Na derrota do Fla, Lédio Carmona vê erro de técnico ao botar Matheus Sávio

Como bem disse o narrador Luiz Carlos Jr. logo após a derrota do Flamengo por 2 a 1 para o San Lorenzo, que, junto da vitória do Atlético-PR por 3 a 2 sobre o Universidad Católica, em Santiago, eliminou o time carioca já na primeira fase da Libertadores, a tragédia começou a se anunciar a partir do gol de Angeleri. Era o empate do time argentino aos 29 minutos do segundo tempo, e as combinações de resultados começaram a desfavorecer o Rubro-Negro carioca. A nuvem negra se aproximou, o clima começou a ficar complicado, até que o Atlético-PR virou o jogo no Chile. Na hora em que o Atlético fez 3 a 2, o Fla ficou a um gol da eliminação. Contra um time argentino, copeiro, acostumado a essas circunstâncias, o risco se tornou fatal após o gol de Belluschi, já nos acréscimos. Também para o comentarista Lédio Carmona, durante o “Troca de Passes”, foi no gol de empate dos anfitriões o momento crucial do jogo, surgido de um erro individual de Matheus Sávio, que havia entrado no minuto anterior no lugar de Gabriel e se atrapalhou na marcação, permitindo o cruzamento de Barrios.

– O San Lorenzo tem um histórico de conseguir classificação assim. Contra o Botafogo, a gente estava aqui em 2014. Conseguiu no apagar das luzes. Eu acho que o gol decisivo foi o do Angeleri. Porque o jogo estava sob controle, o San Lorenzo ficava com a bola, não tinha penetração, não conseguia entrar na área, finalizava muito pouco. A partir do momento que sai aquele gol, num erro de marcação do Matheus Sávio… Foi uma substituição inclusive equivocada do Zé Ricardo… O estádio explodiu, o torcedor foi para cima, o Flamengo sentiu demais o golpe, não conseguiu arriscar mais nada, ficou totalmente acuado.

A partir dali, segundo o comentarista, o Flamengo, que já levava pouco perigo ao gol dos argentinos, atuou mais pressionado ainda, principalmente pelo fato de o Furacão já ter virado a partida contra o Universidad Católica. E veio o gol derradeiro da eliminação, nos acréscimos.

– Aí virou um ataque contra defesa. E o Atlético Paranaense fazendo o serviço, conseguindo superar todas as expectativas do seu momento difícil, momento de pressão, de crise, contra um time que talvez tecnicamente seja até melhor que o San Lorenzo. E aí aconteceu o gol do Belluschi no final dos acréscimos. Um castigo impressionante para o ano do Flamengo até agora. O Flamengo teve três derrotas no ano em jogos oficiais. As três na Libertadores.

Perguntado pelo apresentador Roger Flores se a entrada de Juan, mais um zagueiro, no lugar de Éverton, aos 43 do segundo tempo, teria deixado o Flamengo mais recuado ainda, permitindo o San Lorenzo mais no campo de ataque, Lédio lembrou que houve pouco tempo para essa substituição surtir esse tipo de efeito. E considerou que a melhor opção para entrar, em vez de Matheus Sávio, era o lateral-esquerdo Renê, por ser bom na marcação.

– O Juan nem tocou na bola, o Flamengo já estava recebendo a pressão. O Diego Aguirre já estava empilhando atacantes na área. O que o Zé Ricardo fez? Botou um zagueiro a mais. O pecado maior das substituições não foi esse. O erro definitivo nas substituições foi a entrada do Matheus Sávio, que até é um garoto bom de bola, jogador que tem futuro, no lugar do Gabriel. Eu entraria com o Renê para reforçar a marcação pelos lados, até porque o Trauco não estava bem na marcação também. É um jogador que não jogou bem. Ele não tem conseguido chegar à frente, está instável, errando passes, um pouco irritadiço. Eu já entraria no início com o Renê, era um jogo para ele jogar. Marca muito bem, fecha espaço, irrita o adversário, não deixa o adversário em nenhum momento fazer o corredor. Pelo menos naquele momento, a 15 minutos, 10 minutos do final, o Zé Ricardo deveria ter optado pela frieza, pela marcação implacável do Renê. Optou pela juventude do Matheus Sávio, não deu certo.

Roger Flores lembrou que o Flamengo entrou em campo com uma formação ofensiva, com Berrío e Éverton abertos pelos lados auxiliando Guerrero na frente, e achava que os contra-ataques velozes seriam uma arma a ser usada por Zé Ricardo, o que não aconteceu. Segundo Lédio Carmona, o time teve uma noite com más atuações individuais.

– Não foi isso que o Zé Ricardo pediu. Ele queria que o time tocasse a bola na frente, controlasse a bola dentro do campo do San Lorenzo. Só que o time foi recuando. Na verdade, o recuo definitivo foi no final do jogo. Mas a verdade é que em nenhum momento o Flamengo teve contra-ataque, os laterais não passavam, o Éverton fez uma partida ruim. O Gabriel apareceu pouco no jogo, o Berrío nem se fala, muito mal no jogo. O Flamengo não tinha força pelos lados, e é uma coisa que faz muito bem, em contra-ataque.

O consenso da mesa do “Troca de Passes” foi que a equipe rubro-negra, mais uma vez, e principalmente nesta quarta-feira, sentiu falta do camisa 10, Diego, ainda se recuperando de lesão. Lédio sentiu falta de alguém experiente do meio-campo para chamar a responsabilidade para si.

– Diego fez muita falta. Frio, experiente, saberia segurar a bola na frente, chamar o grupo pro campo de ataque, municiar, assumir o jogo.

Sobre as cobranças que podem cair sobre os ombros do técnico Zé Ricardo pela prematura eliminação do Flamengo na Libertadores, aliada à mexida equivocada, o comentarista disse não mudar sua opinião sobre a qualidade do treinador, para ele o melhor que passou pelo clube depois da era do multicampeão Carlinhos. É enfático ao achar que o Flamengo deve mantê-lo no comando da equipe para as competições na temporada. Mas considera que a vida do treinador vai mudar.

– Acho que deveria ir muito pouco. Talvez uma cobrança em cima das substituições, que não encaixaram. Até mesmo na escalação. Mas é polêmico. O Trauco jogou todos os jogos como titular no ano, quando era o time A. Ele vai botar o Renê hoje? Eu teria posto. Mas a derrota não muda o meu julgamento. O melhor treinador do Flamengo desde o Carlinhos é o Zé Ricardo, é o que conseguiu mais resultados e mais bom desempenho. O torcedor confia nele, pelo menos confiava. A diretoria confia nele, os jogadores gostam muito dele. O trabalho é muito bom, o Flamengo perde muito pouco. Agora, o quadro vai mudar. O cenário vai mudar. Eu não faria nada com o Zé Ricardo. Deixaria o Zé Ricardo trabalhar, ele tem um longo caminho pela frente. Agora, a gente conhece o futebol brasileiro. A vida dele agora ganha um outro parâmetro de cobrança,. pressão, de torcedores mais radiciais, recusa.

Fonte: http://sportv.globo.com/site/programas/troca-de-passes/noticia/2017/05/na-derrota-do-fla-ledio-carmona-ve-erro-de-tecnico-ao-botar-matheus-savio.html

Share this content: