Godinho quer Fla criativo no mercado: “Tem que fazer esse dinheiro render”

No fim do seu primeiro ano como vice-presidente de futebol, Flavio Godinho recebe e bate de volta rapidamente a cada pergunta sobre o principal departamento do Flamengo. Em cinco competições na temporada, o clube não levantou caneco, mas terminou em 3º lugar no Brasileiro – garantido na fase de grupos da Libertadores.

Em entrevista por telefone nessa quinta, Godinho deixou claro que as contratações vão vir, mesmo que o Flamengo não possa combinar com os russos e pagar milhões de euros por Vitinho e outros. Criatividade, paciência e oportunismo no mercado é o lema para a temporada 2017. Sem esquecer, claro, da responsabilidade de voltar a gritar “é campeão”.

Confira a entrevista completa logo abaixo:

GloboEsporte.com: O Flamengo não foi campeão este ano. Disputou cinco competições e disputou o título brasileiro até as últimas rodadas. Como avalia a temporada?

Flavio Godinho: O Flamengo terminou o ano melhor do que começou. Os resultados do primeiro semestre realmente deixaram a desejar, mas a gente teve a felicidade de conseguir consertar o avião no meio do voo. Conseguimos fazer três contratações pontuais, que foram Réver, Rafael Vaz e Diego, que encaixaram e qualificaram o elenco. Se pegar os prognósticos, para muitos, nosso Brasileiro seria o mais sombrio possível. Clube que não tem casa, nem estádio está fadado a brigar para não cair. O Flamengo mostrou o contrário apesar de tudo isso. Nossa campanha atingiu a meta de classificação para a fase de grupo da Libertadores, com a mesma pontuação do vice-campeão, perdendo no critério de desempate. Temos base já montada e estruturada para 2017 e cabe a nós, agora, fazer contratações pontuais para melhorar. Se tivermos a mesma felicidades que tivemos nesses três reforços e conseguir três novos atletas que possam reforçar o time titular, com a mesma eficiência, vamos botar faixa no ano que vem.

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A meta deste ano era chegar na Libertadores. Para 2017 é ser campeão de uma, duas competições?

O Flamengo sempre tem que disputar o título, tem ser campeão. A meta principal é ter 2017 melhor do que foi o segundo semestre de 2016. Temos que melhorar e qualificar o time. Se vai conseguir ser campeão e de qual campeonato, vamos ver. Ninguém pode iniciar temporada com essa obrigação. Obrigação é melhorar com relação à 2016. Apesar de tudo, de não ter casa própria, de jogar quatro jogos em 38 no Maracanã, terminamos em terceiro lugar e a torcida reconhece isso. O perfume do Flamengo é francês, da melhor qualidade e o cheirinho continua firme e forte.

O orçamento do futebol vai servir também para compra de mais jogadores?

O Flamengo tem diversos centros de custo. É um clube com forte esporte amador, tem que alocar verba para o CT, para as divisões de base e outras coisas. Tem que ter criatividade com aquela verba do futebol. Que nem quando você vai ao supermercado. Tem que fazer esse dinheiro render. Se for prestações “Casas Bahia”, vamos comprar (jogador). O Trauco vamos trazer sem custos. Para suprir a saída do Chiquinho. Havia algumas alternativas no mercado brasileiro, mas trouxemos um lateral da seleção peruana livre de custos. Fomos na oportunidade. Vai ter um mix de gastos com o que está aprovado esse ano. Vamos combinar (compras) “Casas Bahia”, com jogadores livre de custos.

