Novato no Fla, Lomba cobra: ‘Não adianta pensar que a meta é a segunda fase da Libertadores. É ser campeão’

Ricardo Lomba ainda não é o homem forte do futebol do Flamengo, alcunha normalmente atribuída ao vice-presidente que se torna responsável pela pasta mais importante do clube. Mesmo assim, aceitou o desafio de sair da arquibancada, perder o tempo com a família e o trabalho na Receita Federal, para ajudar o time do coração, e entrar em uma estrutura consolidada de trabalho que tem sido alvo de críticas pelo mau desempenho.

A sensação de pressão e cobrança por resultados expressivos foi imediata. Aos 50 anos, o novo dirigente abandonou o futebol com amigos na sede da Gávea, o cargo de vice-presidente do Conselho Deliberativo do clube, para funcionar como elo entre as correntes políticas do clube, a torcida, e jogadores e profissionais do futebol com dificuldades de identificação com o Flamengo, que Lomba tenta resgatar.

CONFIRA A ENTREVISTA EXCLUSIVA:

O saldo que ficou da temporada após três finais foi um título Estadual. O que você espera para 2018?

Realmente, no Flamengo tudo é superlativo. Como rubro-negro, quero me dedicar ao máximo. Foram dois meses de muito aprendizado, leitura, observação. Quero dar minha contribuição em 2018. Temos a missão única de fazer o Flamengo melhor. Quero que a gente volte a comemorar títulos importantes.

O Flamengo tem dinheiro e elenco para conquistar títulos importantes. O que faltou para ir mais longe na Libertadores em 2017 que não pode faltar de novo?

O Flamengo tem elenco e torcida para entrar em qualquer competição com o objetivo de ser campeão. Não adianta pensar que a meta é a segunda fase da Libertadores. É ser campeão.

A definição do elenco vai ser até o início da competição sul-americana?

A ideia é ter o plantel completo para a pré-temporada. Não vamos fazer aventura. Temos um investimento interessante no elenco, com um patamar alto. Vamos fazer um remanejamento, abrir espaço em folha para trazer jogadores. Um sai, outro entra, mas sem comprometer o orçamento.

O aproveitamento dos jovens da base será uma prioridade?

Além do investimento feito esse ano, tivemos um aproveitamento da base interessante, chamou atenção. Terminamos o ano com alguns como destaque. O reforço pode vir de casa. O sucesso passa pelo desempenho esportivo. Quem estiver jogando bem, tem que botar para jogar. E a base está jogando bem.

Como será essa escolha de reforços pontuais, então? Está difícil?

A dificuldade é comum a todos os clubes, pegar jogadores para resolver o problema. Queremos jogadores qualificados. A gente tem orçamento limitado. Gostaria de lembrar também que hoje jogar no Flamengo é uma situação bastante atraente para o jogador. A grandeza do clube, mas estruturado, em dia, dá mais tranquilidade.

Haverá reforços até o fim do ano?

A gente tem trabalhado para isso. Para fazer as contratações o mais rápido possível. Não queremos iludir o torcedor. A gente sabe da expectativa, da ansiedade do torcedor. Estamos conversando com jogadores, mapeando o perfil, ainda não há nada finalizado.

Há uma preocupação com o perfil dos jogadores em atender a uma identidade do clube, de estilo de jogo também?

Posso pegar o Juan como exemplo. Comprometido, com capacidade técnica. Conhece tudo no Flamengo. É um exemplo para todos. Ele também inspira por essa relação com o clube. Os torcedores querem jogadores assim. O jogador tem que entender o que é jogar no Flamengo.

Como foi para você esse período nessa nova função? Você negocia jogadores, participa de que forma junto ao Rodrigo Caetano?

Eu participo ativamente. Converso, sugiro, participo de reunião com empresários, jogadores. Sou novato, mas estou procurando ajudar. Jamais imaginei estar num cargo desse. Caiu na minha mão, então vamos em frente. É uma pedreira.

Depois da final da Sul-Americana no Maracanã ficou a ideia de que o clube pode não jogar mais no estádio ano que vem. Sobretudo pelo que o diretor Fred Luz comentou após as imagens divulgadas pelo “Fantàstico” das invasões. Há esse risco de sair do Rio?

Seria preocupante falar que é a posição oficial do Flamengo. Foi razoável o que ele falou. Em um jogo dessa envergadura, sem segurança do lado de fora, meu ponto de vista é que é preciso programar a segurança por conta de uma invasão externa, e esse número de policiais precisa aumentar. Fica complicado dar conta. Mas a discussão tem que envolver os outros clubes, a federação, todo mundo. Quando ele fala que tem que reconhecer e levar pra fora do estado, quer dizer que não pode acontecer de novo. Eu fui ao jogo com minhas filhas, desci para o vestiário e elas ficaram sozinhas, é uma preocupação. Tem que acabar a vaidade para resolver.

Você concorda com o fim do plano de sócios especial para torcidas organizadas que o clube anunciou?

Isso não passa pelo futebol, tem setores que tratam essa relação. Pensar em encerrar a relação com a torcida não tem sentido. Ela faz parte do espetáculo, é um combustível. Quando acontece uma situação dessa, tem que analisar e construir uma solução melhor. Em que todos os personagens envolvidos estejam embuídos no mesmo objetivo. Não participei da decisão, mas achei prudente. Não falamos em encerrar, vamos ver onde estão os erros e melhorar.

Fonte: https://extra.globo.com/esporte/flamengo/novato-no-fla-lomba-cobra-nao-adianta-pensar-que-meta-a-segunda-fase-da-libertadores-ser-campeao-22222699.html

Share this content: