Principal festival de cinema e futebol da América Latina, o Cinefoot chega à 11ª edição, pela primeira vez totalmente on-line. A pandemia do novo coronavírus obrigou a organização a repensar o formato, mas não impediu que o evento batesse recorde de filmes na programação. Desta sexta-feira até 27 de novembro serão 76 produções do Brasil e do exterior exibidos na plataforma Innsaei.TV de forma gratuita.

Dos 76 filmes, 59 são brasileiros e 17 estrangeiros. Segundo o idealizador e diretor Antônio Leal, a escolha da data de início foi em homenagem ao Dia da Consciência Negra. O período também coincide com o aniversário de um ano da conquista do bicampeonato da Copa Libertadores pelo Flamengo, na próxima segunda-feira. Na programação são sete filmes dedicados ao título rubro-negro.

Entre os longas estão “Glória Eterna” (dir. Ricardo Taves e Adriano Esteves), produção da Conmebol Libertadores com imagens inéditas das partidas e entrevistas com os principais protagonistas da final em jogo único, em Lima. “Sem filtro: Flamengo” (dir. Flávio Barone) também traz bastidores da conquista.

Na mostra competitiva de curta-metragem, que reúne 37 produções, estão “Aqui é Flamengo” (Rafael Luis Azevedo), sobre como o pequeno distrito de Flamengo, numa região remota do Ceará, acompanhou o triunfo continental. O sentimento dos torcedores também é retratado em “Catarse” (dir. Daniel Brunet), sobre a tensão e euforia dos torcedores em Lima.

– Eu achava que o Flamengo ia dominar o jogo, na minha cabeça, o filme seria o ‘dia mais feliz das nossas vidas’, sobre alegria. Mas o jogo se desenrolou de outra forma e, quando peguei o material em casa, percebi que meu filme era sobre sentimento – conta Daniel Brunet – O que sentimos naqueles dias: o medo, decepção, a adrenalina para chegar em Lima, até que esse caldeirão explode, que é a catarse: o estado de libertação psíquica que o ser humano vivencia quando supera emoções reprimidas.

Cena de 'Catarse', de Daniel Brunet Foto: Divulgação

A invasão na capital peruana também é tema de “Lima de Janeiro – a conquista do bi” (dir. João Ricardo Moreira). Já “Onde estiver, estarei” (dir. Pedro Asberg) é sobre o encontro de dois amigos, testemunhas oculares do título de 1981, para ver o clube disputar mais um título continental.

Além dos gramados

Como nas 10 edições anteriores, o Cinefoot vai além das quatro linhas, com histórias universais que transcendem o esporte

– Nas escolhas, a gente sempre tem a preocupação de trazer esse aspecto humano, sociológico do futebol – conta Antônio Leal.

Além das competitivas de curta e longa, o Cinefoot deste ano fará homenagem a Falcão, 40 anos depois de desembarcar na Itália para se tornar o Rei de Roma; à seleção brasileira, pelos 50 anos do tri no México; e aos 80 anos de Pelé. Já a mostra “Pernambuco em foco” tem, entre outros, curtas de Kleber Mendonça Filho (de “Bacurau”), Lírio Ferreira (de “Árido Movie”).

Cinco filmes para ficar de olho

A última partida de Pasolini (L’Ultima Partita di Pasolini)
Dir. Giordano Viozzi. Doc, 62 min, Itália. Sexta-feira (27/11), 20h30.

Em 14 de setembro de 1975, Pier Paolo Pasolini jogou sua última partida de futebol, antes de sua morte, em San Benedetto del Tronto. “A última partida de Pasolini” parte de um pretexto de um jogo de futebol, para contar um período histórico que foi fundamental para toda a Itália, com suas contradições e tragédias, através de uma visão aparentemente lúdica de Pasolini, mas que nos permite compreender melhor a importância do poeta e diretor italiano.

50 Anos do Tri
Dir. André Gallindo. Doc, 63 min, Brasil. Disponível de sábado (21/11), 17h, até segunda-feira, 17h.

Em 2020 completamos 50 anos da conquista do Tri, conquistado na Copa do Mundo do México, em 1970. O filme retrata os bastidores daquele título, o contexto político e social do Brasil na época e ainda como aquela seleção de craques marcou a vida de muitas pessoas. Para contar a história dessa conquista, escutamos diferentes figuras em diferentes esferas da sociedade brasileira e mexicana.

Estádio (Stadion)
Dir. Tomás Hlavácek. Doc, 72 min, República Tcheca. De terça-feira (24/11), às 19h, até sexta-feira, às 19h.

Durante muitas décadas, o estádio Za Luzankami foi um santuário do futebol em Brno, República Tcheca, com uma atmosfera única e um recorde regular de torcedores. A especulação imobiliária e empresarial, juntamente com o desinteresse político, levou ao seu abandono e à degradação. Depois de mais de quatorze anos, durante os quais o famoso estádio foi dilapidado e coberto de vegetação, a frustração culminou em uma mobilização única de forças envolvendo torcedores, o poder público e toda a cidade.

Paolo Rossi – Um sonhador que nunca desiste (Paolo Rossi – Dreams Create the Future)
Dir. Michela Scolari e Gianluca Fellini. Doc, 91 min, Itália. De domingo (22/11), às 21h, até terça-feira, 21h

Em 11 de julho de 1982, a Itália derrotou a Alemanha Ocidental por 3 a 1 e inesperadamente conquistou a Copa do Mundo. Paolo Rossi, mais conhecido como Pablito, descrito por Pelé e Maradona como o maior campeão da história do futebol, guiou a Itália rumo ao título. A fascinante parábola da história de vida de Paolo Rossi, que culminou com a realização de seu maior sonho: se tornar um campeão mundial.

Procurando Panzeri (Buscando a Panzeri)
Dir. Sebastian Kohan Esquenazi. Doc, 69 min, Argentina/Chile. De terça-feira (24/11), às 15h, até quinta-feira, às 15h.

Panzeri foi um homem honrado, um jornalista crítico, um livre pensador. Enfrentou o poder e morreu sozinho e esquecido. Kohan, o diretor, é obcecado em fazer justiça, tirar Panzeri do ostracismo e trazê-lo de volta a este mundo. Recuperá-lo é um ato de dignidade essencial diante da cruel realidade. Sem Panzeri, os dias do futebol estão contados.

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