RMP: “Sem cara, sem alma, sem nada”

Um dos grandes problemas do futebol do Flamengo dos dias de hoje é a sua completa falta de alma e de identidade. Quem é a cara do departamento? Quem chama os jogadores e a comissão técnica às falas, após um vexame? Quem aparece nos momentos mais turbulentos para falar com a imprensa e, através dela, dar satisfações à sua imensa torcida? Ninguém.

A gestão de Eduardo Bandeira de Mello, desde seus primeiros dias (e já lá se vão mais de cinco anos), se caracterizou pelo desprezo ao trabalho dos jornalistas – e, por extensão, ao direito de informação da sua “nação” de 40 milhões torcedores apaixonados e ávidos por notícias rubro-negras.

Se depender do presidente, todas as comunicações se darão através do site oficial e quando, porventura, alguém precisar falar algo além disso, o próprio cartola mor se manifestará – para seu gáudio e vaidade. E falará, como de hábito, com seu proverbial desconhecimento do mundo da bola e sua empáfia de quem acha que sabe tudo sobre tudo. Não sabe.

No dia seguinte a mais uma atuação pífia, decepcionante, sem alma e sem bola – além de covarde e pouco inteligente – ninguém do comando do futebol do Flamengo apareceu. Onde anda o vice de futebol Ricardo Lomba – o único que teve, uma vez, atitude digna de dirigente de futebol e logo foi silenciado pelo estilo “cala a boca” de Bandeira e Fred Luz?

E o que faz e pensa o novo executivo Carlos Noval? Desde que substituiu Rodrigo Caetano deu apenas uma insossa entrevista: aquela do dia de sua apresentação quando, entre outras coisas, defendeu que o interino Maurício Barbieri assumisse o time, depois da demissão de Paulo César Carpegiani.

A nova maneira de os clubes de futebol se relacionarem com os chamados “setoristas”, repórteres que cobrem o dia a dia do clube, facilita essa postura. Não há acesso aos treinamentos e aos dirigentes e se faz uma única entrevista coletiva por dia, geralmente de um jogador escolhido a dedo (nos dias mais críticos põem para falar um reserva inexpressivo). Ninguém dá a cara a tapa.

Isso nunca foi, não é e jamais será o jeito e estilo do verdadeiro Flamengo. Eduardo Bandeira de Mello poderia ter entrado na história do clube como o melhor de todos os presidentes se, além de colocar as finanças em dia, tivesse entregado o futebol a alguém do ramo – e não a fantoches que replicam o seu jeito blasé e tal como ele não entendem patavinas dos bastidores do velho e violento esporte bretão.

Apesar da saúde financeira, onde está o timaço que todos esperavam? E o estádio? O tal terreno que foi anunciado com pompa e circunstância, na Avenida Brasil, já foi abandonado e a Ilha do Urubu tornou-se um mico para o qual não se vê solução. Isso sem falar no impasse do Maracanã.

Do jeito que a coisa vai este ano, Bandeira de Mello deixará o Flamengo com as finanças equilibradas, mas tendo conquistado, em seis anos, apenas dois inexpressivos carioquinhas e uma Copa do Brasil que caiu do céu, Deus sabe como. Pouco, muito pouco para um clube no qual o lucro de verdade se expressa em taças, voltas olímpicas e na alegria de sua torcida.

O Flamengo dos dias de hoje comemora sexto lugar no Brasileiro, faz festa pelo fato de ter chegado a duas finais num ano (e perdido ambas) e empilha a contratação de jogadores bizarros como Berrio e Marlos Moreno. No mais, leva à loucura os seus torcedores com atuações ridículas e os mata de vergonha com vexames em série.

Isso (não) é Flamengo!

Reprodução: Blog do Renato Maurício Prado

Fonte: http://colunadoflamengo.com/2018/05/rmp-sem-cara-sem-alma-sem-nada/

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