Hora do sonho virar realidade

18 de abril de 1990. Um jovem adolescente saiu do colégio em Botafogo com um amigo e resolveram ir assistir uma partida sem muita importância, válida pela Taça Rio daquele ano. Ônibus para a Gávea, o jogo contra o Americano seria no Estádio José Bastos Padilha que, na época, contava com estruturas tubulares além da histórica arquibancada de alvenaria. Naquele dia o estádio estava vazio, o público pouco passou de mil espectadores. Na preliminar, aquele time campeão da Copinha venceu, com direito a pixotada do Júnior Baiano, enquanto a equipe principal também ganhou com gols de Gaúcho e André Cruz. Só que, no início da partida, começou uma chuva torrencial que só parou no dia seguinte. Chuva daquelas de dar nó no trânsito. O menino, relapso, que não tinha avisado seus pais, só conseguiu chegar à noite na casa da sua avó, no bairro das Laranjeiras, depois de horas num ônibus e uma caminhada de um quilômetro com água nos joelhos.

Esse é o tipo de recordação que eu tenho da Gávea. E é o tipo de memória que eu quero que meus filhos também tenham.

Não há um rubro-negro hoje que não conheça a história do projeto vetado em 2007, não preciso repeti-la. Eu quero falar do sonho. Para muitos, o estádio rubro-negro é o Maracanã. Para mim não, ainda mais esse novo Maracanã, tantas vezes reformado, não tem a cara do Flamengo. Para mim, o estádio rubro-negro é a Gávea. Não é questão de construir um novo estádio, o estádio existe desde 1932. Sou sócio do clube e, sempre que vou lá, olho para aquela velha arquibancada branca e imagino a nossa casa. Uma casa com 20, 25 mil lugares, uma casa que pulse, que coloque medo no adversário que for nos enfrentar.

Momento melhor do que agora não existe. Prefiro não comparar a diretoria atual com outras anteriores, se uma é mais competente para isso ou não. Temos hoje eleições municipais no fim do ano, políticos possivelmente mais abertos a conversas sobre o assunto, mais propícios a aprovar projetos que signifiquem, para eles, votos. O problema da mobilidade urbana será bastante aliviado com a abertura para as Olimpíadas de três estações de metrô num raio de menos de um quilômetro de distância. Não podemos perder essa oportunidade de ter a nossa casa e conseguir guardar uma nova memória.

18 de abril de 2030. Aquele adolescente, hoje pai de um menino de 14 anos, leva seu filho para assistir uma partida sem muita importância no Estádio da Gávea, a casa rubro-negra…

Bruno Trinkenreich

Fonte: http://www.butecodoflamengo.com

Share this content: