O futebol respira

Dizem que é só futebol. Quando caiu aquele avião, junto com ele caíram os sonhos de milhões, caíram os projetos de vida de pais de família, mas caíram também os muros. Muros que separavam os apaixonados pelo futebol, e os mantinham delimitados a olhar apenas para o seu time, a acreditar apenas no seu ideal, a ver como adversários quem estava do outro lado do muro. Os muros caíram e nesses dias, talvez como nunca antes na história, todos eram um só.

Dizem que é só futebol. Só? O que vimos nesses dias mostra que o futebol conseguiu nenhuma esfera chegou perto em toda a sua história. Vimos lágrimas, choro contido ou escancarado, vimos à demonstração gratuita e espontânea da solidariedade, da compaixão, do afeto. Quantos de nós sentimos um soco no estômago que parecia ser mais forte a cada notícia que chegava do acidente? Quantos derramaram lágrimas de forma copiosa em meio a pessoas que olhavam sem entender o porquê daquele choro?

Dizem que é só futebol. As barreiras, físicas e transparentes entre raças, etnias, credos e fronteiras foram reduzidas a pó. Todos nós nos tornamos verdes, nos tornamos índios Condá, nos tornamos chapecoenses, nos tornamos um só. De todos os lugares do mundo, desde ao silêncio mais barulhento até o grito mais contido, todos direcionavam para um único lugar.

Dizem que é só futebol. Explicar o que nós apaixonados por este esporte sentimos é difícil. Sentimos a dor de terem arrancado de nós aqueles que representam o que mais amamos no esporte: a superação, a garra, a luta, a transpiração e a inspiração. Explicar como as lágrimas descem ao ouvir um grito da torcida, ao ver uma imagem, ao ouvir uma narração? Impossível.

Dizem que é só futebol. O que a torcida do Atlético Nacional, a torcida da Chapecoense e as torcidas pelo mundo afora fizeram ontem, foge a lógica do esporte e entra de uma vez por todas na história do mundo. É louvável, é respeitoso, é altruísta e inspirador. É a prova de que ainda há esperança. A humanidade não é um caso perdido.

O futebol respira. E por mais triste que seja, depois dessa tragédia se fortalece. Dizem que é só futebol. Dizem… Para essas pessoas, apenas uma citação: “Perdoa-os Pai, eles não sabem o que falam.”

Saímos dessa mais apaixonados ainda pelo futebol. Volto a falar do Flamengo na semana que vem. Hoje, o grito é de “Vamo, Vamo, Chape!!!!”

SRN!

Jerônimo Simeão Júnior

Concorda? Discorda? Comente! Ah! e se quiser saber mais sobre o Mengão segue lá no Twitter @JeronimoSJunior!

Fonte: http://colunadoflamengo.com/2016/12/o-futebol-respira/

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