Um ano de glória seguido de uma decepção na Libertadores. O suficiente para o Flamengo voltar à disputa da fase de grupos da competição questionado até onde pode ir nela. O ano de 2019 foi realmente mágico ou os efeitos da pandemia fizeram da eliminação precoce de 2020 um destino inevitável?

De favorito à incerteza, a equipe rubro-negra encara o Velez, na Argentina, às 21h30, pelo grupo G, em busca de estabilidade para provar que pode jogar em alto nível e com regularidade para fazer como o River Plate nos últimos anos. Não apenas participar sempre, mas buscar sempre o título.

A falta de um padrão de excelência tem sido o principal questionamento ao trabalho de Rogério Ceni, técnico campeão da Supercopa e do Brasileiro. Isso mesmo. Apesar das conquistas recentes, a rejeição da torcida segue alta após 27 jogos.

– É a competição que todo flamenguista tem a expectativa de jogar bem. Sabemos que jogar na Argentina é complicado, mas estamos trabalhando bem e vamos fazer um grande jogo – disse Ceni.

O comandante sofreu muitas críticas em virtude das últimas atuações no Estadual, mesmo uma semana depois da conquista da Supercopa e há menos de dois meses do título brasileiro. No entanto, não há movimentação por troca, até porque este ano só é permitido demitir um treinador durante o Brasileiro.

A instabilidade não é uma novidade no Flamengo antes da Libertadores. E foi vivida pelos treinadores anteriores. O espanhol Doménec Torrent reiniciou a competição tempos depois da saída de Jorge Jesus e acabou por pagar o preço pela campanha abaixo da média no torneio, que terminou com a eliminação nas oitavas de final, já com Ceni.

Na fase de grupos, o espanhol sofreu com surto de Covid-19 e goleada para o Barcelona-EQU por 5 a 0.Em 2019, Jorge Jesus assumiu apenas nas oitavas de final, depois de Abel Braga deixar o clube classificado a duras penas e sem um futebol vistoso. Ser soberano do princípio ao fim seria algo inédito.

Segunda tentativa de time campeão

E para o Flamengo voltar a marcar uma era, é necessário repetir o ano de 2019 e coroar a temporada com um título mundial. A missão passa por se tornar presença constante na decisão da Libertadores, ou ao menos nas fases finais, como o clube mesmo projeta. Refazer a trajetória de dois anos atrás já estaria de bom tamanho diante das circunstâncias. Para esta edição, o Flamengo praticamente não se reforçou. Diferentemente de 2019, quando refez quase o time titular inteiro.

Desta vez, no entanto, conta a favor o maior entrosamento do elenco. Em que pese o fato de alguma das principais peças estarem longe da plenitude que exibiram naquela conquista. Bruno Henrique, Gabigol e Gerson especialmente. Se venceu em 2019 com a sua força máxima atuando apenas oito vezes junta, do ano passado para cá o núcleo duro da equipe sofreu com oscilações de ideias táticas e lesões, algumas graves. A única baixa hoje é Rodrigo Caio, mas por suspensão. Gustavo Henrique deve substituí-lo.

O reencontro ocorre após 21 anos. A última partida diante do Vélez aconteceu em 2000, pela Copa Mercosul, um empate em 1 a 1.