Por falar no Trauco, como foi escolheido? Em 2013, o Vasco trouxe Yotún, titular da seleção peruana até pouco tempo, que não foi bem. O centro de inteligência o observou in loco, o Guerrero e o Gareca o referendaram?
Ele foi observado e recomendado pelo Centro de Inteligência e Mercado do futebol do clube. Na ausência do Chiquinho, comparamos ele (Trauco) com as alternativas do mercado nacional. Ele tem 24 anos, é titular absoluto da lateral esquerda do Peru. Era meia canhoto, foi para a lateral e foi bem. O Zé Ricardo conversou com o Gareca para pegar referências. Além disso, o Guerrero jogou com ele e o elogiou. Mas por melhor avaliado que seja, não é garantia de resultado desejado. Vou dar um exemplo: trouxemos Réver e Vaz, que eram reservas no Inter e no Vasco, respectivamente. Foram apresentados com um dia de diferença e se tornaram dos melhores do time, das melhores duplas do Brasileiro. A formação com eles era a mais improvável, e tiveram grande performance juntos. Às vezes você contrata medalhão, que tem muito prestígio, mas não confirma expectativa. Essa é a graça do futebol. Se a contratação se confirmar, quem contratou é gênio e tem grande visão. Ainda mais de vir sem custos. Se não der certo, você é um beócio e o centro de inteligência é burro.

Como o Flamengo administra a insatisfação dos gringos contratados que não vêm jogando? Donatti, Cuéllar e Mancuello vieram valorizados e querem jogar.

Aqui é o seguinte: só jogam 11, mais três, em caso de substituições. O Réver foi eleito pela maioria dos veículos de comunicação um dos melhores zagueiros do Brasileiro. Por isso o Donatti não teve espaço. Quando o Juan se machucou, o Vaz entrou bem, assumiu a vaga e o Juan não teve mais espaço. Todo atleta tem que esperar sua vez. O Muralha esperou muito tempo para ter a sua oportunidade. Os nosso gringos, vamos dizer assim, estão em fase de adaptação. Uma das metas do ano que vem é que o Fla, que terminou o ano com uma forma de jogar muito entrosada, tenha mais variações. Com reforços para que nesse modelo de jogo tenha resultados mais efetivos, sem perder a cara do time, sabendo sofrer, marcando muito, com espaços bem ocupados. Para variar o jogo os gringos são muito importantes. Mas essas alternativas têm que ser treinadas. O Zé agora vai começar a temporada, está palpitando e escolhendo os reforços. As alternativas e variações, ele vai fazer com os gringos e a garotada. O Matheus Sávio, o Paquetá e outros garotos, que tiveram reforço muscular neste ano, se ambientaram aos profissionais, estão voando nos treinos para serem aproveitados.

Mas essa garotada pode ser aproveitada num ano de Libertadores? Não era mais fácil terem entrado aos poucos ao longo de 2016?

Se você está preocupado com a Libertadores, antes da estreia na fase de grupos tem Primeira Liga e Carioca. O Zé sabe o que ele quer fazer, o que ele quer testar. É um processo natural. Vai dar tempo deles serem aproveitados.

É ano de Libertadores, mas o Flamengo também tem objetivo regional. Impedir o tricampeonato do Vasco, que teve supremacia nos clássicos contra os rivais cariocas nos últimos anos?

Nossos objetivos não estão relacionados ao Vasco. Mas para ganhar qualquer competição que a gente dispute. Queremos ganhar tudo.

Marcelo Cirino está nos planos para 2017? Ele pode ser negociado?

Não tivemos nenhuma proposta pelo Cirino. Nenhuma proposta por jogadores do time titular.

Mas não há objetivo de fazer negociação para verba extra do clube?

Não precisamos negociar. O que acontece é que existe multa contratual. Se pagarem o valor da multa, fazemos o negócio e pronto. Não tem choro nem vela. Além de Juan e Márcio Araújo, renovamos com o Arão e o Muralha. A multa desses jogadores aumenta e é forma que temos de administrar o nosso patrimônio.

Como o Flamengo negocia para ficar com o Réver, que tem contrato até o fim de junho? A Libertadores pode ir até o fim de 2017.

A gente pretende estender o vínculo dele. Se não conseguirmos, buscamos peça de reposição.

Fonte: http://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/2016/12/godinho-quer-fla-criativo-no-mercado-tem-que-fazer-esse-dinheiro-render.html

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