Manual de Montagem de Elenco para Leigos (ou para Diretorias de Excelência em Gestão Financeira)

Salve, Salve, Nação Mais Linda do Mundo!

Obviamente procurarei tratar de forma lúdica um problema crônico e recorrente que aflige nosso Departamento de Futebol desde que nossa nova, austera, honestíssima e proba diretoria assumiu o mais querido em dezembro de 2012. Resolvi elaborar esse pseudo-manual técnico para que eles possam, enfim, abrir os olhos, aceitarem as críticas, identificarem com clareza os erros cometidos e começarem a trabalhar da melhor forma possível no quesito da gestão de nosso elenco. Se é necessária uma visão exterior imparcial, isenta e sem segundos interesses na busca da tão sonhada excelência esportiva, essa consultoria servirá (se por ventura for lida e ponderada pelos responsáveis da pasta) para que possamos elucidar alguns fatos pouco claros que ocorrem no Reino chamado Flamengo através de elucubração sensata e permeada de conceitos concernentes ao objetivo proposto a ser alcançado esportivamente pelo C.R. do Flamengo. Vamos lá!

1 – Infra-estrutura – nesse quesito não temos do que reclamar: Exos, Ninho do Urubu, campos de treinamento de nível internacional, alojamento de alto padrão, CEP com câmara hiperbárica, tudo o que há de melhor para atingirmos os melhores resultados está sendo oferecido ao elenco profissional. Na área da base, o projeto arquitetônico já está sendo remodelado e atualizado visando o início das obras de finalização do CT para que possamos formar, com a mesma qualidade dos profissionais, nossas jovens promessas. A garotada está utilizando, temporariamente, as instalações provisórias que foram destinadas ao elenco principal quando o módulo profissional estava em fase de construção. A previsão de entrega é para o final de 2018.

2 – Metas e objetivos a serem alcançados – nessa fase, ainda literal e filosófica, muito tem-se a discutir e ponderar. É a partir dela que traçamos os perfis necessários à composição do elenco a ser montado para que possamos atingir as metas e conquistarmos os objetivos propostos. Lembremos sempre da poderosa tríade: eficiência, eficácia e efetividade! Eficiência (capacidade de realizar algo da melhor maneira possível), Eficácia (quando o trabalho atinge o objetivo proposto ou a meta a ser alcançada) e Efetividade (capacidade de atingir um objetivo traçado trabalhando-se da melhor maneira possível). Após definirmos e pontuarmos todas essas ações a serem realizadas, podemos passar à próxima fase.

3 – Definição das diretrizes esportivas – é nessa parte que as coisas começam a complicar-se. As diretrizes devem ser traçadas da melhor maneira possível e também ponderadas onde elencar-se-ão todas as possibilidades de variações que possam ser impostas por condições externas ou internas, que estão ou não a nosso alcance, que encontram-se fora ou não de nosso controle. É nessa parte que definiremos a forma do time portar-se em campo, qual a melhor filosofia de trabalho e, ainda, qual o direcionamento técnico e filosófico que queremos que a equipe apresente ao longo do tempo. É nessa fase que definimos o estilo de jogo que queremos atrelar ao clube, uma espécie de identidade futebolística da agremiação, não importando quais técnicos ou jogadores estejam trabalhando naquele momento ou período. A filosofia deve ser implantada em todas as divisões da agremiação, para que os jogadores de base já saibam o que fazer em cada posição quando forem alçados ao elenco principal. Neste período, vamos definir se seremos um equipe sólida defensivamente ou extremamente ofensiva, se primaremos pela defesa ou optaremos pelo ataque, ou ainda se pleitearemos ser uma equipe coesa e sólida defensivamente, mas com um ataque preciso e eficaz.

