Marcos Almeida: “Flamengo: uma mãe para os paulistas”

São Paulo em campo para vencer, Flamengo apenas buscando a virada. Eles tiveram mais tempo, cerca de 100 minutos. Nós só pudemos jogar a partir dos 3’ da segunda etapa, quando o ex-rubro-negro Éverton marcou o gol da noite. Ali, virar passou a ser possível. A partir de então – e somente – o Flamengo resolveu levar a partida a sério. Ganhou quem jogou sério o tempo todo.

Começamos ditando o ritmo, mas sem produzir jogadas efetivas. O adversário entendeu, e de lá pelos 17 minutos até o gol, sempre esteve mais perto de abrir o placar. A nós, as saudades de Vinicius Júnior. O substituto, Marlos Moreno, em mais de meio ano no clube, não conseguiu chegar perto do patamar atingido pelos “possantes” Marcelo Cirino e Gabriel.

Rômulo é outro que lembra ex-jogadores do Mengo. Talvez o “Colace do New Maracanã”. Uma tartaruga com a bola no pé. Não tem passe longo e precisa de – no mínimo – três toques para acionar o companheiro mais próximo. Já Everton Ribeiro nos fez recordar… Everton Ribeiro, mas na versão 2017. Errou tudo.

E que decisão errada tomou Renê na origem do gol. Com o lado esquerdo do campo limpo, buscou a esticada na direita, onde só havia jogadores do São Paulo. Contra-ataque armado, mal executado. Mas Réver, com sua tradicional empáfia, quis dar mais uma oportunidade ao azar – que a abraçou, sob a rubrica da “lei do ex”. Dali pra frente, tivemos chances. Exemplarmente desperdiçadas.

Jogo importante, Flamengo perdendo, Matheus Sávio em campo, Trauco como ala, dobrando com o lateral esquerdo. Treinador jovem, estudioso, recém-efetivado. Mais uma memória recente aflorou. Baixou o Zé Ricardo em Maurício Barbieri, que terminou o jogo sem padrão, sem estratégia e sem volante, com Diego e Paquetá batendo nas duas linhas de fundo.

Lucas Paquetá, aliás, é o grande ser humano rubro-negro do momento, verdade. Mas precisa de uma sacodida. Cada vez mais, destila soberba. Impressionante a mudança de postura do garoto a partir do gol sofrido. Se o cara do primeiro tempo é o mesmo do segundo, tudo leva a crer que ele esteve de palhaçada na metade inicial, apesar da cabeçada na trave. Em desvantagem no placar, tornou-se um monstro, com mais vontade de vencer do que de brilhar. É desse Paquetá que precisamos. Do que luta para se transformar em um imortal da Gávea. Não do que acha que já é ídolo.

O único cara do atual elenco que pode ser tratado como ídolo é Juan. Esse fez pelo Flamengo, diferentemente de Paolo Guerrero. Em mais de três anos vestindo o Manto, o atacante não mostrou a que veio. Poucos gols; muitos cartões, chances perdidas e dinheiro. Milhões e milhões. Uma série de derrotas humilhantes para um dos piores Vascos da história, sendo engolido pelo fraco Rodrigo, e sem marcar um mísero gol ante o rival. Longe da seleção, a gana de vencer do peruano se restringe a ele mesmo. Os socos na grama, as reclamações com os árbitros não são pelo time, pelos companheiros. São por ele, só. Um cara que ouve milhares esgoelarem“o Guerrero chegou”e parece não dar a mínima para o Flamengo. 10 de agosto é logo ali, aí o contrato acaba. Enfim, de verdade, vai acabar o caô.

Que até lá a gente tenha um substituto para Vinicius Júnior, outro para Cuéllar, e quem sabe mais opções nas laterais. Ontem era o jogo para mostrar que está afim de ser campeão. E quem mostrou não foi o Flamengo, mais uma vez sucumbido para um paulista. Se quiser o hepta, vai ter de ganhar em São Paulo, como eles fazem, ano após ano, no Rio de Janeiro.

Flamengo: A mãe dos paulistas

O Flamengo precisa ganhar mais dos grandes do futebol paulista. Aqui e lá. Vão dizer que, antes da Copa, batemos o Corintihans, empatamos no Allianz Parque. É pouco. Na última década, tomamos um passeio de Corinthians, Palmeiras e São Paulo. De nada adianta ser o “melhor do Rio” e levar atraso desses quase vizinhos.

NOS ÚLTIMOS 10 ANOS

Flamengo x Corinthians

21 jogos – 7 vitórias do Flamengo | 4 empates | 10 vitórias do Corinthians

1 vitória do Flamengo fora | 2 derrotas em casa

Última vitória do Flamengo fora: 2×0 (Brasileirão 2009 – Brinco de Ouro da Princesa)

De lá pra cá:

Eliminou o Corinthians da Libertadores (2010)

Duas goleadas sofridas, para o Corinthians, por 4×0 (2013, 2016)

Duas derrotas em casa para o Corinthians (2012, 2015 – ambas por 3×0)

Botafogo e Fluminense venceram duas vezes o Corinthians em São Paulo

Flamengo x Palmeiras

19 jogos – 4 vitórias do Flamengo | 7 empates | 8 vitórias do Palmeiras

2 vitórias do Flamengo fora | 4 derrotas em casa

Última vitória do Flamengo fora: 1×0 (Brasileirão 2010 – Pacaembu)

De lá pra cá:

3 derrotas em casa para o Palmeiras (duas no RJ – 2010, 2015|uma no DF – 2016)

Fluminense venceu 4 vezes o Palmeiras em São Paulo

Botafogo e Vasco venceram uma vez o Palmeiras em São Paulo

Flamengo está há mais de 4 anos sem bater o Palmeiras (4 empates, 4 derrotas)

Flamengo x Santos

20 jogos – 7 vitórias do Flamengo | 8 empates | 5 vitórias do Santos

2 vitórias do Flamengo fora | 2 derrotas em casa

Última vitória do Flamengo fora: 5×4 (Brasileirão 2011 – Vila Belmiro)

De lá pra cá:

Duas derrotas em casa para o Santos (2014, 2017)

Botafogo, Fluminense e Vasco venceram uma vez o Santos em São Paulo

Eliminou o Santos da Copa do Brasil (2017)

Perdeu as últimas 3 partidas contra o Santos (todas em 2017)

Flamengo x São Paulo

20 jogos – 6 vitórias do Flamengo | 6 empates | 8 vitórias do São Paulo

1 vitória do Flamengo fora | 2 derrotas em casa

Última vitória do Flamengo fora: 2×1 (Brasileirão 2011 – Morumbi)

De lá pra cá:

Uma goleada sofrida para o São Paulo (4×1 – 2012)

Duas derrotas em casa para o São Paulo (2014, 2018)

Botafogo, Fluminense e Vasco venceram uma vez o São Paulo em SP

Desde a última vez que o Flamengo ganhou de um grande paulista, fora de casa (2011):

O Flamengo perdeu oito jogos em casa para os quatro grandes de SP, dois para cada. Por sua vez, enfrentou os caras 23 vezes no estado de São Paulo. VINTE E TRÊS VEZES! NÃO GANHOU NENHUMA! Chega!!!

Reprodução: Marcos Almeida | Blog Nosso Flamengo

Foto: Gazeta Press

Fonte: http://colunadoflamengo.com/2018/07/marcos-almeida-flamengo-uma-mae-para-os-paulistas/

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