Ninho do Urubu: Disputa de interesses esfria aliança entre Flamengo e Fluminense


Por Bruno Guedes


Se há pouco mais de um ano as diretorias de Flamengo e Fluminense se uniram no que parecia ser uma saída para os desmandos da FERJ e o atraso sepulcral do futebol brasileiro, atualmente cada vez mais distantes elas estão. O que vem esfriando a boa relação que ambas tinham são as disputas fora de campo, que começaram a confrontar interesses de cada clube.

Mesmo ainda com diálogos abertos, o bom trânsito entre as duas direções começou a ficar menos convergente quando entraram em disputas as cotas do Campeonato Carioca. Fla e Flu se recusavam a assinar o acordo com a TV Globo derenovação dos direitos de transmissão do Campeonato Carioca, porque a FERJ estabelece regras que lesam financeiramente o clube. Porém os tricolores cederam à pressão e concordaram verbalmente em aceitá-lo. O Rubro-Negro não cedeu e acabou havendo um racha na união.

Pelo acordo, os valores alcançariam, no total, R$ 120 milhões por ano. Desse montante, 10% (R$ 12 milhões) seriam pagos à FERJ. Os quatro grandes receberiam 15% (R$ 18 milhões) cada um. Ou seja, com a exploração exclusiva de publicidade nos estádios, a Federação ganharia mais que os clubes. Flamengo se recusa a aceitar tais exigências, que ainda incluem a interferência no preço dos ingressos e taxas.

(Foto: Getty Images)

Mas o que vem sendo visto como algo que pode atrapalhar de vez o relacionamento entre as duas diretorias é a "Questão Maracanã", como é tratada internamente por ambos. A diretoria Rubro-Negra tem interesse em administrar o Maracanã. Só que precisaria de uma parceria para entrar numa possível licitação futura. A Odebrecht, que administra o estádio, quer repassá-lo e se livrar do enorme prejuízo que vem causando, além de um problema jurídico que corre no Ministério Público do RJ.

O Fluminense tem um contrato com a concessionária que lhe garante a venda de ingressos para os setores atrás dos gols, enquanto as receitas de bares totais e as vendas de ingressos nos setores centrais e despesas ficaria com a Odebrecht. O tricolor, por tanto, teria quase 40 mil entradas e quase nenhum gasto. A mudança de gestão anularia esse acordo. O clube nem pensa nessa possibilidade, principalmente em ano eleitoral e candidatos a favor da manutenção do mesmo.

Flamengo tenta convencer o (ex?) parceiro a entrar nessa briga, mas não vem tendo sucesso. Enquanto há desencontro de interesses, as duas diretorias tentam não desfazer a parceria. Afinal de contas, um depende do outro. Sozinhos, os dois perderiam muito da força política que conseguiram.

Fonte: https://esportes.yahoo.com/noticias/ninho-urubu-disputa-interesses-esfria-150012213.html

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