4 – Escolha da comissão técnica – definida a estratégia e a maneira de atuação do time, a identidade da equipe, passemos então à escolha do técnico que mais se adequará ao estilo. Isso é essencial que seja feito NESTE MOMENTO da gestão! É aí que a maioria dos dirigentes de clubes erram, pois não respeitam a hierarquia dessas regras básicas e fáceis de serem adotadas (na maioria esmagadora das vezes por cederem às pressões políticas internas eles, temendo perder seu prestígio com a Nação, esquecem-se de que o bem maior deve ser realizado em prol da instituição). Para lograrmos êxito na empreitada, temos que levar em consideração o histórico do treinador através de análise das atuações de suas equipes anteriores. Devemos escolher o treinador com vida pregressa que melhor se adequará à filosofia esportiva escolhida anteriormente. Fazendo assim, o trabalho será facilitado e a probabilidade de erro é minimizada sobremaneira.

5 – Montagem do elenco – após a comissão técnica ter sido escolhida a dedo de acordo com a filosofia de atuação da equipe, devemos realizar a montagem do elenco de forma a potencializarmos sua qualificação. Devemos levar em consideração que TODOS os jogadores devem desempenhar mais de uma função (o futebol moderno exige isso!), embora a função principal deva ser levada muito mais em conta do que as funções secundárias (ou seja: um jogador de frente deve ter mais poder de ataque do que qualidades defensivas). Isso é essencial, se quisermos alcançar os objetivos traçados. Todo elenco deve ter um espinha dorsal de excelência (1 goleiro, 2 zagueiros, 1 volante, 1 meia e 1 atacante), e quanto mais qualificados forem os atletas para compor o 11 principal, melhor. Definidos estes nomes, os quais devem ser os de maior qualidade e, principalmente, os que mais se aproximam da identidade esportiva da equipe, podemos seguir trabalhando e escolher o restante do grupo com que trabalharemos de forma com que os atletas considerados reservas possam ter força suficiente para disputar a posição com os 11 considerados titulares. Ainda nesse mote, devemos ter atenção especial a um conceito insofismável: “Não tenha jogadores de qualidade duvidosa no seu elenco, nem mesmo como 3ª ou 4ª opção pois, quando você precisar lançar mão deles… eles CONTINUARÃO ruins”! Isso é ponto pacífico. Outra qualidade pouco presente nos departamentos de futebol é saber ouvir segundas e terceiras opiniões (principalmente da torcida e dos críticos embasados), pois muitas vezes jogadores medianos e com pouca qualidade são contratados e se eternizam nos clubes que acabam preterindo e alijando sua base de jogadores formados na casa, cujos quais poderiam ser lançados no time titular ou até serem negociados gerando divisas ao clube formador. Muitas vezes, o problema está tão na cara que a proximidade nos cega a ponto de não o percebermos.

No geral, é isso. Como vocês puderam perceber não há fórmula mágica, e sim uma cadeia de ações que devem ser obedecidas com muita presteza e humildade para que interesses pessoais não sobreponham-se aos anseios coletivos e altruístas da agremiação esportiva. Dito isso, deixo aqui esse manual para que possa ser aproveitado por quem quer que seja. Na vida pessoal, na vida profissional e até em relações conjugais devemos ser honestos, fiéis aos nossos princípios éticos, cooperativos, proativos e ainda devemos saber estabelecer diretrizes básicas agindo baseados em preceitos fundamentais de conduta. Ainda devemos saber respeitar essa linha tênue entre a liberdade e a libertinagem, sabendo nos por a largo da situação para que decidamos com sobriedade e sapiência os melhores rumos a serem tomados para que continuemos crescendo. Saber ouvir é uma arte que devemos saber cultivar ao longo de nossa existência. Vai pra cima deles, Mengo!!!

O Flamengo simplesmente é!
Saudações Rubro-Negras a todos!!!

Fabio Monken

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Fonte: http://colunadoflamengo.com/2017/05/manual-de-montagem-de-elenco-para-leigos-ou-para-diretorias-de-excelencia-em-gestao-financeira/

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