“Se eu fosse pai de um jogador da base do Flamengo, eu o tiraria e colocaria em outro time”

É com a célebre frase de Rodrigo “Bigodón” que inicio a coluna ao maior estilo Vinny Dunga. Não é pra tanto, talvez, mas que a situação chega a ser constrangedora, chega.

Foi com estranheza que alguns colegas e leitores receberam meu posicionamento sobre Renê no Flamengo. Para quem ainda não está a par, em minha avaliação, não era necessária a contratação do jovem e promissor lateral. Por que pensaria assim?

Vale para o Renê, mas vale para um possível goleiro. Vale para alguma outra posição em que temos jovens valores pedindo passagem. Vamos nos ater ao Renê, por hora.

Renê é uma grande aquisição, não tenho dúvida. Preocupa a experiência com outros jogadores que não tiveram base em nosso elenco, mas me parece sim um jogador promissor. Talvez lute pau a pau com Trauco pela titularidade.

O grande problema é que o Flamengo fez uma pose de time mudado, com uma postura de valorização da base. A chegada de Renê rema no sentido contrário.

Na nossa base há dois jovens jogadores promissores. Michael é o que mais agrada. É muito incisivo e dribla fácil, procurando o fundo e outras vezes na diagonal. Moraes é mais velho e acabou substituindo-o na copinha deste ano. Teve um início atabalhoado, mas se recobrou e fez um resto de copinha bastante digno, fazendo duas ou três assistências ao que recordo.

Alguém aí acha que Trauco vai se machucar tão gravemente que justifique esse desespero em contratar? Porque como, já disse, este ano só haverá dez datas fifa e a libertadores para nestas ocasiões. Não seria interessante usar estas oportunidades para testar um garoto? “Ah, mas o garoto não pode ter que jogar uma libertadores”, “Vai queimar”… Aí fica difícil. Melhor, como disse um leitor nos comentários da última coluna, fechar a base.

Sabe quantas vezes a terceira opção joga? O Thiago Ennes, por exemplo ficou a ver navios, nem apresentado à torcida foi. Ronaldo ano passado fez duas partidas em que o Flamengo atuou com time reserva. A soma das duas atuações não chega a 43 minutos. Você tem mesmo esperança de o clube testar os dois laterais? Vai esperar até quando? Moraes já tem 19 anos.

O Flamengo tem jovens promissores também. Será que não daria para esperar ao menos o fim do campeonato carioca? Renê vale tanto assim o desespero? Ou será que isto já não é um reflexo de um Mea culpa, afinal, no ano passado havia dois jovens promissores que acertaram com outros clubes de graça e poderiam ter aportado aqui no Mengão? Diogo Barbosa e Marcelo Hermes.

Assim, não é culpa de Renê, mas minha postura se deve ao fato do desejo de que o Flamengo valorize mais a sua base. Testou? Deu um bom número de partidas? Não funcionou? Aí sim, contrata outro e manda embora o menino. Para de ficar iludindo o garoto e o torcedor! Mas pagar de clube formador, do famoso “Craque o Flamengo faz em casa”, não rola. Porque o Flamengo até não tem formado craques, e mesmo os bons e médios jogadores têm vivido de procrastinação e empréstimos mirabolantes para times sem expressão. Hoje, não há, no time principal nenhum prata da casa. E mesmo entre os reservas diretos apenas Juan, que não é revelação, e Thiago figuram sem muita estima.

Enquanto isso renovamos com Everton, Baidu antivírus e Gabriel. Tentamos até ficar com Fernandinho. Assim que valoriza a base?

E você? Acha que o Flamengo está atuando de forma satisfatória neste ponto? A base está sendo valorizada? Chega mais. Vamos bater um papo.

Anderson Alves, O otimista
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Fonte: http://colunadoflamengo.com/2017/02/se-eu-fosse-pai-de-um-jogador-da-base-do-flamengo-eu-o-tiraria-e-colocaria-em-outro-time/

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