Saudações bipolares

Eis que a clássica bipolaridade rubro-negra apareceu com tudo após a trágica eliminação da Libertadores. As redes sociais ferveram, apareceram 40 milhões de especialistas em planejamento de futebol, insatisfeitos (com razão), e avaliando o Flamengo de cabeça quente.

Também pudera, o time em campo é a personificação da identidade bipolar rubro-negra, é o termômetro disso tudo, mas já é da natureza do torcedor flamenguista se lançar do céu ao inferno quase que instantaneamente. Somos os maiores, por isso tudo aqui é muito maior, seja o drama ou a felicidade.

É claro que os resultados estão longe de ser os que realmente deveriam, a eliminação da nossa maior obsessão na temporada doeu sim, teve um ar de vexame, o Flamengo não conseguiu se impor e não conquistou sequer um pontinho fora de casa.

A passividade post-mortem do Bandeira, e do Zé Ricardo, foram lamentáveis, virou a faísca para iniciar um verdadeiro incêndio na Nação. Ela, que já sofria com o fim de toda a expectativa, e empolgação criada na competição que não conquistamos há 36 anos.

Poderia ficar aqui usando argumentos para tudo ficar mais fácil, como o fato de que se caso os confrontos do grupo fossem em mata-mata não teríamos sido eliminados para ninguém, e que não perdemos no Maracanã, ou então chorar que na reta final perdemos o nosso principal jogador.

Mas não vou tentar me iludir inventando desculpas para amenizar os efeitos da nossa bipolaridade. Sabemos que o projeto do Flamengo é o melhor possível, sabemos também que o time é um dos melhores do Brasil, precisamos corrigir nossas falhas, começar do zero é burrice.

Enfim, foi triste… Mas nessas horas vale ressaltar, e deixar bem claro para todos que jamais existirá vexame maior do que frequentar divisões inferiores do futebol nacional, TIME GRANDE NÃO CAI! Por isso, em respeito ao tamanho do gigante Flamengo, precisamos tocar a vida.

Bola pra frente!

Não temos motivos para demitir um treinador que em menos de um ano sofreu apenas 4 derrotas em 7 meses , e que acaba debutar na principal competição continental. Precisamos ter paciência, assim como o Corinthians teve em 2011, quando segurou o Tite após a eliminação para o Tolima.

Jamais iremos evoluir se continuarmos no mesmo ciclo vicioso dessa cultura imediatista que deturpa o medíocre futebol brasileiro. Pra mim essa é a receita certa do fracasso, é injusto, e não sei quanto tempo perderemos para implantar o novo conceito desse novo treinador.

Não acho que as opções do mercado possam se tornar tiros tão certos como falam por aí, posso até simpatizar com o Marcelo de Oliveira, mas todos sabem que historicamente os nossos títulos sempre chegam com os treinadores prata-da-casa.

É claro que não tem que passar a mão na cabeça de ninguém, Zé Ricardo precisa tomar uma chamada da diretoria, mas aposto que o próprio deve se cobrar e tenho certeza que essas lições servirão para que o jovem treinador fique cascudo.

É a bipolaridade maligna, se não temos paciência com um treinador que veio da base, com bom aproveitamento, será que teremos paciência com o Vinícius Jr.? Ou faremos como muitos que já estão queimando o menino Matheus Sávio?! Lamentável!

Calma, respira!

Entraremos com tudo, mais favoritos do que já éramos no Campeonato Brasileiro. A Sul-americana pode servir como um bom vestibular para a Libertadores do ano que vem, além de ser uma verdadeira mamata. Ainda tem a Copa do Brasil, que já entramos nos momentos derradeiros.

Zé terá trabalho para corrigir as falhas, mas após esse episódio certamente o foco da equipe será bem maior, entrarão mordidos para mostrar o seu valor. Aquele mesmo valor que já conhecemos, que superestimamos ao extremo, mas que agora subestimamos na mesma proporção.

Precisamos digerir a situação, e cair na real, pois uma crise pode ser extremamente prejudicial em uma temporada que ainda tem tudo para ser histórica para o Flamengo. Cancelar o sócio-torcedor é covardia, coisa de torcedor modinha.

Precisamos jogar juntos, cobrar, é claro, mas apoiar principalmente. Bora juntar os cacos e seguir em frente? Algumas boas vitórias, e o tempo serão os melhores remédios pra essa dor de cabeça. Não esmoreça, Lembrem-se sempre:

Se Isso aqui é Flamengo uma vez, Flamengo sempre hajamos de ser!

Que os deuses do futebol estejam com o Flamengo!’

Vinny Dunga

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Fonte: http://colunadoflamengo.com/2017/05/saudacoes-bipolares/

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