Por que a nossa firma é milionária?

Mais uma vez, a imprensa esportiva dá sinais de que não caminha bem. Mais uma vez, temos a certeza de que estamos incomodando… e MUITO! Ao contrário do Flamengo, aqueles que deveriam trazer luz aos assuntos esportivos não se prepararam para os novos tempos, não conseguiram chegar ao tempo da responsabilidade.

Claramente incomodado com nosso sucesso, um jornalista – que assim como tantos outros colegas seus não merece ser citado – resolveu desqualificar, da pior maneira possível, a possível contratação de Conca pelo Mais Querido.

Concordo que seja direito de cada um, dentro dos seus princípios, discordar de qualquer contratação que seja, desde que seja possível defender sua posição de maneira minimamente lógica e embasada. Seria válido não achar Conca um nome necessário ao elenco. Seria justo considerar os valores muito elevados, até mesmo se já houvessem valores confirmados.

Mesmo assim, a responsabilidade não foi seu forte e em um arroubo de clubismo e incompetência, o dublê de jornalista resolveu perguntar de onde veio esse dinheiro. Levantar suspeitas sobre a origem do dinheiro do Flamengo sem qualquer motivo já não me parece honesto ou responsável, quando se torce para o Corinthians, vira piada.

Certamente, eu poderia tentar ser técnico e didático, como foi nosso VP de Finanças, Claudio Pracownik, em entrevista recente. Mesmo assim, eu vou tentar desenhar, da maneira mais rápida e ríspida possível os motivos que tornam a nossa firma milionária.

Começaremos no final do ano de 2012 e início de 2013, quando a responsabilidade bateu nossa porta e tivemos, como primeiros atos a dispensa de atletas caros, contratados sem lastro financeiro ou qualquer tipo de planejamento. Love foi embora e Ibson seguiria caminho similar pouco tempo depois.

Compramos uma briga de tempos difíceis e sabíamos que teríamos poucos nomes de impacto pra comemorar. Começamos o ano sem muitas novidade e estreamos no carioca com um time que tinha: Felipe. Léo Moura, Renato Santos, Frauches e Ramon; Cáceres, Ibson, Luiz Antônio e Rodolpho; Hernane e Rafinha. O técnico ainda era o caríssimo Dorival. Foram suficientes para derrotar o Quissamã em nossa estreia.

O carioca se foi, entre a alegria de um Elias e a esperança em um Carlos Eduardo, o que nos restou para investir ficou com um pacote do interior paulista e outros destaques: Val, Diego Silva, Bruninho, Gabriel e Paulinho são exemplares clássicos do nosso poder de investimento baseado na responsabilidade.

Na oitava rodada do brasileiro, o Flamengo parecia ter uma base. Perdemos para o Inter, com gol de Juan. Felipe, Leo Moura, Wallace, Gonzaéz e Joao Paulo; Diego Silva, Elias, Cadu, Nixon, Paulinho e Moreno. Adryan, Val e Bruninho entraram ao longo da partida. O Flamengo já tinha Mano, investimento mais barato que Dorival, como comandante.

Mano, como vocês devem lembrar, pediu as contas após uma goleada de virada do Atlético Paranaense. Estávamos no final de setembro.

Jayme chegou, mudou algumas coisas, encaixou algumas peças e conquistamos a Copa do Brasil com Felipe, LM, Wallace, Samir e André Santos; Amaral, Luiz Antonio, Elias e Cadu; Paulinho e Hernane. Chicão, é importante citar, foi fundamental para nossa campanha.

Terminávamos nosso ano mais difícil campeões e classificados para a libertadores, mas ainda não era a hora de colher os frutos de nosso sofrimento, eram anos de abandono. Para 2014, ganhamos poucas peças.

Erazo chegou para compor a zaga. Leo, depois de bom ano pelo Atlético Paranaense, veio fazer sombra para Léo Moura, cada dia mais próximo do fim de seu ciclo. Perdemos o Elias por falta de dinheiro, recebendo Márcio Araújo e Feijão. No mesmo meio, apostamos na juventude de Mugni e na experiência de Elano para a libertadores. Canteros também aportou por aqui em algum momento desses. Não chegamos a lugar nenhum.

Mais um ano difícil começava, mas as contas seguiam em dia. Por mais que os resultados em campo não fossem condizentes com nossa grandeza, o Flamengo pagava em dia, como nunca havia sido feito em nossa história recente.

Roma não foi construída em um dia, o Flamengo não seria reconstruído em tão pouco tempo. Ainda assim, em 2015, mesmo sem nadar em dinheiro, apostamos (e parecia muito correto) em Cirino, trouxemos Alan Patrick, apostamos em Ederson e chocamos a imprensa quando trouxemos Guerrero. Isso tudo sem deixar de sofrer com Armero, Almir, Jonas e Ayrton.

A contratação de Guerrero foi, para a imprensa recalcada, o abandono da austeridade. Não foi. Salários e premiações, para desespero das redações, seguiam sem atrasos ou até mesmo adiantados.

Ainda nesse ano, trouxemos Diego, depois de Mancuello, Muralha e Cuellar. A gritaria permaneceu e esse texto foi quase todo escrito lá atrás, quando fomos buscar nosso “presente” no aeroporto.

O time começou a encaixar, fomos competitivos e estamos cada vez mais recuperados. Estamos colhendo os frutos da responsabilidade através de nossos próprios méritos. Sem mecenas patrocinando loucuras, sem presidente da república conseguindo estádio.

Se ontem éramos o exemplo do que não fazer, hoje pagamos por nossa responsabilidade ouvindo irresponsáveis. Os balanços e prêmios sobre nossa transparência não vão substituir a necessidade de preencher ainda mais nossa sala de troféus, mas isso é consequência de um trabalho. Estamos apenas no começo da fase boa.

Aos recalcados, meu sincero desejo de sorte. Vocês vão precisar.

Aos veículos de comunicação e seus jornalistas, peço respeito e alguma competência.

Feliz Natal e um 2017 com títulos em vermelho e preto.

Thigu Soares
Twitter: @thigusoares

Fonte: http://colunadoflamengo.com/2016/12/por-que-nossa-firma-e-milionaria/

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