Procurado por Fla e Palmeiras, Bernard renasce com novo técnico no Shakhtar

Um ditado que pode ser muito utilizado no futebol é
“nada como um dia após o outro”. No caso do atacante Bernard, talvez
seja melhor adaptá-lo para “nada como um técnico após o outro”. Não
que ele fosse inimigo declarado de Mircea Lucescu, que deixou o Shakhtar
Donetsk para assumir o Zenit. O treinador, inclusive, já chegou a declarar que
o brasileiro estava no clube ucraniano apenas para “tomar
dinheiro”. Porém, a relação se
acalmou e a chegada de Paulo Fonseca fez o jogador enxergar um horizonte até
então desconhecido. Neste início de temporada já foram dois gols em três jogos,
titularidade confirmada e um sorriso estampado no rosto. Mesmo procurado por
Flamengo, Palmeiras e Porto, Bernard ficou na Ucrânia, onde tem contrato com
sua equipe até junho de 2018. Em entrevista ao GloboEsporte.com, ele deixa
claro que chegou, enfim, seu momento de aparecer e “acontecer” na
Europa.

– Estou bastante feliz com tudo o que está acontecendo,
desde o primeiro dia que cheguei aqui para iniciar a pré-temporada. Já vim com
foco para começar com o pé direito e essa temporada e fazer com que seja especial.
Então esses frutos que venho colhendo agora, que são os gols, desde os jogos da
pré-temporada me deixam muito feliz. Tenho que continuar trabalhando e me
dedicando cada vez para deslanchar de vez e voltar a mostrar tudo o que que sou
capaz – disse.

Neste início de temporada, Bernard marcou e foi decisivo nas
partidas contra Young Boys (vitória por 2 a 0) e Zirka (vitória por 4 a 1),
pela fase eliminatória da Liga dos Campeões e Campeonato Ucraniano, respectivamente.
Jogou os 90 minutos na decisão da Supercopa da Ucrânia, mas errou uma cobrança
na derrota por 4 a 3 nos pênaltis para o Dínamo de Kiev, após empate em 1 a 1
no tempo normal.

GloboEsporte.com: A chegada de Paulo Fonseca foi
determinante para sua volta por cima no futebol com a camisa do Shakhtar
Donetsk?

Bernard: Já era para ter me encontrado com o Paulo em 2013,
quando tive a proposta do Porto e do Shakhtar, mas infelizmente não aconteceu.
E felizmente está acontecendo nesse momento, porque é um treinador que vem me
passando bastante confiança, que mudou a forma de jogar da equipe. Isso me
favoreceu não por mudar a forma de a equipe jogar, mas por tudo o que vem
fazendo por mim, conversando e passando confiança. Não disputei 90 minutos de
vários jogos aqui no clube em três anos, justamente por opção do ex-treinador.
Mas com ele (Paulo), já joguei 90 minutos dos três jogos da temporada. Ele vem
me dando sequência, e estou correspondendo e ajudando a equipe da melhor forma
possível.

Qual era, de fato, sua ralação com Mircea Lucescu? Era
impossível a convivência no clube?

– Sempre é uma situação complicada, tudo o que vivi. Tive
erros e aprendi com eles, mas é era uma situação de convívio. Aprendemos a conviver
um com o outro, infelizmente ele tinha as opções dele que eu respeitava e não
deixava de dar o meu máximo no dia a dia. Sempre buscando melhorar cada vez, me
decidar cada vez mais. Tive certos problemas, mas no final conseguimos nos
entender. E quando estávamos bem, ele acabou saindo do clube.

Muita coisa aconteceu depois da Copa do Mundo, e seu nome
sempre esteve envolvido em uma possível saída do Shakhtar. Além da Copa, teve a guerra no leste da Ucrânia…

– Depois da Copa ficou tudo meio incerto no clube e no país,
pela guerra ter estourado na nossa cidade. Pelo momento conturbado que vivia o
país. Mas chutar o balde não seria a palavra certa, pois eu tenho responsabilidades
com o clube pelo contrato de cinco anos. Foi uma escolha minha. Mas pelos
problemas que eu tive, não só com o treinador, mas também com o momento do
país, lógico que teria que procurar outras opções. Queremos trabalhar em um
lugar que ofereça segurança, tranquilidade e felicidade. Mas o presidente, que
gosta muito de mim e do meu futebol, fez de tudo para tudo ficasse tranquilo
para os jogadores. Ele conversou e tudo ficou entendido.

Existe alguma previsão para o Shakhtar voltar a jogar em
Donetsk (em 2014, rebeldes pró-Rússia entraram em conflito com forças de segurança da Ucrânia em uma guerra pela anexação do território à Rússia)?

– Agora o país está um pouco mais tranquilo, ainda acontecem
alguns problemas, mas é bem longe. Estamos na capital. Estamos trabalhando bem
tranquilos, em paz e sem nenhum risco. Infelizmente, não existe nenhuma
previsão de volta a Donetsk, ou de voltar a jogar no estádio, justamente porque
a cidade foi praticamente destruída. E também foi ocupada por alguns militares
russos, é uma situação complicada que a gente torce para ser resolvida o quanto
antes. Também pelo estádio e nosso centro de treinamento, porque tanto para
jogar dentro ou fora de casa estamos viajando. Vivemos em Kiev e jogamos em
Lviv. É uma situação complicada estar sempre viajando para jogar.

Flamengo, Palmeiras e Porto demonstraram interesse na sua
contratação. Por que você ficou no Shakhtar?

– Fico muito feliz com interesse de grandes clubes como
Porto, Palmeiras e Flamengo. São três clubes que qualquer jogador teria vontade
de jogar, mas o presidente deu uma segurada, esperou a troca de técnicos,
porque sabia que seria meu momento no clube, mas o momento é de mostrar o meu
trabalho na Europa.

Acha que o Shakhtar ficou muito enfraquecido após as saídas
de Douglas Costa, Alex Teixeira e Luiz Adriano?

– O clube acabou vendendo, são jogadores que vinham de um
momento bom e especial no Shakhtar. Douglas, Adriano e Teixeira. Agora temos
que assumir nossa responsabilidade e dar o melhor para o clube.

A Copa do Mundo
de 2014 e o 7 a 1 para a Alemanha ainda tiram o seu sono?

– Já passou, são dois anos. Infelizmente é uma situação que
foi incômoda para todos, mas é trabalhar, olhar pare frente e aprender com os
erros que aconteceram.

Fonte: http://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/noticia/2016/07/procurado-por-fla-e-palmeiras-bernard-renasce-com-novo-tecnico-no-shakhtar.html

Share this content: