Márcio Araújo, um volante sem vaidade no Flamengo

Ninguém no elenco do Flamengo escuta tantas críticas quanto Márcio Araújo. Nos dias de hoje, elas chegam de maneiras mais variadas, de memes a áudios, mas nada disso parece abalar o maranhense de 32 anos. Desde a infância, ele sempre soube que não era sobre ele que se depositavam as expectativas de ser um grande jogador. Em São Luís, era o irmão Paulinho, cinco anos mais velho, que arrancava suspiros.

— As pessoas viam meu irmão, habilidoso e canhotinho, e nunca imaginaram aque quem sairia atleta lá de casa seria eu. Aquilo me inspirava porque eu via que ele jogava bem, mas o negócio dele era resenha e pelada. Ele nunca teve visão de atleta. Só jogar no final de semana estava bom — diz Márcio Araújo ao GLOBO. — O sonho que ele não teve, eu tive.

Amanhã, contra a Ponte Preta, o treinador Zé Ricardo enfrentará o adversário de sua estreia profissional, no fim de maio. Desde então, Márcio Araújo atuou em todas as partidas do Brasileiro e recebeu apenas um amarelo. Na Copa Sul-Americana, foi poupado na goleada sofrida diante do Figueirense, mas retornou na partida de volta, em que foi garantida a classificação.

Ele foi de barrado por Muricy Ramalho no pior momento do ano a titular na melhor fase do clube, mas a mudança no status de Márcio Araújo não chega a ser uma novidade em sua carreira. Contestado em alguns momentos, ele ultrapassou as 100 partidas pelo Atlético-MG e as 250 pelo Palmeiras. No rubro-negro, pode completar 150 ainda em 2016, basta seguir com o histórico médico que tem desde que chegou, há três anos: jamais teve uma única lesão, mesmo muscular.

— Eu nunca sou o preferido quando começa a temporada, mas, no final, sendo ou não (o preferido), eu tenho provado meu valor — disse o jogador, que explicou sua situação. — Talvez seja por não ter vaidade. Se fosse vaidoso, era muito mais fácil ir para a frente, deixar largado lá atrás, chutar uma bola para os caras falarem “está chutando”, “fez jogada de linha de fundo”. Eu sempre joguei de segundo volante e fiz vários gols no Atlético-MG e Palmeiras, mas não tenho vaidade contra jogar de primeiro, marcar, ajudar um colega meu, não passar do meio-campo.

SEM APLAUSOS, MAS FELIZ

Trabalhador padrão, ele garante que o papo na arquibancada ou em jornais, televisão e rádio pouco afeta seu futebol.

— Eu sei que para o torcedor e para a imprensa é aquela coisa: “ele só dá passe de lado”, “só dá passe curto”. Mas isso não vai mudar em nada as minhas características e na forma como vou sair de campo. Talvez não aplaudido, mas satisfeito com o que tinha que fazer.


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    Fonte: http://oglobo.globo.com/esportes/marcio-araujo-um-volante-sem-vaidade-no-flamengo-20057536

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