Um time para entrar para a história

É verdade. Muitos torcedores do Flamengo são iludidos, soberbos, bipolares. Já torcemos para Ibson, Souza, Léo Moura e Juan como se torcêssemos para Zico, Adílio, Nunes e Andrade. Ao primeiro jogo mais ou menos, já começamos a pensar ao menos em “deixou chegar” ou o mais novo hit “cheirinho de hepta”. Ao mesmo tempo em que se perder já se ouve “vamos brigar para não cair”. É dura a vida do rubro negro, mas é muito mais divertida que outros por aí. No fundo pagamos o preço por termos uma histórica equipe nos anos 80. Este é o cerne do nosso papo.

Nunca as coisas convergiram tanto para que a nossa história fosse ainda mais gloriosa. Temos contas em dia, pagamos os salários em dia, CT, aumentamos a renda do futebol com mais uma patrocinadora forte, teremos um lugar para jogar no Rio e podemos administrar o Maracanã, temos um plano B caso o Maraca fracasse, temos jogadores de peso e reforços pontuais que somam muita qualidade ao time já qualificado… A lista é grande. O momento é ideal.

Não é o time dos sonhos, mas quem olha de fora respeita demais este time. Basta ver os comentários dos argentinos falando dos nossos jogadores. Um time com várias passagens na seleção. Muralha, Rever, Donatti, Juan, Trauco, Rômulo, Cuellar, Mancuello, Diego, Paquetá, Guerrero, Damião e Vizeu. Sim, eles contaram os dois meninos. Sem contar os selecionáveis Jorge, Arão e Pará (Por que não?). É bom que Zé Ricardo abra o olho e comece a trabalhar com o elenco como elenco que ele brada por aí. Tem que rodar mesmo a equipe para dar espaço para todo mundo.

A equipe base pode não ser a minha, mas o treinador encontrou uma forma de jogar, que não precisa ser engessada assim para sempre, com Muralha, Pará, Rever, Vaz, Jorge, Inominável, Arão, Diego, Gabriel, Everton e Guerrero. Nós podemos até contestar este ou aquele jogador, mas foi assim que o Flamengo ganhou vários jogos e teve sua melhor campanha nos pontos corridos. O que isso quer dizer? Que este time é sólido. A defesa é boa, apesar de sempre poder melhorar, o meio de campo é muito bom, mesmo com a presença daquele que eu não digo mais o nome, e o ataque tem em Guerrero seu equilíbrio, nas pontas sua fraqueza.

Aqui falo rapidamente sobre o Guerrero. Não é meu centro avante ideal. Gosto de goleadores. Invejo Soares, Cavani, Ibrahimovic, mas ainda não são da nossa realidade. Olhando para o futebol nacional, não trocaria o Guerrero por nenhum, talvez o Pratto, mas já deve ir para as Pepas. Se o Flamengo conseguisse buscar o Calleri, mesmo que por empréstimo, diria para vender o Peruano. Por enquanto vamos com ele, que junto de Diego, foram responsáveis por 70% dos pontos do segundo turno, observando dados como assistências, segundos passes e gols.

Esse time que não precisa ser mexido demais, acrescido de algumas peças de qualidade superior pode se tornar uma máquina bastante interessante. Rômulo para o lugar do Baidú, apesar de achar que Cuellar também pode cair ali. Se fechar o Conca tem que ir para o 442 e um ponta driblador e fazedor de gols para o lugar do Gabriel. Pode ser o Marinho? Se for o que jogou as últimas dez partidas do Brasileirão, sim. Mais algum jogador que precise ser contratado desesperadamente? Não! Talvez se o PV sair, mas veremos.

Esse time tem tudo para engrenar uma série histórica com mais alguns títulos brasileiros e da libertadores. Falta o quê? Falta jogar. Não vai ganhar se não jogar. Mas que dá para elevar a nossa marca, dá. O Flamengo é como um submarino emergindo. Até outro dia, estava afundado nas dívidas, mas já começou esse processo de emersão, começa a colocar o periscópio para fora e contemplar a vista sobre as águas. Continuem assim. O nosso lugar é o céu.

Anderson Alves, O otimista.

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Fonte: http://colunadoflamengo.com/2017/01/um-time-para-entrar-para-a-historia/

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