Quando a gente acha que não tem como piorar…

Eis que o ex-campeonato mais charmoso do Brasil deve mesmo sofrer uma reformulação para sua versão 2017. Devemos comemorar? Não. Mas não é o que todos queriam? Sim. Por que então não podemos comemorar? Explico.

O número de clubes a participar da fase principal da primeira divisão do campeonato diminuirá de 16 para 12. Olhando este número de maneira isolada seria uma ótima notícia. Menos clubes participantes significa um campeonato mais enxuto, correto? Não necessariamente.

O Cariocão 2017 voltará a ser disputado naquele antigo formato da Taça Guanabara e Taça Rio. Serão divididos dois grupos de 6 times que jogarão dois diferentes turnos. No primeiro, os times de cada grupo jogam entre si e os dois melhores colocados de cada grupo se enfrentam nas semifinais e posteriormente na final. O segundo turno terá a mesma forma do primeiro, porém os times de um grupo jogarão contra os times do outro grupo. Por fim, o clube campeão da Taça Guanabara, o campeão da Taça Rio e mais os dois melhores colocados na classificação por pontuação geral, participarão das semifinais e posteriormente da final do campeonato carioca.

Imagine agora o clube que por ventura chegar a final da Taça Guanabara, da Taça Rio e do estadual. Este clube jogaria 7 jogos no primeiro turno, 8 no segundo e ainda mais 3 na fase final do torneio, o que totalizaria 18 datas. Por acaso, este é exatamente o mesmo número de jogos que fizeram os finalistas Vasco e Botafogo na última edição do campeonato Carioca, em 2016, quando o campeonato comportava 16 clubes. Diga-me agora se o campeonato ficou mais enxuto.

Diminuir o número de times não é sinônimo de diminuir o número de datas.

Esta chamada “reformulação” do formato do torneio não beneficia, mas sim prejudica todos os times do campeonato, grandes e pequenos. Os grandes porque não se beneficiarão de um torneio mais enxuto e mais bem disputado e valorizado. Os pequenos porque terão que se digladiar em uma fase preliminar para saber se realmente disputarão a primeira divisão, o que atrapalha e muito o planejamento financeiro destas equipes.

Aliás, esta preliminar a ser disputada pelos 4 últimos colocados do ano anterior em conjunto com os 2 clubes que subiram da 2ª divisão é, para dizer o mínimo, confusa. Imagine a situação do clube que acredita ter subido de divisão, mas ao não se classificar nesta preliminar, poderá cair para a segunda sem nem mesmo ter jogado a primeira.

Imagine ainda que os clubes a serem rebaixados serão os dois últimos colocados desta preliminar, que nada tem haver com as fases consequentes do torneio. Ou seja, o Macaé, último time a se salvar de jogar essa fase seletiva em 2017, poderá perder todos os jogos que fizer na Taça Guanabara e na Taça Rio por 10 x 0, que mesmo assim não será rebaixado, pois terá ainda a chance de jogar a tal fase preliminar no ano seguinte, podendo ainda sim permanecer na primeira divisão.

Como se tivesse uma caixinha cheia de ideias estapafúrdias, de onde tiram novas ideias sempre que há vontade, a FERJ conseguiu se superar e afundar ainda mais um campeonato que já parecia estar no fundo do poço.

Por todo o charme e importância nacional que já teve na história, o campeonato Carioca merecia mais. Porém, pelo o andar da carruagem, prefiro terminar esta coluna com as palavras do atacante Fred, ex-Fluminense: “O Carioca tem que acabar!”.

Bruno Petrocelli

@brunopet365

Fonte: http://colunadoflamengo.com/2016/11/quando-gente-acha-que-nao-tem-como-piorar/

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