizeu.

Corinthians: Cássio, Léo Príncipe, Pablo, Balbuena e Marciel; Gabriel e Fellipe Bastos, Romero, Camacho e Marquinhos Gabriel; Jô.

Juiz: Wagner Reway (Fifa-MT).

Local: Ilha do Retiro.

Horário: 17h.

Transmissão: TV Globo e Rádios Globo/CBN.

Fonte: https://oglobo.globo.com/esportes/flamengo-enfrenta-campeao-corinthians-na-ilha-do-urubu-22085779

Share this content: