O Flamengo perdeu um de seus capitães. O de direito. A saída de Rafinha, 34 anos, representa mais que a de Jorge Jesus. Com a liderança em comum a do ex-técnico, o lateral-direito chegou no ano passado e se tranformou em um elo entre elenco e diretoria, mais até do que os demais representantes do grupo, como Diego, Diego Alves e Éverton Ribeiro, o capitão de fato.

Rafinha foi também quem conseguiu reunir o grupo de jogadores de forma a impedir vaidades entre os que já estavam no clube antes e os que chegaram no último ano. Foram seis meses até sua contratação ser selada após despedida do Bayern de Munique, onde atuou por quase dez anos. Agora, o destino é o Olymiacos, da Grécia.

Os motivos para o adeus foram mais pessoais do que esportivos. A pandemia no Brasil e a complicação no calendário desanimaram o veterano, ainda mais depois da saída de Jorge Jesus. O português tinha no jogador uma de suas principais referências. E a saída abrupta decepcionou Rafinha.

“Nós temos que ser realistas: nessa parte o Flamengo falhou. Ninguém imaginava que ia acontecer isso, ninguém pensava que ele ia sair, ainda mais tendo renovado um mês antes. Então nessa parte até o próprio clube já se pronunciou dizendo que falharam. Não ter uma segunda opção caso ele rescindisse ou voltasse para o país dele, o Flamengo não se preparou para isso. Não dá pra culpar a diretoria, o Flamengo se preparou para renovar com ele, aí ele chegou e disse que tinha outro projeto, tinha família dele lá e pronto”, disse Rafinha, em recente entrevista ao canal ESPN.

A insatisfação de Rafinha foi a mesma de Jesus. Não se sentiu valorizado o suficiente. E sua saída indica que o processo de construção do elenco do Flamengo, baseado em alto investimento financeiro, pode ter efeitos colaterais. Outros atletas, como Bruno Henrique e Gabigol, foram valorizados antes. Nomes como Diego Alves e Gerson estão na fila. Uma questão que precisará ser bem administrada pela diretoria a partir de agora. Pois uma coisa é perder um treinador, outra é ver um elenco vitorioso perder peças importantes.

Em campo, a perda de Rafinha também será muito sentida. O Flamengo não tem uma opção a altura e vai ao mercado no desespero novamente, assim como fez com Jorge Jesus. Mas o clube sabia desde o ano passado da cláusula que dava a Rafinha a possibilidade de sair de graça para a Europa. Virou o ano sem conseguir uma renovação, e sem contratar ninguém que fizesse sombra ao titular.

A parceria de Rafinha com Éverton Ribeiro é um dos pontos altos da passagem do atleta pelo Flamengo. Pelo lado direito, foram inúmeras jogadas e cruzamentos para gols. Bola na rede mesmo, nenhuma. O veterano vai deixar o clube sem ter marcado nenhuma vez desde o ano passado. No total, foram 46 jogos, com título Estadual, da Recopa, Supercopa do Brasil, Libertadores e Brasileiro.