Pela volta do clube dos treze

Quem me conhece vai pensar que é incoerência. Ainda o mês passado escrevi uma coluna criticando o relacionamento inocente do Flamengo em relação aos outros clubes chamados coirmãos. A coluna pode ser encontrada aqui. Naquele momento fervia a decisão dos tricolores de nos dar apenas 10% da carga de ingressos e não dividir a renda. Mantenho a minha posição adotada naquela coluna, ainda que possa sentar e conversar a partir de uma série de outras medidas, que se tomadas em conjunto com os outros clubes, fortalecerão o nosso futebol.

Arbitragem. Calendário. Direitos de televisão. STJD. Em todas estas instâncias fracassamos pelo simples motivo: sermos isolados. É o velho estratagema grego: Dividir para conquistar. E somos conquistados. É a arbitragem que é horrível. O calendário que agora finge que para nos jogos da seleção, mas que na prática não pára. É favorecimento a clubes, vide escândalo Marin que pune árbitros que errem contra o time dele… Os exemplos não têm fim.

O último que apareceu foi a punição com a perda de mando de campo na final da copa do Brasil do Grêmio. Uma boçalidade só. Convenhamos que o campo não é lugar para a Carol Portallupi, mas está previsto na lei o pagamento de multa e não perda de mando. Se o clube dos 13 ainda existisse, poderia e deveria haver uma voz que gritasse a loucura que é essa punição. Mas como não existe, o Grêmio sozinho tem que enfrentá-los. Claro, ganhou. Um efeito suspensivo bastou. Mas esse papel era para uma classe tomar, e não um indivíduo. Considerando aqui o clube como um único organismo individual.

Eis que surge a pergunta: E daí? O que nós temos a ver com o Grêmio? Tudo! Temos tudo a ver. Essa vez foi o Grêmio, mas no mês passado fomos nós. Ou alguém acha que tem cabimento sermos punidos pela arruaça que a “torcida” do Corinthians fez aqui no Maracanã? Ou um pouco mais atrás, quando fomos punidos pela arruaça da torcida do Palmeiras? Ou até mais atrás, quando a Ferj queria nos punir por jogar a primeira liga? Lembrando que ali houve solidariedade dos clubes em toda parte e a coisa andou mais tranquila, porque outros clubes da Liga disseram que não jogariam Brasileiro se acontecesse alguma sanção. Há que ter um sindicato, uma agência que debate, negocia e corre atrás do prejuízo dos clubes. Qual é o problema? Essa pessoa, agência, sindicato não pode ter ligação com os clubes. Isso foi o que acabou com o clube dos treze. Isso é o que está minando a Liga.

Para não alongar num assunto que pouco importa, quero dizer que a figura de Fábio Koff, presidente do clube dos treze, era muito ligada ao Grêmio, clube que já fora presidente, o que gerava muitos questionamentos. Assim como o presidente da Liga, Alexandre Kallil, que é ligado ao Atlético Mineiro, ligado até demais. O que impede que os clubes abram um concurso, ou um tipo de licitação e paguem a uma empresa para administrar a liga? Toda decisão que Kallil tomar será questionada como beneficiando alguém. Uma empresa não teria isso. É necessário para a liga. É necessário para a vida dos clubes, inclusive os que não são filiados.

Vamos combinar, essa fartura de vagas da libertadores não teve sua distribuição discutida em veículo algum. Lembra do São Paulo, aquele clube que brigava para não cair? Ele acabou entrando na briga do famigerado G6, que pode ser G7. O Atlético Paranaense é o quinto tendo um aproveitamento de 50,5%. Quem decidiu isso? A CBF. Sozinha. Obviamente para esse ano tudo estava perdido. O campeonato em andamento. Mas agora era a hora de pleitear uma vaga para a Liga, por exemplo. Alguém duvida que o Furacão voltaria atrás para jogar esse campeonato? Óbvio que precisa ser discutido. Por que não uma para a copa do Nordeste também? Alguém ouve comentário sobre isso? Claro que não. Os clubes são desorganizados como um todo e isso é bom para a confederação.

E então. Agora sou obrigado a ressoar o comentário do Mauro César. Já que o Flamengo é o diferentão, está na hora de liderar este movimento. Como? Tem que começar pelo Rio de Janeiro. Ok que os outros tenham nos sacaneado e ainda acho que enquanto não houver uma unidade clara, o Flamengo deve manter os jogos com renda para si e 10% da torcida para tricolores, alvinegros e cruzmaltinos. Mas isso não impede que o clube sente a mesa para conversar sobre o negócio futebol e o que é melhor para eles. Eurico é fechado com a Ferj, então vamos discutir outras coisas. Com o botafogo principalmente. Já passou da hora do clube ter um lugar para jogar no ano que vem. Já se sabe que o Maracanã pode não ser este lugar, então tá esperando o quê? Mas tem o imbróglio com o Arão. Meu amigo, eu tô falando de negócio. Tá vendo esse dinheiro aqui? Eu quero alugar o teu estádio em troca dele. Tá afim? Tá vendendo o almoço pra comprar a janta. Vai ficar de jogo duro? Isso é inteligente? E a partir de então começar uma nova relação. “Ah, mas o Flamengo vai jogar na Ilha”. Vai jogar os clássicos lá? “Não. Os clássicos vão jogar no Maracanã”. Pra encher o bolso de outro? Prefiro jogar no Engenhão com menos gente.

Até com o Vasco há o que se negociar. O Clássico dos milhões está enfraquecido. Vamos fazer um projeto de Marketing com os dois clubes, com propaganda na TV, resenhas com jogadores emblemáticos do duelo que ative de novo esse clássico? De novo o que media esta relação é o dinheiro. Tá vendo que dá pra ganhar mais dinheiro se fizermos assim? Põe o Nunes e o Dinamite pra falar sobre o jogo na TV Coluna do Flamengo!

Para tudo há um jeito. Depois disso, ampliar esta liderança para o resto do país. Enquanto houver rivalidade nos relacionamentos entre os clubes, quem mais perderá é o futebol. Há que se levantar uma voz em favor do futebol e essa voz tem que ter a vanguarda do Flamengo. Vamos continuar potência, mas vamos deixar de ser roubados, punidos sem critério, prejudicados. É bom para todo mundo.

E você? O que acha do tema? Concorda? Discorda? Vamos debater.

Anderson Alves, O otimista.

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Nota: Fiquei profundamente consternado com a notícia acerca da queda do vôo do clube da Chapecoense. Um clube que galgou as divisões de forma idônea e veloz, conquistando a simpatia de muitos brasileiros e que fazia incrível campanha nas competições que disputava, chegando à final da copa Sulamericana. Nestas linhas gostaria de me solidarizar com as famílias que perderam seus entes queridos nesta tragédia. Estamos todos ligados por esta incrível paixão e nos unimos em oração neste momento difícil. Meus mais sinceros sentimentos.

Fonte: http://colunadoflamengo.com/2016/12/pela-volta-do-clube-dos-treze/

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