PREVISÍVEL

Quem costuma acompanhar os debates aqui nas minhas colunas, já deve ter visto alguns participantes se referirem a mim como um incorrigível otimista. Alguns já chegaram até a me classificar como Ufanista, pela minha forma de encarar determinadas situações.

Pois bem, nesta quarta, quem me conhece um pouco melhor, identificou exatamente o contrário no meu texto. Viu até certo pessimismo nele. Não chego a concordar, mas reconheço que minha confiança não era tão grande como de outras vezes.

No apito final do jogo do dia 7 eu disse para alguns amigos:
– O problema é que agora eles têm a vantagem do empate.
E não deu outra!
O tal do Mano Menezes não é burro, sabia que o time dele era inferior ao nosso, sabia que o empate aqui tinha caído do Céu (ou dos braços do Thiago) e certamente usaria essa carta na manga.

Não viria pra cima de nós, mesmo jogando em casa. Não iria nos dar espaços para o contra ataque. Iria amarrar o jogo e deixar conosco a responsabilidade de sair pra buscar a vitória. Se fosse para pênaltis, ÓTIMO!
A história não vai falar de um time acovardado em uma final dentro de casa. Vai falar que eles chegaram ao 5º título e nós continuamos com os mesmos 3.

Para que essa estratégia do Sr. Menezes não desse certo, precisaríamos de uma equipe que tivesse buscado com OBSTINAÇÃO (com letras maiúsculas mesmo) a vitória, o que, sinceramente, não percebi. Precisaríamos de um dia bem mais inspirado dos nossos principais jogadores, o que não aconteceu. Precisaríamos de um time com mais CARA DE FLAMENGO, o que esse, lamentavelmente, ainda está LONGE de ter.

Que me perdoem seus admiradores, mas qual será a maior prioridade para os dois peruanos da nossa equipe? Nosso título ou classificar o Peru para a Copa, o que não acontece desde a metade do século passado? Será que vão mesmo pensar no que estamos sentindo, depois de embarcarem para se unir a sua Seleção no domingo? Será que o nosso volante colombiano estava jogando por nós ou pensando em voltar a ser convocado para sua Seleção?

Quando a gente ouve aquela máxima que diz “Craque o Flamengo faz em casa”, não necessariamente isso quer dizer que esses jogadores precisem ser tecnicamente diferenciados. Não mesmo! Quer dizer apenas que eles ENTENDEM melhor o que é jogar pelo Flamengo. Que eles se acostumam desde cedo a lidar com as características do clube, pressão, e anseios da torcida do Flamengo. Basta olhar para nossas maiores conquistas para perceber a importância que isso tem.

Nossa atual administração financeira é absolutamente fantástica e ter dinheiro é muito importante, sem dúvida. Pagamos em dia, oferecemos as melhores condições possíveis, podemos trazer grandes jogadores e estamos até em vias de construir um estádio próprio. Tudo isso é maravilhoso! Mas não se consegue comprar identificação com o Flamengo. E no nosso elenco atual, por mais forte que ele seja no papel, sinto MUITA falta disso.

Mesmo diante da enorme previsibilidade do resultado que esse tipo de disputa teria para nós, não há vergonha em perder um título nos pênaltis. Claro que não! As sensações de tristeza, decepção e desânimo, essas sim, são inevitáveis. Até um sentimento de revolta é compreensível, se levarmos em conta os erros de planejamento que resultaram no que fomos obrigados a assistir.

Mas para que essas sensações não fiquem ainda maiores, não resta outro caminho que não seja o de levantar a cabeça, olhar para o que ainda nos resta este ano, e seguir em frente. Por mais LAMENTÁVEL que eu considere toda essa valorização por uma simples vaga em Libertadores, sei o quanto isso é importante para o clube em vários aspectos e não acho que devemos desprezá-la.

Agora, que vamos poder passar a contar com todos os jogadores do elenco nas duas competições que nos restam, vamos torcer para que o ganho em qualidade se traduza em resultados. Vamos esperar que um maior entrosamento aconteça o mais rapidamente possível e que haja tempo bastante para salvarmos um ano que se anunciava de conquistas, mas vem sendo mesmo é especialmente pródigo em decepções.

PRA CIMA DELES, MENGÃO !!!

Fonte: null

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