Ovelhas negras do Flamengo

Nem tudo são flores no universo rubro-negro, e nem deveriam ser. É sensacional ver jogadores do calibre de Diego, Réver e Guerrero em campo, enquanto a diretoria ainda busca Conca e Éverton Ribeiro para agregar qualidade. A famosa “boa dor de cabeça” pro treinador também alcança nosso imaginário, tão acostumado a eleger e clamar pelos melhores dos piores.

Os mesmos torcedores que hoje se dividem entre Éderson, Éverton, Conca, Diego e até Éverton Ribeiro para preencher duas ou três vagas de meio-campo se debatiam, em 2007, num ferrenho debate sobre qual zagueiro era pior: Moisés ou Irineu. A disputa atacante entre Paulo Sérgio e Diego Maurício, no Brasileirão de 2010, hoje dá lugar a Guerrero, Damião e Vizeu, todos selecionáveis, cada um a sua maneira. A “questão Márcio Araújo”, que se estende há anos como um dos temas mais polêmicos do elenco, é tocada por pessoas que gastavam tempo, dinheiro e voz no Maracanã com Clayton, Jaílton, Hugo Colace e Toró, num universo sem fim de volantes flamenguistas.

Pois bem, amigos, os tempos são outros e somos fortuitos por isso. Olhar para o passado com este olhar crítico é excelente para constatar nosso progresso técnico e administrativo, mas nem isso faz a Nação baixar a guarda. Cada período é marcado por títulos, craques, ídolos e também pelas ovelhas negras – aqueles jogadores que ninguém compreende como podem ter chegado ao Flamengo e que parecem ter algum tipo de apreço especial do treinador que os escala sem nenhum pudor. E hoje? Quem são os candidatos a Dimba e Negreiros do atual Flamengo? Listo abaixo potenciais nomes a serem recordados negativamente em um futuro nem tão distante.

Rafael Vaz

O início do zagueiro foi bem melhor do que todos esperavam. Reserva no clube pelo qual atuava na segunda divisão, Vaz chegou praticamente assumindo a titularidade, apesar de sua qualidade limitada – compensada com dedicação e com o bom momento vivido. A virada do ano trouxe de volta seu padrão: alguns erros e a tradicional inconsistência. O que marca Rafael Vaz negativamente, entretanto, não são as falhas defensivas, mas suas aventuras e devaneios técnicos. Ele simplesmente se acha capaz de efetuar lançamentos de quaisquer distância e natureza com facilidade, mesmo quando estes não são a opção mais indicada, e tem uma tara absurda por cobrar faltas, principalmente aquelas que levam bastante perigo. Como resultado, temos várias bolas entregues ao adversário advindas do que deveria ser uma simples saída de bola e outras tantas boas oportunidades de gol desperdiçadas, já que excelentes jogadores perdem a oportunidade de bater faltas para este pseudo-cobrador. Ainda pior, o frenesi gerado pela torcida sempre que uma falta é marcada rente à área é automaticamente convertido em vaias e xingamentos logo após a bicuda de Vaz para fora, quase sempre para longe do gol.

Se Vaz fosse o zagueiro que limitadamente consegue ser, ele poderia ser um simples e útil jogador para o Flamengo. Porém, com suas ilusões e excesso de confiança, ele se queima com a torcida e se projeta a símbolo de derrotas e maus resultados, ao protagonizar lances bizarros com a frequência que lhe é peculiar.

Gabriel

Gabriel chegou no Flamengo em janeiro de 2013, como revelação do Bahia. No ano anterior, inclusive, ele havia sido destaque, eleito o melhor jogador do poderoso Baianão e autor de numerosos 18 gols no ano. Sua contratação foi modelo do que fora visto como uma saída para a falta de verbas da época: um grupo de empresários investidores adquiriu 50% do seu passe e repassou ao Flamengo, atentos a retornos futuros. Na época, sua chegada foi ofuscada pela contratação de Elias, porém em pouco tempo Gabriel fez por merecer as atenções da torcida do Flamengo com suas frequentes aparições.

Nestes pouco mais de 4 anos, Gabriel nunca foi unanimidade. Já foi considerado como boa aposta, meia em evolução, jogador para compor elenco, dispensável, moeda de troca… mas sempre no jeito Gabriel de ser. Foram 202 partidas pelo Flamengo, várias apagadas, mas uma ou outra com gol e lampejos – o que parece nutrir a esperança da comissão técnica. Diz-se que Gabriel tem um papel tático importante, mas isto certamente não agrada em nada a torcida. Seu nome hoje é sinônimo de insatisfação e, para muitos, ele vai ser sempre o “câncer do Flamengo”, como o tuíte de Lucas Paquetá dizia.

Cheguei perto de adicionar mais nomes ao título de possíveis símbolos negativos do atual Flamengo, mas resolvi me conter pela ausência de unanimidade. Márcio Araújo se tornou um ídolo momentâneo, Muralha ainda não percorreu nem metade do caminho para ser tão negativado, Leandro Damião é ocultado pelo qualidade de Guerrero… mas quem decide é a Nação!

E vocês, confrades, personificam em qual jogador seus momentos de ira?!

SRN!

Rodrigo Coli

Twitter: @_rodrigocoli

Fonte: http://colunadoflamengo.com/2017/05/ovelhas-negras-flamengo/

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